O filme me fez lembrar os de Mazzaropi. Onde o interiorano leva sua vida dentro da moral e dos bons costumes. Onde por vezes pela força do destino tem que amargar um ato nada ético dentre os seus princípios. É o chefe da família pobre tendo que mandar a filha embora de casa por ter se “perdido”; engravidando de um cara rico. Para esse pai a desaprovação que sofrerá pela sociedade local suplanta a dor do amor paterno. Talvez pensando nos outros filhos como tambem pelo medo de faltar serviço.
A trama principal em “A Filha do Pai” é essa: a de um pai que afasta a filha porque ela ter ficado mãe solteira. E com o agravante de que será a segunda vez que é afastada da própria família. A primeira vez foi porque tinham filhas demais. Ela então foi morar na capital tendo chances de estudar. O dilema desse pai será em questionar sua própria moral. Que valores terão mais peso para ele? Ainda mais que essa mesma filha mesmo tendo sido rejeitada ainda em criança, retorna à casa paterna tão logo soube da morte da mãe, e justamente para ajudar o pai a criar suas irmãs. Ironia do destino ou benevolência da jovem?
O viúvo, Pascal Amoretti, é interpretado por Daniel Auteuil que está ótimo como um caipira. Ele fura poços. Algo essencial para a irrigação numa região com tantas plantações. Por sinal é belíssima toda aquela localidade: a região de Provence. Pascal tem como companheiro de trabalho Félipe Rambert, personagem interpretado por Kad Merad que eu já conhecia pelo ótimo trabalho no filme “Não se Preocupe. Estou Bem!”). Félipe é apaixonado por essa filha do amigo, mas não vê que quem gosta realmente dele é uma outra filha do Pascal.
Félipe acaba trazendo esperança para esse pai desnorteado. A filha teria assim um marido. Mas uma guerra se contrapõe mais uma vez a essa família. Além do jovem rico, Jacques Mazel (Nicolas Duvauchelle), Félipe também é convocado para servir na 2ª Guerra Mundial.
A filha grávida, Patricia Amoretti, é interpretada por Astrid Bergès-Frisbey. Que aliás atua bem! Mas em “A Filha do Pai” quem reina são três personagens masculinas. Somados a Pascal e Félipe entra em cena Sr. Mazel, interpretado pelo sempre ótimo Jean-Pierre Darroussin. Ele é o pai do rapaz que engravidou a jovem, o Jacques. Com a esposa e o rapaz como filho único, são os mais abastados do local. Mazel tem uma loja de materiais de construção onde Pascal é um dos clientes.
A Sra. Mazel (Sabine Azéma), uma mãe judia, é totalmente contrária a união. Porém nem o jovem ficou sabendo que seria pai, já que sua convocação fora às pressas. Por ser um exímio piloto, mal teve tempo de fazer as malas. Meses depois quando chega uma confirmação oficial de que o rapaz morreu a família Mazel tenta se aproximar da outra por conta do neto. Mas “agora Inês é morta“? A criança seria o elo que uniria todos? A filha do pai teria algo a declarar? A decidir sobre sua vida e de seu filho?
A historia do filme não é nada original. Nem tão pouco especifica a uma determinada cultura. Como também adivinha-se o final. Mas a história é tão bem contada que nos mantém atentos por mais de uma hora e meia de projeção. Claro que as atuações contam para a grandeza desse filme. Além da Fotografia e da Trilha Sonora. Mostrando também que Daniel Auteuil fez um excelente trabalho na Direção, como também em adaptar a obra de Marcel Pagnol. Vida longa a Auteuil por trás da câmera também!
Enfim, um filme que ganha pela simplicidade. Nota 10!
Por: Valéria Miguez (LELLA).
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