Lupas (497)
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Mais do que a trama insólita (já apresentada em outros filmes), o grande diferencial dessa versão de Perfeitos Desconhecidos é a condução de Iglesia, criando uma mistura de suspense, melodrama e humor negro ao mesmo tempo colorida, bizarra e trágica. Injustamente pouco lembrado.
Bernardo D.I. Brum | Em 08 de Maio de 2020. -
A policial que aprende com o assassino em busca de um maníaco, o assassino que contata o mundo através da policial, uma sondagem psicológica em forma de filme de crime.
Bernardo D.I. Brum | Em 30 de Abril de 2020. -
Após o momento mais radical da saga, JJ Abrams não sabe segurar a bola da controvérsia, sendo covardemente chapa-branca: a questão Palpatine não é jogada, mas arremessada na trama, costurando todas as perguntas com diálogos explicativos e intertítulos didáticos. Dramaturgicamente inconsciente, dispensa personagens a troco de nada, mina a força de Kylo Ren e, querendo eternizar o mito após o mesmo ser partido, vira uma correria destrambelhada e cansativa. JJ parece um iniciante aqui.
Bernardo D.I. Brum | Em 02 de Abril de 2020. -
Prejudicam bastante os excessos literários - nesse sentido, o terço final funciona mais que a "preparação", pois é mais iconográfico do que indicial. O filme é mais drama paranormal do que terror com a verve de encenador de Flannagan elevando o material bagunçado, como o primeiro embate entre Rose The Hat e Abra Stone ou na performance atormentada de McGregor. Há um senso de fantástico no absurdo estético que beneficia o filme que se fosse mais explorado, seria ainda melhor.
Bernardo D.I. Brum | Em 04 de Março de 2020. -
Diretor espanhol mais interessante desde Almodóvar, Iglesia novamente acerta fazendo uma comédia de erros alegórica abordando uma multiplicidade de tramas de técnicos e figurantes presos em um estúdio macaqueando uma pretensa vida glamourosa de maneira encapsulada enquanto o mundo do lado de fora é engolido pela violência do confronto entre manifestantes e policiais. De vez em quando, lembra Hawks pelos diálogos rápidos e Fellini pelo exagero cênico que ressalta um absurdo social.
Bernardo D.I. Brum | Em 19 de Fevereiro de 2020. -
Eximindo qualquer posicionamento partidário, trata-se de um registro de sensações que partindo de uma abordagem pessoal produziu imagens significativas sobre o atual momento histórico. De todos da lavra talvez seja o mais autocrítico, ainda que o final apocalíptico seja até incoerente com o próprio registro histórico feito. Concordando-se ou não, inegável que a orquestração posterior de imagens e diálogos registrados no calor do momento tornam difícil uma completa indiferença ao material.
Bernardo D.I. Brum | Em 14 de Janeiro de 2020. -
Filme-testamento e virada de página das carreiras representadas, um longo filme para nos fazer experimentar a transformação indelével do tempo, a inevitabilidade das consequências, o caminho sem volta representado pelas escolhas. Um drama de câmara de grande orçamento que acompanha cruelmente como o homem do pós-guerra americano vê a falência sistemática das ideologias ao qual sempre prestou sua lealdade. Já nasce como um dos grandes filmes do nosso período histórico.
Bernardo D.I. Brum | Em 03 de Dezembro de 2019. -
Um épico estadunidense onde Altman trata sobre uma terra de sonhos e de desilusão, onde amadores tentam e famosos decaem enquanto párias observam, onde vícios e virtudes estão em guerra, em um turbilhão vital sem uma história única, mas com todas elas. A beleza e o ridículo de um país. E pensar que o diretor repetiria o feito com Short Cuts...
Bernardo D.I. Brum | Em 07 de Outubro de 2019. -
O sono da razão produz monstros no novo longa de Todd Philips, um libelo antissistema cuja releitura pessoal de um arquétipo popular esbanja uma iconografia poderosa onde Phoenix é o principal motor para Philips discursar sobre um universo sombrio e sem esperança. Perigosa é a nossa sociedade.
Bernardo D.I. Brum | Em 07 de Outubro de 2019. -
Interessante ver Nic Pizzolatto já dando frutos: Karyn Kusama imprime um certo sentimento de True Detective em seu filme, com protagonistas destruídos pelo passado, múltiplas linhas temporais, um clima geral de baixeza moral e também de contemplação. Uma pena que mesmo se saindo bem na composição da personagem de Kidman, o filme não tem tanta história assim para cobrir duas horas, andando com frequência em círculos, com um plot twist um tanto confuso e sem muita ideia de como terminar.
Bernardo D.I. Brum | Em 03 de Outubro de 2019. -
Tipo de produção que mostra a importância da Blumhouse para o terror atual. O terror sobrenatural sobre a perda de identidade trata não sobre a perda de vida, mas de persona roubada. Vai além do conto de precaução moralista, podendo ser lido como uma narrativa faustiana sobre o custo pessoal que nos dispomos a investir no valor das imagens e sua importância enquanto projeção social. Madeline Brewer carrega o filme nas costas com uma interpretação cheia de camadas e o resultado sobressai.
Bernardo D.I. Brum | Em 03 de Outubro de 2019. -
O mais clássico dos modernos e o mais moderno dos clássicos faz seu filme espacial sobre cruzados solitários de forma um pouco diferente usando a imersão como meio, não como um fim, fazendo da jornada física também emocional: lugares, cores e formas descrevem as instâncias da dramaturgia minimalista e da narração em off reflexiva. Tem problemas para terminar, mas no seu paradoxal "intimismo épico" é um dos filmes mais emocionalmente poderosos do ano.
Bernardo D.I. Brum | Em 03 de Outubro de 2019.