Gato de Botas (Puss in Boots. 2011). E o Valor de uma Amizade!
Fizeram uma homenagem ao escritor Charles Perrault, criador do “Gato de Botas“. É que em vez de uma Galinha dos Ovos de Ouro, colocaram uma Mamãe Gansa por conta do livro de contos infantis “Contos da Mamãe Gansa“, publicado em 1697; sendo um desses conto o do Gato de Botas. Cujo resumo da história é: Um moleiro possuia três bens: um moinho, um burro e um gato. Ele resolve repartí-los entre os três filhos na hora da morte. O filho mais moço, que recebeu o gato, ficou muito descontente, mas o gato demonstrou que um amigo leal e astuto vale mais que as riquezas.
O porque disso foi que deram uma nova história para esse famoso personagem que povoou o universo das nossas infâncias. Válido essa mudança? Sim! Não apenas pela liberdade poética que todos Roteiristas e/ou Diretores têm, mas também porque pelo o que li, pode ter continuações. O Roteirista principal dessa nova história é o mesmo que fez o soberbo “Como Treinar seu Dragão“, William Davies. Ele manteve a essência do original: Amigo leal, e de uma muita astúcia quando em perigo. Sacana, mas de índole boa.
Essa nova versão traz como pano de fundo, ou como nos finais dos Contos Infantis (De um tempo onde havia “estória” e “história”.), a moral da estória : o valor de uma verdadeira amizade. Bom, já que direcionado muito mais a um público infantil. Até porque essa amizade foi colocada em xeque: um não suportou ficar à sombra do outro. Ciúme, orgulho ferido, o ter sido preterido, o se sentir o patinho feio… Enfim, tudo isso seriam coisas momentâneas se não trouxesse como algo nato. Preocupado só em ter uma riqueza, a título de comprar um bem querer dos outros, levou a vida só planejando tal meta. Esquecendo-se do algo importante: viver a jornada. Me estendi nesse ponto porque é um filme que pode ser debatido em Sala de Aula. Uma sabedoria a mais para essa nova geração: valores morais e essenciais.
A amizade que nasceu dentro de um orfanato, parece que para um deles morreu também ai, mesmo tendo recebido carinho da dona desse lar adotivo: Dona Imelda. Ele é Humpty Dumpty. Esse personagem é de outro também grande escritor: Lewis Carroll. Que simboliza a instabilidade, ou o tentar equilibrar duas forças que se opõem em si mesmo. Numa linguagem simples: o lado do mal e o do bem. Será alguém que carregará esse peso, não apenas na consiência, como também nas ações. Para que lado penderá.
Onde Humpty Dumppty traz uma identificação, é no fato de por em prática seus desejos. Que na trama do filme está ir buscar quem produz os ovos de ouro. A aventura em si que fará seu amigo vivenciar, é fascinante. A grande questão é o que está por trás desse seu gesto. Conflitos que terá que arcar, já que é um problema dele, e não do amigo.
Gato de Botas é nome e sobrenome. As Botas representam quase uma comenda. Como um título de nobreza. Então, nessa versão elas são mais do que calçados mágicos. E algo que conquistou por um feito heróico. Gesto esse que mais tarde saberá que marcou o começo do fim numa amizade que a seus olhos seria tão promissora: Gato de Botas e Humpty Dumpty – amigos para sempre.
Chris Miller trouxe dos “Shrek” para esse filme aquela carinha que ficou memorável com esse personagem: o olhar de menininho carente. Que por esse gesto, seduzia até o mais durão dos vilões. E que como sabemos de que se trata de um estratagema, seu uso nessa versão também diverte. Os fins justificando os meios.
Como o Gato de Botas ganhara má fama como consequência de acreditar cegamente no amigo, só restou-lhe deitar nessa cama. Assim, de um francês da história original, nessa versão vem como um amante latino, de sangue espanhol. Um Don Juan das gatas. Embalado por uma Trilha Sonora sensacional: caliente, envolvente, vibrante… Nota 10!
Acontece que uma gata lhe dará grande trabalho não apenas na conquista, mas também na parceria arquitetada por Humpty Dumpty. Ela é Kytty Pata Macia. Recebeu essa alcunha pela leveza em roubar os outros sem que ninguém percebesse. Um duelo de dança entre esses dois gatos é de querer rever! E junto com eles, Humpty teria muito mais chance de roubar os Feijões Mágicos, como também escalar o pé de feijão até o castelo onde vivia a gansa que botava os ovos de ouro.
A beleza plástica de o “Gato de Botas” é deslumbrante! De querer até ver cada desenho. Cada Fotografia de tirar o fôlego. O Gato de Botas também merece uma Nota 10. Eu só não gostei muito da imagem da Kitty, não ficou feminina. Muito embora como ela é um felino criado nas ruas, ai sim ficou perfeita. Nota 10, também!
Agora, todo esse aprimoramento teve momentos de levar o filme nas costas. Não sei se por conta de um cansaço físico meu, mas o certo é que teve momentos que ansiei de o filme acabar logo. Não sei se também a história ficou literal demais. Como se quisessem contar toda a história pregressa dele nesse primeiro filme. Até meio que encaixando, e não explicitamente, como ele foi parar depois na “Terra de Tão Tão Distante”, onde vivia o Shrek.
O que também me levou a pensar que uma Animação como “Um Gato em Paris” cujo desenhos são até simples me prendeu muito mais a atenção. Como também eu não vi em 3D, pode ter sido esse o motivo de ter sentido um certo tédio. Se o filme me encantasse por um todo, eu até voltaria a rever, sendo que dessa vez em 3D. Lances assim onde o próprio Diretor diz publicamente que concebeu o filme em 3D, mas que acabou ficando mais uma muleta do que um coadjuvante, ainda me leva a não ver com bons olhos essa febre do 3D. E James Cameron ainda figura sozinho no topo dos longas que usaram com perfeição essa tecnologia, com o seu “Avatar“. Bem, um que brincou com o 3D e nos brindou com tal uso, foi o Diretor Tim Burton. Os Diretores em geral deveriam repensar, e várias vezes, antes de basearem um filme nesse recurso. Até porque muita tecnologia às vezes atrapalha, como também ainda não há muitas Salas para 3D ao redor do planeta. Sem contar do preço do ingresso: nada popular.
Por conta disso, o filme por um todo recebe uma Nota 9. Mas sem me deixar desejando por uma continuação.
Por: Valéria Miguez (LELLA).
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