"Todas as estradas levam a isso"...
Ao me deparar com o primeiro pôster de mais uma sequência da série ( agora uma saga ) Velozes e Furiosos, liberado na internet alguns meses antes do filme, parei para analisar a frase acima.
Após 5 filmes e um faturamento de causar inveja a tantos lançamentos que vemos por aí, até que ponto vale a pena uma série chegar ao seu sexto capítulo, a não ser o ponto de vista "$$ comercial $$" , correndo o risco de manchar de vez toda uma obra? Será que, mesmo para os fãs, essa sexta parte seria mesmo necessária?
Pois posso tranquilamente afirmar que sim, esse filme é realmente necessário para uma das mais populares franquias do cinema dos últimos anos. E o resultado? De altíssimo nível, simplesmente excelente !
Após aplicarem um golpe milionário no Rio de Janeiro, roubando uma fortuna do maior traficante carioca, os fugitivos Toretto , Brian e companhia se espalharam pelo mundo. Agora milionários, eles gastam sua grana como bem entendem, em países cuidadosamente selecionados para não correrem o risco de serem extraditados.E eis o motivo que justifica a frase slogan do cartaz. "...todas as estradas levam à isso..."Mesmo milionários, eles ainda sentem um enorme vazio no peito: o de não poder voltar mais pra casa. E não importa aonde estão. Ainda há essa questão a ser resolvida.
Desde que reassumiu a direção de Velozes e Furiosos 4, em 2009, após o fiasco de Tokyo Drift, em 2006, o diretor Justin Lin resolveu dar uma nova chance a si mesmo para consertar o que errou.E uma nova chance a série, que renasceu das cinzas.
Primeiramente, é impossível analisar essa nova sequência sem elogiar e fazer reverência ao diretor em questão. E para os críticos mais mal humorados que insistem em torcer o nariz para esse filme em seus comentários, vale a pena reassistir não apenas esse, mas os últimos 3 filmes. É necessário analisar a obra como um todo, não individualmente, pois esse filme se tornou peça essencial de uma trilogia pré-elaborada, que de quebra, faz uma ligação com todos os outros filmes da série.
Se no quarto filme o objetivo era reunir os dois protagonistas, e no quinto, trazer de volta outros personagens que passaram pela série, faltavam algumas respostas para algumas questões anteriores. E o direito à anistia e perdão era a maior dessas questões.
Justin Lin conduziu a série de forma competente, com muita ousadia, fazendo de uma série cansada e repetitiva, à uma das maiores produções da atualidade. Mas claro, como em todos os meus comentários, costumo também evidenciar aquilo que ficou ruim, pois nada é perfeito.
O sexto capítulo da franquia continua com muita ação ( nesse soa até como exagero ), e com boas cenas de humor, e claro, apesar de ficar em segundo plano, alguns rachas ainda estão lá ! ( mas aqui eles sempre tem um motivo para acontecer).Logo de cara vemos os protagonistas acelerarem nos primeiros minutos de projeção, algo que não acontecia desde Velozes 2 e 3, mas o rápido racha à beira-mar na verdade é uma corrida até o hospital, pois Mia acaba de dar à luz.
A química entre os personagens continua funcionando perfeitamente, e aqui foca-se o tema " família ". Chega ser repetitivo, mas não é ruim.
Na falta da necessidade de desenvolver os personagens, só era necessário reuní-los.E para isso, mais uma vez, utilizar uma bela desculpa ! Sim, Letty está viva !! E isso é motivação suficiente para que Dom deixe sua namorada, sua mansão na praia e riqueza para recrutar a "liga da justiça sobre rodas" para ir atrás de sua namorada de infância, e membra absoluta da família "Toretto".
Porém, a tarefa não é nada fácil, pois a corajosa e destemida Letty Ortiz agora faz parte da gangue de ladrões liderada por Shaw, o vilão mais terrível da série. E o pior de tudo, ela não se lembra de mais nada...
O retormo de Letty era bastante aguardado pelos fãs, pois sua morte no quarto filme foi só desculpa para reunir os 2 ( Dom e Brian ), e afinal das contas, ninguém viu o corpo, apenas um caixão lacrado.
Michelle Rodriguez continua atuando muito bem. Sua personagem ganhou uma importancia enorme nas mãos de J. lin, e chega aqui em seu ápice. Apesar de compor a guangue do mal , ela ainda possui sentimentos que a tornam humana em diversas situações.
Dominic Toretto é outro personagem que evoluiu na série, porém, aqui, um ponto negativo para as idéias malucas dos roteiristas ( lembre-se leitor, nada é perfeito ). Um certo personagem humano criado em 2001 no filme original de Rob Cohen, costumava assaltar caminhões e se machucar em seu trabalho, e não sair vivo em meio à explosões sem se queimar ou pular de uma carro a outro em pleno movimento como ocorre aqui.
