O horror das tempestades no Rio de Janeiro como matéria-prima para o terror Abraço de Mãe
Abraço de Mãe é um raro filme de terror brasileiro contemporâneo a receber algum destaque no cenário nacional, por meio da distribuição da gigante do streaming Netflix. Só por isso, ele já seria capaz de despertar a curiosidade necessária para fazer uma visita ao título valer a pena. Afinal, o gênero terror é sempre metafórico e os medos que afligem os brasileiros não são exatamente os mesmos que apavoram as pessoas em outras localidades. Além disso, Marjorie Estiano é uma atriz sempre interessante e sua escolha por projetos no horror mostra a disposição em percorrer por caminhos inexplorados.
O filme, que tem direção do argentino Christian Ponce, tem nas grandes tempestades que assolaram o Rio de Janeiro, a matéria-prima para uma narrativa potencialmente amedrontadora. O cineasta, dessa forma, transita entre o terror psicológico e uma inspiração em HP Lovecraft, no sentido de enfocar a sugestão para deixar os espectadores construírem as próprias perspectivas. Assim, há toques de horror cósmico, muitas convenções do gênero e foco em traumas e simbologias. No entanto, a mescla nem sempre funciona bem, principalmente no final. Isso porque, ao misturar elementos que ora dependem da perspectiva e da curiosidade, ora se apoiam em explicações mais explícitas, o filme perde força. Apesar disso, a obra discute o trauma com uma boa ambientação e uma interpretação competente de Marjorie Estiano.
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