Lupas (39)

Um filme sobre "despertar", estar "acordado", uma grande celebração à vida. Um experimento inusitado ajuda um grupo de amigos a saírem do transe desgastante do dia a dia, mostrando novas possibilidades para suas vidas. Uma tragicomédia que não poderia ter vindo em melhor hora, após esse 2020 desastroso. Vinterberg volta com tudo e faz seu melhor filme desde "A Caça", Mads Mikkelsen traz sua melhor performance em anos. "What a life, what a life, what a beautiful, beautiful ride"

Novamente, Noé se utiliza de violência apelativa e gratuita junta à uma filosofia pessimista pobre e sem embasamento em seu longa de estréia. Uma expansão de seu curta (Carne) sem explorar NADA de novo. "Um homem COMPLETAMENTE desprezível, em um mundo desprezível e cercado de pessoas desprezíveis", esse é o resumo de "Carne" e "Sozinho Contra Todos". Até mesmo no único momento que seria algum traço de humanidade, o diretor consegue transformar em um último ato de violência ao expectador.

Uma obra-prima absoluta e inquestionável. Um relato cru, visceral, brutal e poético de uma das maiores (e pouco conhecida) barbáries da História do Século XX. Com uma direção magistral, um uso delicado e sublime da fotografia sendo utilizada para servir propósitos narrativos, espelhando a alma dos personagens e o ambiente em que estão. Um filme difícil de assistir e que ao mesmo tempo te mantêm preso à obra até o último segundo. Uma pérola esquecida no tempo, mas que merece ser vista e aclamada.

Um filme árido, seco, duro, cru e uma verdadeira descida à um abismo. Já vemos aqui traços marcantes no estilo cinematográfico de Villeneuve, obras marcadas por narrativas brutais muitas vezes. Com um alto teor político, e que infelizmente soa bastante familiar mesmo 10 anos após seu lançamento. Apesar de algumas fragilidades e deslizes, o filme consegue manter o expectador preso à trama, sentindo a série de desgraças que os gêmeos de Narwal Marwan enfrentam. "Um mais um, pode ser um?"

Um bom filme de suspense com elementos de horror interessantes, mas que infelizmente não soube explorar o próprio potencial. Conspirações do governo e suspostas armas biológicas usadas no exército dos EUA, tomam tempo e espaço que poderiam ter sido muito melhor utilizados se explorassem mais o lado do homem passando por um purgatório pessoal, em busca de se perdoar por seus próprios pecados. Silent Hill 2 soube utilizar e expandir bem mais os temas do que sua própria fonte de inspiração.

Mostra o início promissor de um dos maiores diretores da História do Cinema, já trazendo alguns dos seus principais temas sociais e humanos: a angústia do homem no mundo moderno. Apesar de possuir pouco tempo e quase sem diálogos, sua atenção fica presa à tela durante todo o filme.

Uma inovação em animação no aspecto estético, praticamente uma HQ transposta para o cinema. Apesar de uma premissa simples no roteiro e com alguns erros no caminho, é muito bem executada. Com um senso de humor fantástico (sem exageros), emocionante na dose certa e divertido do começo ao fim. Possui um ritmo alucinante, uma trilha fantástica. É impossível não se deixar levar por esse filme. É uma nova origem, de uma nova versão de um herói consagrado, executada brilhantemente.

Uma obra que nos oferece um mergulho dentro da sociedade islâmica, vendo suas noções de moralidade, seus tabus e vemos as pessoas de lá sonhando com uma forma de sair desse inferno mesmo que momentaneamente. Um "mundo" de valores invertidos, submersos em hipocrisia. Sexualidade apesar de ser um tabu, é um dos pilares que rege esta sociedade, mostrando como as mulheres são vistas apenas como propriedade ou instrumentos de prazer. Um mundo tão diferente do nosso, e também tão próximo.

Com um uso excessivo e desgastante de narração, algumas conveniências de roteiro, personagens femininas subdesenvolvidas e subaproveitadas, e um mundo um tanto caricato por uma maldade excessiva e falta de contrapeso(o que também ocorre no filme "Joker"). Mas, é um fiel retrato de como a religião e fé podem cegar seus fiéis e serem usadas para justificar atrocidades. Interessante ver como o ciclo de violência é herdado e ensinado, servindo de base para um mundo corrompido.

Um ótimo filme do Costa-Gravas, baseado em fatos reais, que mostra com crueza a indiferença e passividade de todas as instituições possíveis diante de uma das maiores atrocidades já cometida pela humanidade. A trágica e injusta história de dois heróis que tentaram de todas as formas alertar as autoridades do que ocorria pela Europa conforme o regime nazista se expandia e pagaram com suas vidas por serem acusados de "traírem" seu país e sua igreja. "Todos sabiam, mas ninguém fez nada".

O cinema de Gaspar Noé é a definição de violência gratuita. E isso vem desde seu início de carreira, "Carne" é um filme que se propõe a ser perturbador puramente para machucar o espectador. Cheio de violência, agressividade, pessimismo, arrogância e muita, muita raiva sem a menor justificativa ou embasamento intelectual. Noé não é um artista querendo mostrar sua visão de mundo, mas sim uma criança mimada querendo enfiar sua raiva do mundo goela abaixo do espectador.

Lars Von Trier é um babaca. Arrogante e vaidoso a ponto de transpor isso em suas obras, mas é inegável que possui um gigante talento e aqui ele demonstra claramente isso. Com traços claros do "Dogma 95" nós temos aqui uma estória sádica e cruel sobre as loucuras, ilusões e perversões da mente humana, junto à latente hipocrisia das instituições religiosas. Mas também, temos uma estória de amor e abnegação. Emily Watson é FAN-TÁS-TI-CA. Nenhum de nós temos o direito de mandar Bess para o inferno.