“Bem-vindos ao Século XXI, Queridos!“
Pois é! Uma das falas do filme. Pontuando o tempo. Onde Pais e seus Filhos Adolescentes vivem em um mundo com internet e celulares. E isso a princípio seria o ponto que faria a diferença de quando eram esses pais, os adolescentes. Mas ao longo do filme vem é a frase símbolo da música de Belchior: “Nós ainda somos os mesmos, e vivemos como nossos pais.” Só que ela teria que vir sempre com uma “interrogação”. Como um alerta. Como uma parada para uma reflexão. Como lições.
O que mudou de uma geração para outra? Não pode só ser os avanços tecnológicos. Os anseios, os medos, os conflitos, os abusos, os desejos… Enfim, todas as emoções vivida quando se é bem jovem não podem ser esquecidas. Ou usando um termo atual, toda essa história passada não deveriam ser deletadas da mente. Se quando adultos, e com filhos querendo também construir a sua própria história, e num período onde a sexualidade está à flor da pele, muitos desses pais acabam por ser tornarem reacionários. Mas por que? O “É Proibido Proibir!” tomou outro rumo? Levando-os agora a terem uma marcação cerrada com seus filhos, e até com uso da tecnologia cerceando as pequenas fugas no meio da noite. A liberalização que tanto ansiaram deixou de existir quando se tornaram pais?
Então o que de fato mudou? Ou melhor, qual seria a tônica nesse filme?
Embora a trama põe no centro a jovem Lola, o que pontua mesmo é: Filhos ontem, pais atuais numa rota de colizão. Creio que muitos de nós, ainda na adolescência, ao ouvir um sonoro “Não!” dos pais, também ouviu como uma explicação, um: “Filho hoje, Pai serás!“. E em vez de se especular sobre esse passado real, fica a sugestão para assistir esse filme que no Brasil ganhou o título de: “Rindo à Toa“. Uma tradução literal de uma expressão do mundo da internet: LOL. Um acrônimo de: laughing out loud. Para mim seria como: “Adolescência – última parada para curtir a vida sem compromissos!”.
Até porque o filme traz os adolescentes voltando das férias escolares mais longas. Para alguns, foram as últimas dessa fase descompromissadas. Por aflorar talentos, e então investirem nisso que já pode ser um passo para uma carreira futura. Mas também para muitos ainda terá a vez e o tempo de zoar com tudo e todos. E nessa volta ao colégio, entre vivenciarem mais um tempo juntos, há o de querer saber o que aconteceu nesse período em que estiveram afastados.
Lola, também chamada de Lol, descobre que seu namorado transou com outra. Com raiva, resolve ter a primeira transa com o melhor amigo de ambos, mas… Paralelo a isso, outros conflitos entre pais e filhos. A própria Lola também está passando por um com a mãe. Pelas páginas de seu Diário é que vamos conhecendo toda a trama. Ou todo o drama dos personagens que por conta da diferença de idade, acaba tendo dois pesos. Pois é! O que pode ser um verdadeiro drama para um, pode não ser para outro.
Nessa em ter “dois pesos – duas medidas”, segue a mãe de Lol, Anne. Personagem da sempre linda Sophie Marceau. Ela que no passado sonhou por uma liberização feminina em relação a sexualidade, no presente se reprime por conta da sociedade local. Assim, transa furtivamente com o ex-marido. Os filhos fingem que não sabem. Como também não ligam pelo fato. Anne também se vê presa a outros preconceitos. Um deles quanto a um cara na moto. Age como se ele tivesse saído de “Sem Destino“. Depois, numa palestra na escola de Lol, percebe a grande mancada. Ele é Delegado da Narcótico. Envergonhada, tenda fugir, mas acabam se encontrando de novo. Mas certos pré-conceitos acabam sendo como manuais para alguns. Como para ele que por força do trabalho consegue traça o perfil de um jovem pelo esteriótipo. Mas diferente de Anne, a sua balança não é de discriminação, e sim em sacar se terá repercussão futura ou não esses pequenos deslizes de quando se é adolescente.
Esses paradoxos também é um dos pontos altos desse filme. Como quando Anne sem querer se depara com o Diário da filha. Não resistindo, lê. E fica assustada pelo o que está escrito ali. Ao mesmo tempo que sabe que foi uma invasão de privacidade e se sente culpada, também pensa num jeito de dar um castigo para a filha. Nem passando por sua cabeça de que ali estaria um talento de Lol aflorando: um dom para romancear seu dia-a-dia. Nem pensou que ali se misturavam ficção e realidade. E a cobrança termina por afastar a filha.
Para os jovens, uma excursão da escola à Inglaterra ganha a dimensão de ficarem juntos e sem a vigilância dos pais. Para esses, também. Só que se tivessem um diálogo maior com os filhos poderiam canalizar toda essa gana por essa breve liberdade numa sutil conversa de que irão conhecer uma outra cultura, de um costume diferente, que terão acesso a uma outra língua, por ai. Sem ser careta, despertar no filho a curiosidade em aumentarem a própria cultura de forma prazeirosa nesse intercâmbio. Até para não estranharem tanto as pessoas como fizeram por lá.
A cada vivência nessa fase, a vida parece não acompanhar a pressa dos adolescentes. Mas de certa forma, para alguns o amadurecimento vem sim rapidamente. Assim, em vez dos pais criarem só barreiras, deveriam deixar umas portas abertas. Inclusive a do coração. Porque num aperto maior, serão a esse pai/mãe que irá pedir por ajuda. E diálogo sempre traz bons resultados.
Por último, embora esses conflitos entre pais e filhos adolescentes seja algo universal, a história do filme tem-na na França. Mesmo não sabendo muito dos costumes desse país transparece em “Lol” que a história nasceu ali. Que é dali. Essa identidade salta aos olhos. Tanto que me levou a pensar se a Diretora, e também Roteirista, conseguiu transferir toda essa história e identificá-la com a cultura estadunidense quando aceitou também dirigir a versão hollywoodiana.
Então é isso! Paisagens lindas. Uma ótima Trilha Sonora! Todos estão em uníssono! Um filme gostoso até de rever!
Por: Valéria Miguez (LELLA).
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