Em minha vida, tive várias experiências sensoriais e emocionais incríveis através da sétima arte: vi os fenômenos “Jurassic Park”, “Titanic” e “Avatar” nos cinemas, “Star Trek” em 2009, “Interstellar” em 2014, “Star Wars VII” e tantos outros filmes que marcaram a minha vida. O primeiro filme que realmente me gerou impacto emocional estremecedor foi Titanic, em 1998. Assisti ao filme num Domingo, e no Sábado do fim de semana seguinte, repetia a dose. Outro grande impacto emocional foi Avatar, no finalzinho de 2009, que me fez odiar a minha própria espécie em detrimento dos Na’vi, os habitantes do planeta Pandora.
Uma emoção parecida com as de Titanic e Avatar foi sentida por mim ao assistir o episódio VIII de Star Wars. Comecei a escrever este post logo depois de ter visto o filme de Rian Johnson pela segunda vez no cinema. Detalhe: o filme teve a pré-estréia do dia 13 para o dia 14 de Dezembro, e comecei a escrever este post na madrugada do dia 16 de Dezembro. O intervalo de apenas dois dias entre a primeira e a segunda vez que vi este filme no cinema foi o menor de toda a minha vida. Digo, com segurança, que este filme me impactou mais do que o episódio VII de Star Wars e talvez tenha me marcado num nível parecido com o de Titanic e o de Avatar. Isto porque, além de ser um filme com as mesmas qualidades dos de J. J. Abrams no que tange à ação e o visual, “Os Últimos Jedi” é um filme ousado, que quebra dogmas da franquia e eleva a emoção e a surpresa a um nível altíssimo.
O primeiro dogma quebrado é o de que os Jedi são perfeitos e não erram: Luke errou ao considerar Ben Solo (Kylo Ren) um caso sem esperanças e, na hesitação quanto à certeza de seu pensamento, perdeu seu pupilo. Rey o alertou para o seu erro e afrontou o seu mestre. Outro dogma quebrado (um grande momento de sabedoria) é o de que os Jedi “têm” a Força dentro de si. Um dos meus momentos preferidos no filme é aquele em que Luke ensina a Rey que é vaidade pensar que força é um pertence dos Jedi, e que o pensamento certo é o de que a Força está pertence de todas as coisas vivas, e que essa consciência é o primeiro passo para sentir a Força em si. Muito se pode associar este ensinamento à “conexão com o cosmo” de Lao-Tsé e Buda e ao “Pai” do cristianismo.
Luke também demonstra ser muito crítico ao status de mito que adquiriu na galáxia depois que derrotou Darh Vader no episódio VI. Esta crítica de Luke é também um momento de grande sabedoria, uma vez que sua mitificação poderia torná-lo perfeito e incorruptível aos olhos dos cidadãos da galáxia de Star Wars, e criar uma pressão impossível de ser satisfeita. Afinal de contas, como a própria história indica, Luke errou ao pensar que Ben Solo era um caso sem esperanças no lado luminoso da Força. Os Jedi também erram, e sua mitificação, embora ajude a manter a esperança na luz, como indica o final do filme, também pode causar um efeito indesejado.
“Os Últimos Jedi” é também um filme de surpresas. O momento mais surpreendente (a minha parte preferida no filme) é, sem dúvidas, a virada que a história sofre no momento que envolve Kylo Ren, Rey e Snoke. Prestes a matar Rey diante de Snoke, Kylo surpreende a todos e, ao invés disso, mata o seu mestre. Atrai o sabre em direção a Rey e, junto com ela, mata os demais soldados de Snoke. O ato inesperado faz o espectador acreditar que ele está tentado pelo lado luminoso e quem sabe poderia lutar ao lado de Rey pela luz. Mas, para a outra grande surpresa do espectador, ele tenta cooptar Rey a controlar a galáxia com ele. Este momento, embora muito surpreendente, é genial porque faz todo o sentido para a história de Star Wars: Kylo via em Rey um grande potencial com a força, e tê-la ao seu lado lhe daria possibilidades ainda melhores de controle da galáxia.
“Os Últimos Jedi” é um filme que me impressionou muito. Ao mesmo tempo que respeita as ideias básicas da franquia (os conceitos de Força, lado negro e luminoso), estraçalha dogmas que nela foram criados. O episódio VIII renova e dá fôlego à franquia sem desrespeitá-la, e, o mesmo surpreendendo a todos, mantém todo o sentido da história. É um filme incrível e que deverá fazer o espectador voltar ao cinema, assim como eu voltei.
Que a Força esteja com a franquia mais querida da história do cinema.
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