As Neves do Kilimanjaro (2011). Ou: Um Homem Posto À Prova
“Tudo o que está morto como fato, continua vivo como ensino.” (Victor Hugo)
Atualmente, só em ter o nome de Jean-Pierre Darroussin nos créditos, já carimba minha vontade em ver o filme. Isto feito! E mais uma vez ele dá um show de interpretação. Mas o melhor de tudo, é que mesmo tendo cacife em roubar todas as cenas, ele, elegantemente, divide o palco com os demais. Em “As Neves do Kilimanjaro“, eu destacaria a dobradinha dele com dois atores. Um é com Gérard Meylan, que faz o amigo e co-cunhado: Raoul. A outra é com Ariane Ascaride, que faz a sua esposa, a Marie-Claire.
Darroussin faz Michel, que no início do filme também coloca seu pescoço na forca. Embora o filme se passa na França, mais precisamente em Marselha, a guilhotina agora é outra: a crise que atinge a empresa onde trabalhou por tantos anos. Como o Sindicalista responsável pelo acordo com os patrões, pelo seu caráter não se esquivou em retirar seu nome de um sorteio cruel: vinte homens perderiam seus empregos. E eis que o destino o leva a sortear seu nome. Causando surpresa em Raoul. Mas Michel quis assim! Pois isso o deixaria em paz com seus ideais. Tendo como espelho: Jean Jaurès. Um político da virada do Século XX que lutava por uma revolução social democrática e não violenta.
“As Neves do Kilimanjaro” traz como pano de fundo a Luta de Classes. Mas sem ser didático, sem querer catequisar ninguém. Porque a frente de tudo está o real valor do ser humano. Machuca um pouco certas verdades, principalmente quando a vida lhe põe em xeque. Quando te leva a reavaliar a tua história pessoal. O filme faz isso com o personagem de Darroussin. Michel é um cara bom na essência. Que já estava aceitando essa forçada aposentadoria. Livre enfim das obrigações com o Sindicato, tinha agora mais tempo com a família. Mais tempo com os netos, tempo livre esse que não teve com os filhos.
Na comemoração das Bodas de um longo e feliz casamento, sua bondade acaba despertando a cobiça de alguém. E o objeto dessa cobiça fora o presente que Michel e Marie-Claire ganharam dos familiares e amigos, que se cotizaram para lhes dar uma quantia em dinheiro e passagens para verem o Kilimanjaro de perto. Os dois amavam uma canção com o então título do filme: As Neves do Kilimanjaro.
Além do presente, os assaltantes levaram mais dinheiro dos dois casais: o que o caixa eletrônico “permitiu” que sacassem com os cartões de Michel e Raoul. A irmã de Marie-Claire, casada com Raoul entrou em crise. A amizade desses dois homens, que vinha desde a infância também fica abalada. É que tal fato levou a outro, depois a outros, numa reação em cadeia. Michel tinha que ter de volta o controle dos seus atos. E isso se resumiria na verdadeira bagagem que ele e a esposa levariam!
“Sempre quis fazer filmes que mostrem que o sentimento de humanidade pode se revelar talvez ainda com mais força onde é vilipendiado. Nos instantes em que a sociedade está em crise, tento, com meus filmes, encorajar comportamentos que seriam exemplares.” (Robert Guédiguian).
O filme é um libélulo aos reais valores da vida! Que há esperança nos homens de boa vontade! Um drama, sim! Que emociona! Minhas lágrimas rolaram em dois momentos no finalzinho do filme. Mas é um filme que te deixa leve! Diria que é iluminado! E muito bem sonorizado: Trilha Sonora mais que perfeita!
Não deixem de ver! Um filme Nota 10!
Por: Valéria Miguez (LELLA).
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