Cada vez mais a tecnologia e suas transformações estão proporcionando assuntos e muito mais temas para serem vistos e discutidos no cinema.
A produção protagonizada pelos atores Owen Wilson e Vince Vaughn se insere numa perspectiva que tenta abordar as questões hodiernas da tecnologia e concomitantemente discutir as relações humanas.
A premissa se desenrola de uma maneira muito apática e anêmica tanto em substância quanto em qualidade cinematográfica.
A tentativa errônea, pueril e tola de discorrer sobre os avanços tecnológicos e as relações sociais se transforma num amontoado inconcebível de estereótipos e situações infundadas.
Essa produção cinematográfica nem cria, esquenta ou requenta algo de interessante mesmo tendo o Google como o “cenário” dessa tentativa infante de apostar também em discutir o encontro do antigo e do novo, o lugar e o espaço que ambos podem ocupar.
Tudo é um grande equívoco, os diálogos, os personagens, os tão manjados chavões, a estrutura e as circunstâncias que compõem o enredo.
O diretor canadense Shawn Levy comanda o filme de uma maneira desastrosa e o roteiro é uma queda interminável entre o desperdício e o oco.
O que faz esse filme ser tão desprovido de atrativos? Simplesmente porque erra grosseiramente tanto na construção dos personagens como no argumento e no seu ridículo e risível desfecho. São tentativas e mais tentativas frustradas e descabidas de colocar em discussão as relações do eu-comigo, eu com o outro e o eu com o coletivo envolvendo questões humanas, relações, colocação e recolocação no mercado de trabalho e seus aparatos tecnológicos, aliás, tal proposta passa mil anos luz do que David Fincher fez com maestria na obra “A Rede Social” de 2010. Admite-se que os filmes tem alguns pontos diferentes, entretanto, a abordagem de relacionamentos e tecnologia está presente em ambos, enquanto um trata do Facebook o outro versa sobre o Google. Agora para além da menção (nem se pode dizer comparação) do filme “A Rede Social” em relação ao “Os Estagiários”, porque o segundo é uma tentativa patética que arrisca em humanizar a política e a ética Google concernente a observação, avaliação e contração de colaboradores.
Logicamente seria leviano afirmar que o Google preza exclusivamente para a prática predatória de concorrência entre seus funcionários ou futuros contratados, mas também seria demasiadamente débil acreditar que esse gigante da pesquisa tenha uma estratégia para lhe dar com os “rejeitados” do mercado ou “rotulados” socialmente, isso não é minimante plausível dentro de uma concepção capitalista de mundo.
O filme “Os Estagiários” classificado no gênero de comédia paradoxalmente é uma película sem graça, insossa e profundamente desprovida de qualquer encanto e nem mesmo a parceria Owen Wilson e Vince Vaughn é suficiente para evitar uma produção ineficaz e desinteressante, pois funciona unicamente como uma incessante propaganda do Google que já é tão conhecida por “todos”, exceto os excluídos digitais que são frutos da exclusão social.
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