Harmony Korine emprega uma das visões mais alucinadas acerca da juventude e seus anseios do nosso tempo. A princípio, sua narrativa, claramente com ataques de Tarrence Malick, é dispersa e Korine não tem a habilidade do diretor mais experiente para situar o espectador em meio a historia, mas aos poucos as coisas vão ficando claras e bem encaixadas com sequências interrompidas por cortes constantes. As imagens mais berrantes do ano não pertencem a Refn, estão aqui. Enquanto o diretor lança referencias à cultura pop atual, o que inclui garotas cantando Britney Spears, a festa tradicional que é o evento Spring Break, Scarface, jovens pop stars americanas subvertendo a própria imagem. A obra de Korine é uma mistura de olhares pouco parecidos, que unidos sabiamente aqui, se tornam únicos.
Tudo aqui é guiado pelo ideal de liberdade imposto, configurado eficientemente na primeira passagem do filme, o Spring Break, onde jovens fazem gestos obscenos e agressivos para câmera, que são os nossos olhos e da sociedade convencional. Mas a liberdade que o diretor apresenta como alvo,não existe por si só, seu ideal de liberdade é na verdade a subversão do modo de vida que é imposto aos cidadãos como um modelo de vida a ser seguido, o ‘’american way of life’’. A liberdade para Korine é transgredir as convenções maçantes da sociedade. E neste retrato, o diretor lança jovens emancipadas numa sequência desmedida de atos espontâneos e inconseqüentes, que envolve o consumo de drogas, sexo fácil e sem situações específicas a violência escrachada se configura. Tudo a um nível exagerado de abordagem, enfatizando a banalização desse tipo de fuga da realidade, visto que as personagens nunca buscam algo concreto, apenas sair da normalidade.
A obra ganha contornos oníricos na entrada do Alien de James Franco, o gangster drogado que se vê o Tony Montana de seu tempo. Após dias de entrega à loucuras inconseqüentes, as jovens de Korine, já completamente despidas de suas imagens idealizadas e populares, são acolhidas pelo gangster numa forma de chegada ao extremo contrário do que viviam. Toda a passagem com o Alien poderia ser facilmente considerada apenas um sonho, uma alucinação após dias de entrega e consumo de entorpecentes por parte das garotas – na verdade é difícil acreditar que aquilo foi real na vida delas. Foi, claramente, um sonho. O objetivo delas era a total subversão, e o personagem de Franco é exatamente ela personificada, o sonho delas em pessoa. E este sonho as leva a um estagio de rebeldia que jamais alcançariam em realidade.
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