Recentemente os filmes de adolescente vêm ganhando um mercado enorme no cinema brasileiro. Filmes como “As Melhores Coisas do Mundo” e “Antes que o Mundo Acabe” tentam retratar o jovem brasileiro de sua época da forma que lhes convêm. Bem antes dessa febre nacional, o cinema americano já filmava o mundo dos seus adolescentes, em especial os filmes do diretor John Hughes do Clube dos Cinco e de Vivendo a Vida Adoidado.
Em American Graffiti - Loucuras de Verão (1973), dirigido por George Lucas e patrocinado por Francis Ford Copolla, a adolescência americana ganha um retrato fiel, sem exageros. Ainda que, pela necessidade de condensar todo um mundo em 2 horas de filme, possa parecer exagero a quantidade de fatos que acontecem no seu transcorrer. O exagero aqui se relaciona a seu realismo e isso não falta ao filme que recebeu cinco indicações ao Oscar. Por ele Lucas receberia uma indicação como diretor, uma grandeza, de certa forma, em meio a Titãs. Era o inicio da década de 70 e também o inicio dos diretores que iriam mudar Hollywood, entre eles Coppola, Spielberg, Scorsese e Peter Bogdanovich.
Loucuras de Verão transcorre durante uma noite inteira nos anos 60 retratando as loucuras que acontecem com quatro jovens, Curt Henderson, Steve Bolander, John Milner e Terry Fields. Curt (Richard Dreyfuss – Tubarão) e Steve (Ron Howard – sim, o diretor) terão que decidir se irão viajar, se enfrentarão uma nova vida ao escolher sair de sua cidade. O segundo ainda enfrenta problemas com sua namorada. Milner é um "punk", um delinquente bem ao estilo Marlon Brando de O Selvagem e Terry o legitimo e caricato nerd.
Se identificar com Loucuras de Verão é estranho. O filme tem sua época propriamente dita, aqueles carros antigos, as roupas, danças e festas. O que a principio manteria um distanciamento do espectador atual. Mas acima de tudo, o filme aborda não uma época, mas uma fase da vida, com seus problemas, lógico.
Por que a menção então dos filmes brasileiros recentes? Porque Loucuras de Verão ensina a fazer um bom filme com toda a problemática adolescente sem precisar de uma narração em off. Esta lá: a primeira transa, o primeiro porre; o problema de ser menor quanto a bebida; a relação entre menor e adulto; o dilema entre abandonar a cidade e seguir uma nova vida ou ficar nela com seus amigos. Rachas, festas, encontros casuais. Ainda que isso esteja na pele da década de 70, não se precisa dizer que todos esses temas são atuais.
E o mérito do filme não esta só em tratar desses temas, mas em ser divertido. Ancorado por uma excelente trilha sonora, a aventura desses quatro jovens é tão alucinante quanto à do filme Depois de Horas de Scorsese onde seu personagem vive uma madrugada no mínimo “perturbadora”. Como um todo Loucuras de Verão são 2 horas bem passadas, onde a câmera de Lucas passa despercebida e dá lugar a uma fase da vida muito bem explorada pelo roteiro. Cabem ainda duas análises, uma por quem vive hoje essa fase, outra por quem viveu. A minha é a primeira.
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