"Sabe de uma coisa Tarantino? Eu acho que essa é a sua obra-prima"
Responda rápido, o que faz uma pessoa ser considerada um gênio em seu ofício? Mas especificamente, o que faz um diretor ser considerado um gênio do cinema? Eu daria uma resposta bem simples e até mesmo redundante: Sua genialidade.
Genialidade essa a de Quentin Tarantino absolutamente esbanjada em Bastardos Inglórios (Inglorious Basterds), um dos melhores filmes do ano; aliás, deixe-me afirmar logo de vez, o melhor filme do ano.
SINOPSE
Segunda Guerra Mundial, 1941, primeiro ano da ocupação nazista na França, a judia Shosanna Dreyfus (Mélanie Laurent) é a única que sobrevive a execução de sua família pelo cruel e irônico Cel. Hans Landa (Christoph Waltz) da SS. Em outro lugar do mapa conhecemos os "Bastardos", um grupo de soldados americanos liderados pelo Ten. Aldo Raine (Brad Pitt), com apenas um objetivo: Matar nazistas; posteriormente, quando é sabido que irá acontecer a estréia de um filme nazista em Paris, os Bastardos, contando com ajuda de uma famosa atriz de cinema e agente dupla (Diane Kruger) planejam uma surpresa nada agradável para os nazistas, o detalhe é que a proprietária do cinema é Shosanna, que também tem um plano para sua própria vingança contra o Governo que assassinou sua família.
INTRODUÇÃO
Sentado na minha poltrona favorita, no meu cinema favorito, pude como ninguém (afinal estava no melhor lugar da sala) aproveitar o longa, e a introdução é simplesmente divina e quis separar um parágrafo para falar somente dela. Ao som de "The Green Leaves of Summer" de Nick Perito (originalmente usada em Álamo de John Wayne) que eu nunca havia escutado e imediatamente me apaixonei pela mesma, os primeiros instantes da música, apenas ao som de um violão são maravilhosos, tal como todo o resto, e já deu vontade de aplaudir quando apareceu em uma fonte bem porca na tela “INGLORIUS BASTERDS”.Por falar em fonte, a cada letreiro que passava me chamava à atenção de novo o uso da mesma fonte utilizada em outros de seus filmes, como em Pulp Fiction - Tempo de Violência e Kill Bill, isso mostra a identificação de Tarantino com certos detalhes. Após o termino da introdução ao início do som do machado de Pierre LaPadite, eu já tive uma certeza: "Ruim" esse filme não será".
O FILME
Era Uma Vez...
Bastardo (adj.): 1. gerado fora do matrimônio, adulterino; 2. qualquer degenerado da espécie a que pertence; 3. que não tem um caráter claramente determinado.
”Cineastas de todo o mundo, que tal um acordo? Depois de anos de centenas de dramas xaropes sobre a Segunda Guerra Mundial e algumas raras obras-primas, ninguém mais tem permissão para criar um filme do gênero, certo? Como o próprio Brad Pitt falou, depois de Bastardos Inglórios não há razão para voltarmos à eterna luta entre nazistas e aliados. Depois de Bastardos Inglórios, não falta mais nada na lista — nem mesmo mudar o curso da História. Quentin Tarantino quebrou a última barreira do seu mundo alternativo, em que mulheres se vingam com espadas e assassinos dançam como o Batman dos anos 1960. Tarantino agora entrou em nossa dimensão e não deixou nada da mesma maneira.”
Roberto Sadovk – Revista Set
Bom, vamos ao que interessa, a direção nem precisa falar que é ótima, Tarantino constrói uma cena sensacional atrás da outra, difícil pensar em uma que cause tédio, que canse, simplesmente não há, mesmo que na teoria seja essa a impressão (um diálogo de 10 minutos de um militar enchendo linguiça sobre ratos e leite, ah deve ser um saco). Seguidos é claro do roteiro com diálogos engenhosos que sempre foram o forte do diretor. Seus costumes também estão aqui; pés femininos, câmera subjetiva, história contada em capítulos, flashbacks. As referências "cinéfilas" também não faltam, seja os faroestes de Sergio Leone, que já havia sido usado em Kill Bill, ou até mesmo Nouvelle Vague de Godard e Truffaut, o nome de Aldo Rayne vindo Aldo Ray e John Wayne, Hugo Stiglitz homenageando o ator mexicano de mesmo nome, Antonio Margheriti o diretor italiano, dentre tanto outros.
