Após o sucesso arrebatador que a saga de Rowling alcançou mundialmente, a moda de se lançar séries estouraram de vez. O Ladrão de Raios é o primeiro episodio de uma aventura de cinco livros do professor Rick Riordan. Nas telonas Percy Jackson e O Ladrão de Raios ganha vida por Chris Columbus, quem também lançou os dois primeiros Harry Potter nos cinemas. O diretor têm também filmes como Esqueceram de mim (1990) e O Homem Bicentenário (1999) em seu currículo. E o roteiro é trazido pelas mãos da descuidada Craig Titley. Responsável pelos roteiros de Scooby-Doo (2002) e Doze é demais (2003). O filme é movimentado, o tema é apaixonante, os efeitos são ótimos, as seqüências de cenas mostram o amadurecimento do diretor, porém o roteiro consegue tirar todo brilho desses pontos positivos tornando o filme uma obra desnecessária.
Bem, antes de argumentar sobre tais elementos tenho o dever de fazer um breve resumo sobre a história do filme para vocês leitores e como se trata de uma resenha crítica, mesmo não gostando, eu tenho que realmente fazer.
Percy Jackson (interpretado pelo talentoso Logan Lerman) é um semideus. Entretanto o garoto desconhece tal informação. Estamos no século XXI, acontecimentos estranhos rodeiam o jovem garoto filho do deus Poseidon. Os acontecimentos estranhos em torno do garoto na escola pioram quando o Raio Mestre de Zeus é roubado. O deus dos deuses acusa assim o filho de seu irmão Poseidon – sem nenhuma explicação sensata dentro do filme - que Percy roubou o objeto divino. Após essa revelação, o jovem toma conhecimento que se ele não reaver o raio de Zeus dentro do prazo todos estarão prestes a entrar numa guerra provocada por dois dos maiores deuses do Olímpio: Zeus e Poseidon. Dentro disso tudo a alma da mãe de Jackson é roubada por Hades que exige os raios para que a devolva. E em um campo de treinamento muito especial o jovem conhece seus novos amigos que o ajudarão nessa aventura: Annabeth, filha da deusa Atena, e Grove, o sátiro.
Muito bem, feito o resumo posso agora argumentar minha crítica apontando os pontos altos e baixos, por último minha conclusão sobre esse episodio.
É inegável que Columbus amadureceu desde Harry Potter. As cenas de ação desse filme funcionam muito bem e até dão um efeito de ilusão no público com seqüência de cenas bem colocadas para que não dê tempo para ninguém pensar sobre o conteúdo em si durante seus 119 minutos. Com bastante movimentação e efeitos de alta qualidade. Entretanto a gritante falta de lógica no roteiro e seu desenvolvimento explode em várias perguntas após o filme, principalmente para aqueles que leram o livro como eu.
A narrativa de Riordan está cheia de errinhos e como Craig não tomou cuidado algum ao escrever o roteiro a coisa desandou de vez. No livro a explicação dada para que Percy fosse acusado é de certa forma explicada, por Poseidon ter quebrado o juramento, assim como Zeus, de que os três maiores deuses não poderiam se deitar com mortais e assim criarem semideuses tão poderosos. Porém o jovem Jackson é a quebra desse juramento. Entre outros fatores do livro que não entrarei em detalhes caso alguém não tenha lido e queira. No filme não há explicação alguma, ele é simplesmente acusado. Não explica por que o raio é importante ou o que é o raio.
A morte da mãe de Percy é algo muito mal trabalhado no roteiro, muito superficial, pois não há o luto necessário que todos precisam diante a uma situação como esta. Luto este que era fundamental no contexto da adaptação, já que a linha do filme vai desconsiderar claramente o conflito principal que é recuperar o raio para o resgate da mãe da personagem principal. Tanto que o raio vai ser achado da forma mais tola: simplesmente surge do nada. Não há dor na perca da mãe, num filme onde eles tentam salva-la.
O roteiro é totalmente divergente do livro de Rick, dá a sensação de que apenas foram utilizados os personagens dentro do apaixonante tema que é a Mitologia Grega. O real vilão no primeiro livro é Aris, o deus da guerra, que está sendo usado pelo Titã Cronos. No entanto nenhum dos dois é sequer citado no filme e a “culpa” cai toda para Luke. Ele é sim uma peça importante, mas não é a única e mais, pois é uma saga e sem nem mesmo Cronos que está se libertando do Tártaro é citado como daí conseguir montar uma continuação lógica com os demais livros?
A aventura deles é sem nexo alguma, eles vão em busca das pérolas para se adentrarem no submundo e depois poderem fugir. Enquanto no livro tais perolas são entregues por Poseidon em determinado ponto da história. A aventura parece que é apenas um jeito parar poder enfiar as cenas de ação e ocupar tempo. O filme não explica detalhe algum da história, tudo vai acontecendo sem um argumento sustentável como Percy descobrindo seus poderes: quando ele precisa, ele descobre rapidamente e resolve o conflito de forma boba.
Os pontos altos do filme ficam por conta da parte técnica e a belo desempenho do elenco. Lerman soube levar seu personagem na medida certa. O sátiro vivido por Brandon T. Jackson traz um lado cômico que funciona. Uma Thurman, como Medusa, e Rosario Dawson, como Persephone, estão ótimas. Os efeitos do filme são bons, o inferno criado por Chris é lindo e as criaturas são realistas.
Embora toda essa movimentação e ótimo desempenho técnico, o roteiro do filme é ruim, problema que vem ocorrendo em inúmeras adaptações. Fazem tais adaptações de modo descuidado. Todavia vale como entretenimento dentro da grande sacada que Rick Riordan teve trazer a mitologia grega para o século XXI.
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