A ocasião faz o ladrão?
No início do filme, alguém conta que foi absolvido porque o juiz não interpretou o fato como certo ou errado, mas sim em mais certo ou mais errado. Numa de que mesmo fazendo algo ilegal, se o que levou a fazer isso fora por algo extremamente necessário reverte-se a questão. Desqualificando o crime. Complicado? É que vou seguir por esse caminho ao falar de ‘Brooklyn’s Finest’. É! Ficando, focando o título original. E quem seria essa fina flor do Departamento de Polícia de Nova Iorque?
No filme há todos ingredientes iguais a tantos outros. Mas creiam, em nada diminui esse. Até porque há um diferencial: serão três tiras postos em xeque. Tudo convergindo para uma cilada do destino. Se é que se pode chamar de um fato ocasional. Os três foram parar lá, de livre e espontânea pressão. Dos superiores? Não. De suas próprias cabeças.
Com o Tolerância Zero, tão decantado… ficou algumas indagações. Entre elas: A onda de crimes urbanos foi varrida de vez? Ou apenas mudou para outro local fora do circuito turístico? Eu gosto do Gênero Policial. Mas confesso não lembrar de nenhum com uma tomada aérea do Brooklyn como nesse filme. À primeira vista, seria logo identificado como um belo condomínio da Classe Média. Bem espaçoso entre um Bloco e outro. Bastante arborizado. Quadras de Esportes… Mas estamos falando de Nova Iorque. Do Brooklyn. Que pelo jeito, colocaram nesses prédios o núcleo pobre da cidade. Se dessasistidos pelos governantes, dá espaço para o narco-tráfico, a prostituição… Um governo paralelo.
Para tentar chegar no dono da área, Caz (Wesley Snipes), um tira se infiltrou entre eles. Iniciando a missão já na cadeia, para dar mais veracidade. Ele é Tango (Don Cheadle). Tudo ia nos conformes, até que um policial é morto por um jovem negro. Nas cercanias dos tais prédios. Então, o andar de cima pede algo mais a Tango. Esse, a princípio recusa. Já cumprira sua missão. Queria mais voltar a condição de tira, e com uma promoção. Acontece que o chantageiam, no seu ponto fraco. Tango, mesmo contrariado, vai em cumprimento do seu dever.
Mas que dever era esse? Um ato criminoso para acalmar aqueles que moravam fora daquelas cercanias? Mesmo que a tal pessoa fosse um criminoso, estaria mais certo pagar por algo que não cometeu? Agora, se era um traficante, se revendia drogas, ele alimentava uma cadeia de crimes. Aliciava jovens para esse mundo. Afinal, os superiores de Tango estavam com a razão? Qual era a ética seguida por Tango?
Ainda falando sobre as drogas… O filme mostra que jovens indo atrás de um “barato”… podem terminar ficando presas de uma rede de prostituição. Drogadas, algemadas… Só saindo dessa vida, se tiver alguém disposto a tirá-las dai. Pensem nisso!
Falando em ética própria… temos um outro tira. Ele é Sal (Ethan Hawke). Cheio de filhos, com a mulher grávida de gêmeos… Sonha alto. Como a maioria que em vez de dar um passo de cada vez, quer dar um bem maior que pode alcançar. Cansado de só prometer uma casa maior, e melhor para a família, vai em busca de dinheiro. Procura na Igreja a sua absolvição. Se vê como um bom ladrão. Tem como desculpa, perante aos outros tiras, que o dinheiro apreendido nas operações policiais, nos bunkers das drogas, que esse dinheiro fica nas mãos do alto escalão. Patrocinando seus luxos. Que nada é revertido para os tiras, que arriscam suas vidas nessas operações. Nem muito menos, numa ressocialização dos jovens infratores. Assim, para Sal, se eles podem, ele também quer o seu quinhão.
Por fim, temos Eddie (Richard Gere). Um policial a poucos dias de se aposentar. Tudo o que quer nesses últimos dias de Tira, é se manter vivo. Mas seu Chefe lhe dar como derradeira missão: ser instrutor de recém ingressos na Corporação. São jovens cheio de idealismo. Que acreditam que porão ordem no caos urbano. Mais. Querem ação, e não ficar só observando. Íntegro, mas cansado pelos anos já prestados, Eddie antevê que não será uma missão fácil. Pois falta a esses jovens, jogo de cintura. Para aguentar a pressão nessas rondas. Mas como diz seu Chefe, o Sistema o escolheu.
Eddie, Sal e Tango possuem, cada um, um grande amor. Sonham em lhes dar uma vida segura. A esposa de Sal, o ama sem lhe pedir nada. A do Tango, não suportou ser casada com um Tira Detetive. Tango quer reconquistá-la, com a promoção prometida. Eddie, é apaixonado por uma prostituta. Sonha com que ela largue essa vida, e vá viver com ele, após se aposentar, longe de Nova Iorque.
No meio do caminho tinha… Ronny (Brian F. O’Byrne), que mesmo na melhor das intenções, se precipitou… É! Todos foram parar naquele local, sem se preocuparem com a própria vida. Sem seguirem as normas de segurança que aprenderam na Academia de Polícia. E deu no que deu.
As participações femininas foram medianas. São elas: Lili Taylor, como a esposa de Sal. Shannon Kane, a prostituta amada pelo Eddie. E Ellen Barkin, a Agente que pressiona Tango. Essa, é a que ficará um pouco mais na memória.
O filme é lento na primeira metade, mas nem por isso perde o brilho. Por nos mostrar um pouco desses três tiras. A ação mesmo fica mais para a meia hora final. São tantas as informações, que me deixou com vontade de rever, para então apurar tudo. É um ótimo filme!
Por: Valéria Miguez (LELLA).
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