Nunca fui fã do cinema de Stone, e confesso que nunca esperei muito desse filme. Felizmente posso dizer que ele foi uma feliz surpresa. O motivo pelo qual assisti esse filme foi o roteiro de Tarantino, mas tenho que confessar que ele ficou pra trás devido a outro elemento marcante dessa filme: a criatividade e psicodelia de Stone para contar a história de Quentin.
Falando um pouco da história, "Assassinos Por Natureza" conta a história do casal de assassinos em massa Mickey e Mallory Knox. Depois de fugir de suas casas violentamente e se casar da forma mais inusitada, eles iniciam uma viagem pelos EUA realizando assassinatos por puro prazer(ao menos ao que parece de começo), seguindo um modelo básico: matar todos presentes no local exceto uma pessoa, que deveria viver para contar a "história de Mickey e Mallory". Logo a história do casal começa a ser explorada incessantemente pela mídia, principalmente pelo jornalista Wayne Gale e seu programa "Americanos Maníacos", e acabam sendo perseguidos pelo famoso policial Jack Scagnetti.
Esse é o plano de fundo para todas as críticas desse filme no mínimo ácido, que tem como principal alvo a mídia americana e a exploração desta dos crimes para chamar a atenção da massa. O filme também é uma viagem a mente dos assassinos do título, o casal Knox, além de um retrato de uma juventude perdida no vazio que é transviada pela violência e maus tratos.
O ponto que mais chama atenção nesse filme é a composição da parte visual. Stone usou de muitas técnicas para compor esse filme, temos por exemplo cenas em preto-e-branco, cenas distorcidas, várias imagens sendo projetadas no fundo, a fotografia imitando programas de televisão, entre outros. Um dos segmentos que podem se destacar é o segmento que mostra a vida de Mallory e como ela conheceu Mick, feito totalmente imitando uma sitcom, onde as risadas se tornam extremamente perturbadoras devido as situações em que são empregadas. Outro ponto visual impressionante são os flashs rápidos que aparecem em determinadas partes do filme, ao meu ponto de vista alegoria de Stone para a mente dos personagens, as vezes um demônio, ou um dragão, ou um deles coberto de sangue, ou uma imagem de sua infância, entre outros. E as já dita imagens projetadas em planos de fundo, também ajudam a compor os cenários tornando-o mais psicodélico ou mais perturbador, dependendo da cena. Por todos esses pontos, “Assassinos Por Natureza” em horas chega a ser surreal.
Além da ótima fotografia, existem as alternâncias da câmera, e toda a criatividade empregada na angulação de certas cenas. E as atuações são concretas, e o elenco muito bom, Woody Harrelson surpreende no papel de Mickey Knox, Juliette Lewis também está ótima como Mallory Knox, Downey Jr. encarna perfeitamente o seu personagem que por si só já é a personificação da mídia americana, além de trazer um pouco de comicidade ao filme, e por fim Tommy Lee Jones e Tom Sizemore também incorporam muito bem respectivamente Dwight McClusky e Jack Scagnetti, um pouco de destaque a esse policial um tanto perturbado.
Com tudo isso, “Assassinos Por Natureza” é um filme que merece ser assistido, apesar de devido a toda psicodelia não ser para todos. Ainda sim, àqueles que se aventurarem, não se arrependerão de ver essa obra crítica e ácida dos anos 90.
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