Vou começar primeiro pelo o que eu não gosto em Hotel Ruanda, o primeiro ato, ele é bem problemático, não pelas atuações, não pelo roteiro, mas pela direção e o ritmo dele, ele não serve pra estabelecer o tom do filme, a direção é extremamente apagada e é um pouco maçante.
Mas se eu chamei o filme de pequena obra prima é porque ele melhora e como melhora, a direção melhora muito criando um dos filmes mais tensos que já vi, mas uma boa direção sabe que depois da tensão deve ter algo para aliviar o público e, aqui, a direção de Terry George sabe muito bem alternar entre os momentos tensos e os mais calmos, mas nunca calmo demais, até nos momentos em que o filme acalma ele te deixa desconfortável, seja pela trilha sonora, pelos excelentes diálogos e até pelas atuações.
Preciso falar delas Don Cheadle (máquina de combate do MCU) concorreu a um Oscar por esse filme e foi justíssima, ele passa por situações extremamente tensas e tem que viver uma figura não tão conhecida pelo público e fazê-lo criar simpatia pelo Paul e o ator consegue fazer muito bem e as reações dele as situações são super natural. Sophie Okonedo, outra que concorreu ao Oscar, manda muito bem como a esposa do Paul e a e o Don Cheadle tem muita química, além de que as melhores reações do filme vêm dela. Nick Nolte faz o único membro da ONU que o público pode confiar e é um alívio ver que alguém, apenas alguém, da organização querendo ajudar a situação e o ator consegue fazer-nos simpatizar com ele pelo seu grande carisma e ele é um pivô no desenvolvimento do Paul a partir dele o Paul vai entendendo cada vez mais como a ONU está lidando com a situação e vai ficando cada vez mais descreditado. O resto do elenco é bom, mas tem pouco a fazer.
O roteiro é uma aula, por sinal, sugiro você ver o filme tendo um contexto sobre o massacre de Ruanda, mas não sabendo sobre essa história específica porque se não você perderá muito da experiência e não notará como esse roteiro é bom, conforme vai passando o tempo cada vez mais ele vai aumentando as tensões do filme, sendo algo gradativo e devagar e o roteiro acerta no primeiro ato ao mostrar algumas falhas do protagonista, mesmo em poucos momentos o filme não o endeusa como é comum nesses filmes, mostrando como ela é humano.
E esse filme termina na hora perfeita, ele poderia ter mostrado algumas coisas a mais, mas do jeito que o filme termina é muito bom.
Mesmo com um primeiro ato fraco, Hotel Ruanda é uma aula de roteiro, direção e atuação, além de ser uma história preventiva que mostra que se a sociedade continuar nessa ignorância criará situações tão ruins ou até piores que essa.
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