“Fica, ó brisa fica pois talvez quem sabe / O inesperado faça uma surpresa / E traga alguém que queira te escutar / E junto a mim queira ficar.”
Como pano de fundo em “Reine Sobre Mim” vemos dois tipo de fugas. Um, por não ter superado um grande trauma. O outro por não saber como resolver uma pendência doméstica. O que me levou a algumas reflexões. Algumas vezes basta uma noite do sono para desanuviar a mente e então se chegar ao solução de um problema. Noutras, se faz necessário procurar por ajuda de um profissional. Noutras ainda, há quem prefira se agarrar em tentar sanar um problema alheio como meio de não pensar no próprio. Mesmo achando que esse de outra pessoa seja muito mais sério que o próprio em algum momento terá que ter uma tomada de decisão. Mas adiar também pode dar chance de algo inesperado trazer a solução.
E quem seria esses dois fugitivos que o destino fez suas vidas se cruzarem?
Um deles é Alan Johnson (Don Cheadle). Que está passando por uma crise pessoal. Se divide entre o consultório dentário e a família, quase literalmente. O que não lhe deixa espaço para si próprio. Até sente falta de um amigo com o qual teria esse momento só seu. Sem querer fazer uma terapia, meio que tenta obter esperando a Psicóloga Angela Oakhurst (Liv Tyler) na saída do consultório dela. Um dia Alan vê passar por ele um ex-colega de quarto da faculdade, mas esse parece não reconhecêlo.´Alan ciente da tragédia que abateu sobre esse amigo, decide investir seu tempo na recuperação dele.
Esse outro é Charlie Fineman (Adam Sandler). Charlie se colocou dentro de muros invisíveis, protegido pelo contador (Bryan Sugarman) e a síndica do prédio (Melinda Dillon). O que dificulta ainda mais a aproximação a ele. Como se não bastasse, Charlie para não ouvir os próprios pensamentos, ouve música quase o tempo todo, com um enorme fone de ouvidos. Se dedica a duas coisas. Uma é colecionar discos em vinis. Sendo que uma de suas músicas preferidas também dá título ao filme, é “Love, Reign O’er Me“. Meio paradoxal já que não quer pensar na perda da esposa que tanto amava, fica ouvindo um hino ao amor. Sua outra atividade compulsiva, e que o faz como uma penitência é reformar sempre a cozinha.
Tudo isso tem um elo que leva Alan a ir atrás do fio da meada. Um jeito de abrir uma passagem até a mente de Charlie. Angela termina ajudando Alan nesse resgate a Charlie. Mas os ex-sogros, Jonathan (Robert Klein) e Ginger (Melinda Dillon) Timpleman, de Charlie que tentavam uma reaproximação terminam piorando ainda mais. Mas pareciam mesmo que queriam interditar o genro para se apoderarem da grana que ele recebeu com seguro pela morte de sua filha e neta que estavam num dos aviões do 11 de Setembro. Deixando nas mãos do Juiz Raines (Donald Sutherland) decidir o destino de Charlie.
Não me vejo como uma estudiosa no tocante a Cinema, mas sim uma cinéfila que de um tempo para cá buscou se aprofundar um pouco no trabalho de alguns Diretores. Talvez por ser recente o escrever sobre filmes, ou mesmo por uma simples curiosidade. A questão é que buscando um elo entre os filmes de cada um deles, a tal marca pessoal, pode-se ver em qual temática ele se identifica mais. Curioso também que tenho feito isso a partir de um filme que gostei. Como agora após assistir “Reine Sobre Mim“. No qual acrescento a lista o Diretor Mike Binder. Sendo dele também o Roteiro fui olhar quais mais ele escreveu. Dos que eu já vi, foram “O Cadillac Azul” (1990), que me deu vontade de rever, e o “A Outra Face da Raiva” (2005). Que me leva a dizer que Mike Binder é muito bom em histórias com um divisor de água.
“Reine Sobre Mim” leva o drama maior sem cair na pieguice. Até porque há momentos de humor. Claro que emociona. Até porque houve uma invasão de privacidade. O que leva a se perguntar se os fins justificam os meios? Até onde um amigo pode ir para tirar um amigo de quase um mundo paralelo. Ainda mais quando se sente que ele deixou uma porta entreaberta. E o final do filme vem com a sensação de alma lavada, de ter valido a pena ter pego esse atalho pois uma missão foi cumprida e enfim conseguiu ter um momento só seu. Aplausos também para Don Cheadle e Adam Sandler! Ambos os atores estiveram ótimos!
Então é isso! O filme por um todo é muito bom! E que me deixou vontade de rever.
Por: Valéria Miguez (LELLA).
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