Seria cômico senão fosse patético! É que enquanto muitos Diretores chegam a basear seus filmes nos efeitos do 3D, para deleite nosso, de quando em vez, vem um e nos brinda com uma simplicidade ímpar ao contar uma história. Em 2009 tivemos os bonecos de massinhas meio toscos de Adam Elliot no seu "Mary e Max - Uma Amizade Diferente". Agora, é a vez Michel Hazanavicius também remar contra o modismo e nos encantar com "O Artista". Bravo!
Hazanavicius simplesmente conta a sua história como na época do Cinema Mudo. Como se tivesse filmado com o que hoje já seriam peças de museu. Mas não é apenas o pano de fundo, é a contextualização de uma época dentro da História do Cinema, e em especial, da de Hollywood. Pegando o início do fim de uma época: sai o Cinema Mudo e entra em cena o Cinema Falado. Já no finalzinho da década de 20, e início da de 30. E como um brutal coadjuvante também real: o Crash da Bolsa de Nova Iorque, em 1929.
Hazanavicius também faz, traz belas homenagens, pontuando a trama. No início do filme, temos o protagonista ora homenageando o galã da época Rodolfo Valentino - na telona, com o seu filme -, para depois nos agradecimentos à plateia fazê-lo num jeito Carlitos de ser. Mesmo com uma beca impecável, é com um sorriso enorme que a memória nos traz esse grande personagem de Charles Chaplin, e do Cinema Mudo também. Até por estar sempre acompanhado pelo cachorrinho. Paulo Autran disse certa vez que trabalhar com criança ou um animal é um risco: porque eles podem roubar a cena. Em "O Artista" não deu outra: o cãozinho Uggie rouba todas as cenas. Merece aplausos pela performance! E ainda dentro das homenagens de Hazanavicius, uma outra também encantadora: ao casal Ginger Rogers e Fred Astaire.
A história é simples, mas nem por isso não é complexa. Conta a carreira de um ator que não se rendeu ao Cinema Falado: George Valentin, personagem de Jean Dujardin. Do estrelato ao ostracismo. Ficou por anos usando a expressão corporal, e que não acreditava que falas nas cenas trariam diferenças significativas. Calcando-se mesmo em "Uma Imagem vale mais que mil Palavras!". Mas nem tanto ao mar, nem tanto ao céu. Um som faz sim um grande efeito. Tanto, que durante as próprias exibições dos filmes mudos havia uma certa trilha musical nas Salas onde eram exibidos. E ótima a atuação de Jean Dujardin!
Valentin ainda no auge da fama se esbarra a uma aspirante a atriz, Peppy Miller (Bérénice Bejo. Gostei de sua atuação!). Ela cai de amores por ele. Mas Peppy segue em frente: acompanha o novo Cinema que chega. Sua carreira sobe, enquanto que a dele termina. Anonimamente ela até que tentou ajudá-lo. Mas ele se entregou às bebidas. Até o seu fiel mordomo, Clifton (James Cromwell), cansou de motivá-lo.
Bem, além de Drama, "O Artista" também é uma Comédia Romântica. Logo com todos os itens desse Gênero. Se no início o que separa o casal - Valentin e Peppy -, é o fato dele estar casado com Doris (Penelope Ann Miller), depois foi por orgulho mesmo. E dele! Mas no final Peppy arruma um jeito dele voltar à cena, e sem ter que sentir-se que traiu seus próprios princípios. Bravo Peppy!
E a ideia de Peppy enche novamente os olhos do antigo Produtor de Valentim, Al Zimmer. Personagem de John Goodman. Que aliás também rouba todas as cenas! Seu personagem ficou incrivelmente a cara do Cinema Mudo. Perfeita atuação! Os demais coadjuvantes estão ótimos, mas para mim Goodman e Uggie estão excelentes!
O filme cai um pouco de ritmo ao se estender no drama do Valentim. Se Hazanavicius tivesse acompanhado também o tempo de duração dos filmes daquela época, enxugando um pouco, até me deixaria uma vontade de rever, mas não deixou. Agora, vale sim, e muito, ser visto! Até pelo final memorável!
Então é isso! E também pelo Figurino, Fotografia, Trilha Sonora, Cenário, inclusive pelas falas-legendas tal qual do Cinema Mudo, "O Artista" é um filme excelente! Não deixem de assistir!
Por: Valéria Miguez (LELLA).
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