Revolução Iraniana, 1979. O mundo começa a ver a ascensão do islamismo radical após a queda do xá Reza Pahlevi e chegada do aiatolá Khomeini ao poder. Ao conceder asilo político ao déspota em fuga, os EUA deixaram o Irã muito #CHATIADO (pra dizer o mínimo) e se viram encurralados numa encruzilhada diplomática quando os funcionários de sua embaixada no país islâmico foram sequestrados pelo povo, que exigia a extradição do Xá para julgamento e enforcamento. Assim, todos permaneceram por 444 dias no cárcere até a morte do xá por conta de um câncer. Todos, menos 6 diplomatas que buscaram refúgio na casa do embaixador canadense e ali ficaram sob constante medo e ameaça de serem encontrados e fuzilados pelo povo em fúria.
Nesse cenário, Tony Mendez (Ben Affleck), especialista em exfiltrações da CIA, é chamado para solucionar o problema e resgatar os 6 antes que seja tarde demais. O plano é utilizar uma produção de Hollywood como fachada, um filme falso chamado Argo que será a passagem de saída dos reféns para a segurança.
O filme é quase uma produção metalinguística ao fazer uma ironia com a própria Hollywood e o showbiz, onde tudo é falso e tem por objetivo proporcionar o escapismo. É legal ver o contraste entre a vida dos reféns, sujeitos à realidade brutal regada à tensão e medo, com o dia-a-dia glamuroso dos estúdios e das festas, o que foi possível graças à um roteiro interessante e ótima direção.
Nesse sentido, é bom ver o Ben Affleck se destacando na posição de diretor. Confesso que fui um dos que olhou com desconfiança para seu primeiro filme, mas aqui no comando de sua terceira produção já não há mais espaço para dúvidas. O cara é um bom ator e um diretor de surpreendente qualidade. Escala a si mesmo no papel principal mas refuta completamente o posto de galã que lhe era dado outrora, preferindo nos brindar com uma performance concentrada e realista, ao mesmo tempo que dá espaço para que os demais atores brilhem e componham o conjunto da obra.
Falando em elenco, é impossível não destacar os monstros Alan Arkin e John Goodman na pele, respectivamente, do roteirista e especialista em efeitos especiais recrutados para dar credibilidade à produção falsa. Responsáveis pelo núcleo de Hollywood, ambos entregam atuações competentes e leves, equilibrando com a tensão dos reféns e impedindo que o filme carregue demais nos tons do drama.
"Argo" é um suspense magistralmente construído, onde o roteiro, direção e atuação funcionaram de forma impecável. Apesar da complexidade do tema, a história se desenvolve com coerência e simplicidade impressionantes, e a tensão é construída desde o início, chegando à um clímax que quase te faz levantar da cadeira de tanta ansiedade. Porém só mostra um dos lados da moeda e portanto não pode ser encarado como a verdade absoluta. Mas, sendo uma produção hollywoodiana e banhada em exageros como tal, tem a função de entreter e provocar catarse. E isso, esse suspense faz muito bem.
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