E essa é a maior falha do filme. Apesar de excelente, saí com a sensação de que não precisava de tanta ousadia nesse aspecto. É realmente um exagero, chega a soar como ridículo. Um personagem que era humano, de repente parece mais um filme de super-heróis.
E vemos isso o tempo todo. Ao longo das cenas de ação, personagens literalmente "voam" de um carro pra outro em alta velocidade, sem sofrer um arranhão sequer.
Amarrar um tanque de guerra que corre mais rapido que um Camaro usando um cabo de aço que por sorte estava no banco de trás (?) ( e isso pq Roman estava sozinho no veículo, ou seja, quem dirigia enquanto ele fazia isso?... ) é uma baita cena bizarra, levando em consideração que pesados "tanques" correm no máximo a 60 km/h, e carros esportivos não costumam carregar cabos de aço no banco de trás, mas é uma mentira aceitável quando minutos depois, vemos um avião cargueiro na maior pista de avião da história do cinema ( parece não ter fim...) sendo amarrado por mais cabos de aço ( ...sim, mais cabos ) para ser literalmente "arrastado" por carros e não conseguir levantar vôo.Sinceramente, fazia tempo que não via algo tão bizarro assim.
Mas enfim, deixando a ação mentirosa e demasiadamente exagerada de lado, afinal , quando vamos ao cinema ver um filme de ação ainda mais sendo V&F, queremos ver mentira, senão, ficamos em casa e ligamos a TV no jornal do Datena, aí sim, vemos realidade...
Roman Pearce continua trazendo humor ao expectador. Ao lado do japa Han, ele traz bons momentos no longa, como na cena em que assiste Gisele e Gina Carano espancando um marginal nos becos de Londres, e faz piada com o japonês, se dando mal no final (..." é por isso que suas namoradas usam tantas jóias" ?)...ri muito nessa cena.
Mia foi mais uma vez mal aproveitada, aparecendo apenas no começo e no final, e Han faz seu último papel na franquia, pois na cena pós créditos sua morte em Tokyo encaixa o terceiro filme no final deste, pondo em fim a eterna pergunta do telespectador ocasional que assistiu aos filmes anteriores mas dizia: esse japonês não morreu no terceiro filme?
Os demais filmes são homenageados nos primeiros minutos de projeção, com cenas de cada um, o que é um verdadeiro deleite para os fãs.
Brian O´Conner é o personagem mais estranho na direção de Justin Lin. O tempo todo vemos um personagem sem moral, que leva a liderança de Toretto tão a sério que por pouco é capaz de pedir permissão até pra ir no banheiro. Soa estranho ver que, mesmo em cenas que ele tem alguma idéia genial , um olhar de submissão é rapidamente direcionado ao careca Toretto, como quem pede permissão antes de tomar suas iniciativas no grupo. Dá a impressão que ele ficou com a irmã do cara só pra se aproximar do chefe...hilário.
Nem a policial Gina Carano pede permissão ao tenente Hobbs, repare em uma cena que ela olha e diz "eu vou com eles..." ela simplesmente determina, ele apenas diz " pode ir, você tem minha permissão", essa sim, é muito macho !
E finalmente, uma simpatica personagem, Gisele, leva um trágico fim, mas do jeito que as coisas funcionam na série, não duvido nada que ela reapareca viva no sétimo filme hehehe...
Hobbs é outro personagem bacana que serviu muito bem no longa, e Tej apenas serve para acrescentar ao elenco.
Enfim, Velozes 6 chega para acrescentar muito à série, e apesar de ainda não superar o simples e revolucionário filme original de 2001, arrisco a dizer que esse sem dúvida é o segundo melhor da série. E não digo isso levando em consideração os vários erros e falhas que vemos ao longo da projeção, mas sim porque a grande verdade é que, Justin Lin conseguiu acertar muito mais do que errar, e se mostrou um verdadeiro fã da série.
Seu maior triunfo foi deixar de lado a mesmice da série, com rachas e histórias policiais batidas e repetitivas, mas nem por isso abandonar esses ingredientes, conquistando sempre novos fãs e satisfazendo os mais antigos. Em algum momento, você vai se deparar com músicas mais agitadas, mulheres com pouca roupa, carros envenenados e linguagem insana, e certamente vai se lembrar: “sim, eu estou assistindo velozes e furiosos”.
Na continuação que chegará provavelmente até o final de 2014, a série terá um novo diretor, já que J. Lin deixou o cargo para trabalhar em outro projeto. Porém, seja quem for o novo, esperemos que não estrague tudo que foi feito até aqui, e que o elenco principal volte para fechar com chave de ouro.
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