Amei! Chorei baldes, mas com brilho nos olhos o tempo todo porque a estória é cativante. Também porque me identifiquei em alguns pontos com a protagonista. Principalmente pelo jeito irreverente dela. Espirituosa. Que ri da própria sombra. Tão alegre que escolhe para ser seu Deus, a atriz e comediante: Whoopi Goldberg. Só por essa escolha já seria motivo para ter amado "Pronta para Amar" (A Little Bit of Heaven. 2011), a ponto de querer rever outras vezes. Mas tem mais!
Começo então pela protagonista: Kate Hudson. Ela fez cada solo magistral. Antes do filme, me peguei a pensar se ela seria uma versão masculina de "Tudo por Amor" (Dying Young. 1991), mas nesse aqui, o "Acorda!" veio da sua personagem, Marley, alguém já em fase terminal. Claro que é uma estocada no peito alguém com tanta vontade de viver, ter de sair da vida ainda jovem. Mas a sua personagem nessa sua redenção final, leva aos que lhes são mais próximos repensarem em suas próprias vidas. Como estão levando. Como também em como ficar ao lado de alguém querido, mas com pouco tempo de vida. Como lidar com inevitável: sozinha ou com pessoas a volta? E outros questionamentos mais. Sem esquecer é claro que um filme também é para entreter. Nesse quesito, esse filme também é excelente!
Marley estava galgando postos mais altos em sua carreira de publicitária. Além de talentosa, tinha um olhar clínico para perceber dos demais. Seu lado pessoal era meio solitário, mas até então feliz com a companhia de seu cachorro, o Stanley. Se fechara ao amor, aos relacionamentos mais longo; ao longo do filme ficamos sabendo o porque. Parece que isso também vem agregado ao destino como num: aproveite a vida, irá sair dela cedo. Acontece que, se isso não estava bem resolvido, teria que passar a limpo. O que nos remete às suas conversas com o seu próprio Deus. Divertidíssimos esses papos: Kate e Whoopy estão ótimas! Que no fundo, não deixa de ser um tête-à-tête consigo mesma: se ela é uma pessoa divertida, seu "eu" mais íntimo também seria.
Como também nos leva aos títulos: o original - A Little Bit of Heaven -, e o dado aqui no Brasil: "Pronta para Amar". Quando se chega na cena onde o título original aparece, é bem engraçada. Mas se ela estaria indo morar de vez no paraíso, porque não viver, sentir um pouquinho dele nesses seus últimos dias de vida. É quando Marley recebe outra ajuda, sendo de que essa, de alguém real. Ou seria um anjo da guarda no mesmo estilo do Deus escolhido!? Sendo ele agora alguém sacana, mas pela irreverência, e um cara do bem. Ele, o Vinnie (Peter Dinklage. Um Emmy em 2011), lhe mostra que ela está pronta para amar. Que deve buscar pelas circunstâncias. Mas também o título daqui sugere que ela está pronta para reconhecer que no fundo sempre amou a mãe, e que quer amar seu pai. O que demonstra ser aceitável o título nacional. Mas o original é de fato sensacional!
Quem se toca de que Marley está murchando literalmente para a vida, é sua amiga Sarah (Lucy Punch, de "Professora Sem Classe"). Intrigada, vai fazer exames. É onde conhece o tímido Doutor Julien (Gael García Bernal). Mais do que uma empatia entre os personagens em cena - deu química entre Gael e Kate -, seu ótimo desempenho me fez querer rever um outro com ele, o "Jogo de Sedução" (Dot the I. 2003). Julien tem também como fator a superar, o fato de não poder se envolver com uma paciente. Mexicano, vê como presente do céu, ter sido escolhido para a equipe de um renomado oncologista do Estados Unidos: Dr. Sanders (Alan Dale). E esse faz marcação cerrada. Assim como Marley, Julien também está em ascenção na profissão amada: e no caso dele, tem um futuro pela frente. E para deleite nosso, Marley e Julian irão se revezar entre "criador e criatura".
Marley também teria que zerar as rusgas com seus pais: Beverly (Kathy Bates) e Jack (Treat Williams). Uma mãe presente demais, com um pai ausente demais. Para os três, uma tomada de decisão visceral. Até porque pela ordem natural da vida, não é com pais enterrando filhos. São cenas que me levaram do riso às lágrimas. Comoventes, mas na medida certa. Não deixa de cair dos céus um tempo para pendências como essa! Sou fã da Kathy Bates, para mim ela está sempre brilhante. E nesse, ela e a Kate deram um show! Treat Williams também não fez feio, como também vale muito a pena vê-lo em "O Primeiro da Classe" (Front of the Class. 2008).
Não era só com o Stanley, que Marley dividia suas horas de folgas até então: tinha os amigos e uma menininha filha de uma das amigas, a Renee (Rosemarie DeWitt), que está grávida. Mais que atestar que é o ciclo da vida seguindo em frente - um morre, outro nasce -, Renee viverá o empasse de não estar pronta para vivenciar isso ao mesmo tempo. Se dói nela, que dirá em Marley. Quanto à Sarah, estará em segurar a onda de que sem querer, levou Marley saber da doença. Mas que deu a Marley um tempinho para também aproveitar bem esse pouco tempo. E com o amigo Peter (Romany Malco), a dor pela perda será compensada por mesmo sem querer, levar Marley a conhecer um "pedacinho do paraíso".
"Pronta para Amar" tem como cenário a bela cidade de Nova Orleans. O que nos remete a uma Trilha Sonora maravilhosa. Ambos, Fotografia e Músicas, como coadjuvantes de gala nesse filme até o final. Final esse que me fez pensar: "Quero o meu assim!" E meus aplausos calorosos também para a Direção de Nicole Kassell! Um filme nota 10! Que me levou a desejar que não terminasse logo.
Minhas lágrimas desceram sim em profusão, mas de um jeito lívido. Por ser Marley também como eu, alguém super de bem com a vida, mesmo quando a vida nos atropela de um jeito irreversível. E o filme também é mais um a mostrar aqueles que levam a vida tão a-ferro-e-fogo, que ninguém sairá vivo dela. Sorria para a vida!
Ah! O filme também traz uma simulação de orgasmo que entrou para meu Top Ten. Não deixem de assistir esse filme!
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário