Esse clássico dos estúdios Ghibli tem os três elementos que tornam um filme de animação inesquecível: Beleza visual, personagens cativantes e emoção na história. Porém, não é um filme infantil.

O estúdio Ghibli é conhecido pelo peso que tem no mundo da animação. Foram diversos títulos lançados, e pode se dizer que não houve uma obra fraca sequer (ou quase). Filmes como O Serviço de Entregas de Kiki(1989), Princesa Mononoke(1997), A viagem de Chihiro(2001) são exemplos de animações do estúdio. Cada uma apresenta o seu selo indiscutível de qualidade; todas dirigidas pelo Hayao Miyazaki. O Túmulo dos Vagalumes, de 1988 (mesmo ano de Meu Vizinho Totoro, também de Miyazaki), porém, foi dirigido por outro cineasta, menos conhecido, Isao Takahata. Mas isso não significou uma queda no padrão de qualidade, significou um aumento.

O filme é baseado em fatos reais. No japão, dois irmãos tentam sobreviver ao que a guerra traz de pior: fome, sede, destruição, morte do familiar. Seita e Setsuko, após um bombardeio encontram-se órfãos, já que a mãe fica gravemente ferida e o pai, que foi lutar pelo país, desaparece. Sem casa agora, vão morar com a tia. Com o passar do tempo, sofrendo com intolerância e cobranças, decidem morar em um abrigo anti-bombardeio totalmente insalubre. A irmã de Seita fica muito doente e ele precisa agora lutar para sobreviver e também salvá-la.

Pelo enredo, ninguém diria que se trata de um desenho. Apesar da história pesada, Takahata consegue construir momentos muito bonitos e infantis, como as brincadeiras no banho, as balas de frutas, a praia...

Mas mesmo nas cenas felizes, percebemos alguns detalhes que denunciam o sofrimento da guerra, como o corpo coberto apodrecendo na praia. Por ter muitas outras cenas muito fortes, em que não se evita mostrar o feio, o filme não é indicado a crianças (pelo visual, pois não entenderiam o real peso da história).

Apesar de todo o terror, o visual do filme é impecável, cores bem impregadas, movimentação fluida e detalhada para a época.

No final, damos mais importância aos personagens porque há uma construção muito boa destes, eles nos cativam ao máximo, fazem nos sentir mal ao fim da película, nos faz desejar algo diferente, um destino melhor. Este é um ponto fortíssimo.

EMOCIONAR, esta palavra é a mais certa, que também é um dos mais importantes quesitos para uma animação. Quesito este que vem ficando para trás em muitos longas recentes.

Enfim, O Túmulo dos Vagalumes é algo raro, nos faz refletir, tem momentos muito bons e frazes que ficarão na mente por muito tempo. Pena é o desconhecimento das pessoas de obras como essa, além da dificuldade de se encontrar em DVD.