Sobre a trilha sonora, pelo menos neste aspecto não há discussão, é a melhor de seus filmes, só por contar com músicas do Gênio ("G" maiúsculo mesmo) Ennio Morricone (favorecendo o clima de Western Spaghetti durante todo o filme) não precisa dizer mais nada, as cenas ao som de "Un Amico" e "The Surrender" são as melhores do longa, o clima é perfeito. Clima esse aliás perfeito em todo filme, muito em função das musicas escolhidas que não poderiam ser melhores.
Sou fã incondicional de bons personagens e aqui está cheio, mas não basta a teoria a prática é o mais importante, falo das atuações que aqui são todas seguras e contam com uma digna de Oscar, você já deve ter ouvido mas tem de ser dito de novo, Christoph Waltz está sublime na pele do Cel. Hans Landa “Se não tivesse encontrado um Landa perfeito, teria desistido de todo o projeto”, disse Tarantino. Sobre Brad Pitt, não iremos tão cedo, vê-lo em uma atuação espetacular, mas seu segredo é ser muito consistente e versátil, se adapta facilmente a qualquer tipo de papel, aqui como Aldo Raine isso se repete, a encantadora Mélanie Laurent, Shosanna é o segundo maior destaque, soube dosar bem os momentos doces de sua personagem até os momentos mais crus; e Eli Roth que como diretor fez o sangrento e estúpido O Albergue (produzido por Tarantino), mostra que deveria visar mais sua carreira de ator, já
que como o frio a até mesmo engraçado Sgt. Donny Donowitz o Bear Jew, teve seu melhor momento na carreira e um dos melhores personagens do longa, a ressalva fica mesmo por conta de Diane Krugger que não soube entrar na dimensão do filme e nem da personagem, uma atuação segura mas nunca ótima.
RESULTADO
Em Cannes, o filme foi aplaudido de pé e aclamado por boa parte do público e crítica no festival, Christoph Waltz levou o prêmio de melhor ator e chega forte para a premiação da Academia. Nos EUA, mesmo com 153 minutos de duração e com grande parte de seus diálogos não serem em inglês, Bastardos Inglórios teve a melhor estréia dos filmes de Tarantino, arrecadou no primeiro dia cerca US$ 14 milhões, no Brasil o filme estreou em segundo lugar tendo faturado R$ 1,6 milhões no primeiro fim de semana e R$ 1,1 no segundo. A melhor bilheteria de Tarantino ainda é Pulp Fiction, tendo arrecadado no total Us$ 107 milhões, seu primeiro fim de semana de estréia, porém, não passou dos US$ 9 milhões.
UPDATE 22/12/09 - A Bilheteria de Bartardos Inglórios já arrecadou $311,710,915 em todo planeta, tornando assim, a maior bilheteria dos filmes de Tarantino.
MELHOR QUE PULP FICTION?
Se essa pergunta já foi feita várias vezes, uma coisa já se tem certeza, são os dois melhores filme de Tarantino, e falando por mim, eu diria que gostei mais de Bastardos Inglórios. Direi algo que não deverá fazer muito sentido mais vamos lá: Em Pulp Fiction, Tarantino foi o Tarantino de Pulp Fiction (dãr!), em Kill Bill foi O Tarantino de Kill Bill (eu disse que não faria sentido), em Bastardos Inglórios ele foi o Tarantino de Bastardos Inglórios, de Pulp Fiction, de Cães de Aluguel e de Kill Bill,(sacou?) e uma vez juntos todos esses Tarantino’s o resultado só podia ser o que foi.
Bastardos Inglórios é provocante, divertido, cativante, criativo, é a obra-prima de Tarantino (a segunda, ou até mesmo a terceira), pois foi nesse filme que ele jogou todo seu talento e definitivamente escreve seu nome na lista de Diretores mais originais dos últimos anos. Para alguns parece até arrogância, mas para mim é só um fato, se Quentin Tarantino se acha um gênio, ele apenas está correto.
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