Um filme dirigido por um dos diretores mais bem visados( e que raramente erra em seus filmes), produzido por uma empresa( Weinstein) cuja reputação em bilheteria e em prêmios é louvável, e estrelado por atores consagrados e as chamadas "sensações" do momento; e mesmo assim soa como um filme independente, sem grandes investimentos, com o único objetivo de contar uma história. Esse é O Lado Bom da Vida (2012).
Uma história de um homem que encara uma situação muito delicada em seu casamento, e que não consegue controlar suas emoções após o ocorrido, trazendo à tona inúmeros problemas psicológicos, os quais sempre estiveram presente em sua vida. Ele vai parar em uma clínica de reabilitação, e depois de uns meses retorna à sua casa, com o equivocado propósito de reconquistar sua ex-mulher. A loucura está presente em todas as suas ações e seus pensamentos. Um personagem que por si só daria um grande roteiro para um filme dramático, intimista, mas isso não é o que acontece nesse filme. Em vez de mostrar-nos a verdadeira obscuridade de doenças como a bipolaridade(entre outras), O.Russel opta por levar-nos a um ambiente que pode ser chamado de drama cômico, em que os personagens passam por situações sérias, mas encaram as situações de uma maneira alternativa, acreditando no otimismo e na determinação para vencer os obstáculos.
Começamos o filme com a sensação de que falta algo, uma reviravolta, um grande acontecimento, mas não esperamos o que acontece. Dificilmente no cinema se viu um personagem como a de Jennifer Lawrence nesse filme. Ela entra na história, não para complementar e ser um pedaço da história do personagem de Bradley Cooper, mas sim para mostrar a ele que existem pessoas mais loucas do que ele, e que os motivos que o levou ao descontrole emocional(traição) talvez nem se comparem com os motivos de Tiffany(morte do marido). Quando achávamos que tínhamos sido apresentados a um mocinho alternativo, que iria passar o filme inteiro lutando pela velho amor, mas que no fim se desiludiria e se apaixonaria por outra, nos surpreendemos com uma personagem desinibida e, claro, totalmente louca, que talvez não seja o modelo perfeito para Pat.
O grande segredo do filme são seus personagens. Eles não são perfeitos, possuem problemas, são emotivos, não aceitam a realidade, brigam por motivos bobos, enfim, personagens que representam uma grande maioria da população.
Depois de conhecermos todos eles, passamos a acompanhar uma pequena jornada( dessas de Sessão de Tarde), que acabaria num concurso de dança. Vendo por esse lado, o filme talvez não mereça um grande crédito, mas quando se considera os pequenos momentos durante o filme, é merecedor dos créditos. Momentos de emoção simples, com grandes atuações e uma trilha sonora que define alguns bons momentos. O uso da câmera por David O.Russel, o qual vimos em O Vencedor, é peça chave para o resultado final; ele usa ângulos estranhos, e as vezes filma cenas de uma maneira um pouco desleixada e com tremores.
O roteiro poderia ter sido mais despojado em alguns momentos, poderia ter se arriscado mais. Mas não, o que temos é uma história limpa, enxugada e retorcida. O resultado final é um filme medroso, sempre com um pé atrás, sem dar aos seus personagens grandes oportunidades de se estabelecerem, tudo é muito rápido em alguns momentos. Apesar disso, O Lado Bom da Vida se diferencia na medida em que se mantém estranho, diferente demais, sem gênero definido. Em mãos erradas teria sido um desastre, foi graças à David O.Russel que o filme recebeu todo o reconhecimento tanto do público como dos prêmios. Serve muito mais para consolidar O.Russel como futuro "grande diretor" do qualquer outra coisa.
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