Que Luc Besson é um roteirista instável não há dúvida. Ao mesmo tempo em que pode escrever roteiros criativos e fortes como O Profissional, pode fazer também roteiros vazios e clichês, como Táxi, além de ter uma certa tendência a seqüências exageradas (vide a trilogia Carga Explosiva). Mas ainda sim, desde o já citado O Profissional, não deixo de ter esperança em uma obra sua. E em sua terceira parceria com o diretor Pierre Morel, fico feliz em dizer que ele não decepcionou. Não que Dupla Implacável seja um filme inovador, ou que vá acrescentar algo de novo no gênero ação. Não, venho elogiar o filme por um único motivo: ele cumpre o papel para o qual foi feito, entreter.
O filme conta a história de James Reece(Jonathan Rhys Meyers) um agente da embaixada americana na frança que cansado de fazer apenas pequenos serviços como implantar escutas, busca oportunidades de ascender a verdadeira natureza de sua profissão, a ação de verdade. E a chance de entrar de vez no mundo dos agentes secretos surge quando ele é escalado para trabalhar com o agente Charlie Wax(John Travolta) em uma operação anti-terrorista. Porém, Wax não é nada do que Reece imaginava que um agente de alto escalão fosse ser, e seus métodos nada convencionais de agir acabam levando Reece a situações cada vez mais perigosas.
A história não é de muito original, e funciona com o já batido estilo de policial durão mais velho trabalhando com novato. Apesar disso, a química que acontece entre as atuações de Meyers e Travolta acaba fazendo a formula funcionar, e o filme decola ainda que com vários clichês. São esses clichês que fazem o filme parecer alguns anos atrasado, dando um ar de old school, e é justamente isso que faz o filme mais divertido. É como estar assistindo um filme dos anos 90, só que "fresquinho".
O filme é old school ainda em vários sentidos, como por exemplo em seu ritmo rápido, não dando muito espaço entre seqüencias de ação, e também não se estendendo muito, ficando com os básicos 90 minutos. As sequências de ação também não inovam muito, mas são tiroteiros que poderão deleitar os fãs do gênero com muitas balas voando pela tela. A fotografia não difere muito de outras produções recentes, mas ainda sim é agradável ao olhar e combina com a atmosfera do filme.
Mas o maior destaque do filme com certeza é para John Travolta. O personagem lhe cai como uma luva, e Travolta parece estar se divertindo a cada minuto em sua pele. Wax é ao mesmo tempo que um héroi típico do gênero, forte, esperto e sem medo de se meter no meio das balas e matar muito, também é um personagem sacana, um pouco depravado, e um tanto sangue frio, uma espécie de anti-herói heróico. É visível que o ator se esforça para esconder por exemplo que está um pouco fora de forma, mas ainda sim ele consegue levar o filme quase que nas costas e ainda arrancar boas risadas da platéia com seu personagem. O filme já vale por poder ver Travolta tão bem em cena(obs: nota-se uma referência ao seu personagem em Pulp Fiction claramente), Pena que o lado mais sacana de seu personagem vá ficando para trás no decorrer do filme, que se torna mais sério conforme se aproxima do final.
Apesar de não inovar, Dupla Implacável se torna um filme muito divertido com todo seu estilo old school de se fazer ação, conseguindo retirar algo de divertido de velhos clichês, e Travolta encarna um de seus melhores personagens nos últimos tempos. É um filme para se assistir sem pretensão, uma obra feita para entreter.
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