Eu sou daquelas que, quanto mais diferente e impossível, melhor. Deve ser por isso que me entedio tão facilmente.
Foi por acaso que me deparei com White Massai, a história de Carola Lehmann, a suíça que, durante uma viagem ao Quênia com seu namorado, apaixona-se perdidamente por Lemalian, um guerreiro da tribo Massai, por quem decide largar toda a sua vida no primeiro mundo, incluindo seu negócio, sua família, sua rotina, sua estabilidade e seu namorado, em nome dessa paixão avassaladora.
Resolvi verificar, mas com posicionamento neutro, sem expectativas positivas ou negativas.
O filme é bastante realista e se preocupa em mostrar a cultura e o modo de vida da tribo Samburu, bem como as diferenças culturais dos dois protagonistas, potencializadas por cenas que evidenciam o contraste entre pele branca e pele negra.
Através dos olhos de Carola, a maneira da tribo viver parece absurda, ela é uma vitima da própria paixão e coragem, visto que largou uma vida confortável na Suíça para viver num ambiente estranho, precário, poeirento, cheio de insetos, doenças e costumes bárbaros, como a clitoridectomia. Tudo quanto posso dizer é que a escolha foi dela, mas o filme é trabalhado no ponto de vista europeu.
Alguns clichês também me incomodaram um pouco. A heroina Carola tenta salvar jovens indefesas de um destino cruel, não importa se faz parte da cultura de um povo ou não. Eu discordo de várias práticas dessas tribos africanas, mas acredito que cada costume tem sua razão de ser e esperava o encontro de duas forças naturais, não entre um selvagem e uma colonizadora.
O padre e Carola dialogam de forma muito pobre e óbvia, não há espaço para a reflexão.
Nas cenas de sexo, jogos de luz para o contraste ficar ainda maior. Mas faltou um pouco de profundidade.
Tive que procurar sobre os Samburu para entender certas situações que são apresentadas durante o filme, porque o fato de a mulher não poder olhar nos olhos de outro homem que não seja o seu não ficou claro para mim, então eu atribuí o ciume excessivo de Lemalian à machismo ou paranóia.
Não sei se é o filme, o livro ou a memória da autora do best seller que deu origem ao filme, Corinne Hofmann, que diminui a imagem e a personalidade do guerreiro Samburu. Mas sinto que de alguma forma, a essência dele foi prejudicada, alterada, deformada. Quem sabe por toda uma vida.
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