Lupas (279)
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Ao percorrer seis anos de prisão de um jovem de 18 anos, vemos seu amadurecimento e sua evolução no crime. Cumprir tarefas desde limpeza até como representante em uma negociação fora do estado, vemos Malik(numa ótima interpretação de Rahim) passar por várias provações para poder sobreviver e para poder garantir um futuro ao sair da prisão. Audiard mostra muito bem uma visão de vida sem outra alternativa, e como os pecados de Malik o rondam sempre. Belíssima música para a singela cena final.
Eduardo Percequillo Freire de Souza | Em 14 de Fevereiro de 2021. -
Divertido desde o início, aqui temos um belo exercício de manipulação dos gestos, expressões, manias de um indivíduo, da busca pela confiança numa amizade, de uma terrível insegurança com sua sexualidade. Damon está brilhante e se destaca em um elenco de peso com a genuína representação de uma identidade frágil, que ao encontrar uma personalidade marcante, como uma esponja ele suga tais atributos e maneirismos, usando desse talento para viver uma nova vida e abandonar sua individualidade.
Eduardo Percequillo Freire de Souza | Em 14 de Fevereiro de 2021. -
Obra histórica que conecta ao íntimo de Polanski. Sua relação judaica, o faz espremer uma realidade injusta, cruel mas que em muitos momentos na obra passa do tom e se torna uma caracterização "malvada" dos personagens aqui. Dujardin(Picquart) está perfeito nessa busca pela verdade e ao mesmo tempo numa desconstrução de seus ideais e de uma imagem equivocada que projetava do exército. Garrel(Dreyfus) irreconhecível, ótimo mesmo com pouco tempo em cena. Obra irregular para o nível do diretor.
Eduardo Percequillo Freire de Souza | Em 14 de Fevereiro de 2021. -
Tentativa interessante de relacionar uma doença que não nos permite enxergar com nossas crises, inseguranças, ansiedade. Ao decorrer do longa e da evolução da doença, tal situação de não ter oportunidade de conviver com o outro, apenas o relembrando na memória faz Bruno(Porchat) tentar reviver suas experiências afim de achar uma solução. O problema é que essa ideia ficou apenas na ideia, sua execução pareceu nunca achar o tom certo do filme, e as personagens todas muito caricatas e clichés.
Eduardo Percequillo Freire de Souza | Em 14 de Fevereiro de 2021. -
De forma muito calma, paciente, Kelly arquiteta uma bela história de abraçar o fim da vida. De saber conversar sobre a morte antes dela de fato acontecer, de fazer desse acontecimento um marco de força para resolver outras pendências, desejos que nunca foram cumpridos. Plemmons(David) está ótimo, balanceando de forma perfeita sua insegurança, timidez, com a urgência de ser mais produtivo e ao final, encontrar seu papel dentro de sua família.
Eduardo Percequillo Freire de Souza | Em 08 de Fevereiro de 2021. -
É uma enorme crítica ao hábito consumista da sociedade com a massiva indústria midiática voltada a produção de conteúdo em grandes acontecimentos, tragédias. A alienação desde a educação de fazer o indivíduo uma peça do maquinário estatal para uso com tempo indefinido. Esses 'ratos de laboratório' na luta para serem um dos sortudos a sobreviver, mas fiéis na missão de engajar mais e mais pessoas a fazer parte desse sistema. Desenvolvido ainda com um ótimo tom humorístico. Ahh, e no espaço.
Eduardo Percequillo Freire de Souza | Em 08 de Fevereiro de 2021. -
Com a já usual habilidade de enganar os achismos do espectador, Verhoeven constrói muito bem a degradação crescente de Nick(Douglas) em um caso que está absolutamente envolvido. Stone(Tramell) é hipnotizante, e sem dúvidas a personagem mais instigante da obra. Os demais personagens não conquistam tanto e existe uma certa barrigada para a resolução do crime. Agora, o final factível com um dos livros de suspense de Tramell é preciso, perfeito.
Eduardo Percequillo Freire de Souza | Em 08 de Fevereiro de 2021. -
Dividido em duas passagens, Singleton constrói muito bem a visão ingênua, pura da infância manchada pela violência do ambiente. Depois na juventude, vemos como alguns dos amigos foram corrompidos pelo sistema, salienta a importância da educação ao já assimilarmos futuros absolutamente opostos entre eles. Fishburne(Furious) não só transmite esse poder de educar a nova geração, como transparece sua experiência com os erros que seu filho comete. O final por mais esperado que seja, é realista.
Eduardo Percequillo Freire de Souza | Em 03 de Fevereiro de 2021. -
Com sua audácia característica, Fassbinder desde o primeiro quadro nos impressiona e nos propõe uma perspectiva dificílima de uma jovem mulher lidar com o marido desaparecido, num misto de luto e esperança. Nessa Alemanha pós-guerra existe uma carência escancarada. Fome, frio demonstram as dependências físicas e complementam as dores sentimentais que assolam os moradores. Braun(Schygulla) é diferente das demais por sua bravura, que ao decorrer de sua ascensão social demostra um egoísmo latente.
Eduardo Percequillo Freire de Souza | Em 03 de Fevereiro de 2021. -
Enganando o espectador, Verhoeven constrói um personagem tão complexo para a brilhante atuação de Hauer(Eric) onde seus comportamentos parecem sempre a beira do caos. Emoções a flor da pele, com sexo até a exaustão podem transparecer um sentimento artificial dele por Olga(van de Ven), mas não é isso. Ele a ama, e tal sentimento fica bem claro no final, com uma duríssima realidade se apresentando. O senso de eternidade que a juventude dos dois exalava se esvai. A vida é muito frágil.
Eduardo Percequillo Freire de Souza | Em 03 de Fevereiro de 2021. -
Interessante a escolha da trilha, os planos rápidos e que muitas vezes parecem incorporar uma presença importante no local. Fora isso, não teve mais nada para mim a se elogiar desse trabalho de Argento. Personagens desinteressantes, um conto fantasmagórico tosco que permeia a narrativa até o pobre plot-twist onde observamos uma das mortes mais patéticas do cinema. Uma obra mal desenvolvida e bem chata.
Eduardo Percequillo Freire de Souza | Em 30 de Janeiro de 2021. -
Com uma boa produção, figurinos e principalmente uma direção de arte muito viva que salienta as excentricidades do imperador, Calígula é uma obra que se abstém de temas importantes. A política, os conflitos internos e externos pelo qual passa durante essa ascensão e gestão no império são demonstrados única e exclusivamente pelas atitudes infantis e cruéis que comete. Sexo, tortura, morte envolvidos no vazio do cotidiano, e da resposta ao conservadorismo de seus "inimigos". Muito cansativo porém.
Eduardo Percequillo Freire de Souza | Em 30 de Janeiro de 2021.