Warren Oates (1928-1982) é um daqueles atores que assistimos em vários filmes relevantes, mas que nunca recebeu o devido reconhecimento do grande público.
Grandes filmes como "No Calor da Noite" (In the Heat of the Night, 1967), "Meu Ódio Será Tua Herança" (The Wild Bunch, 1969), "Corrida Sem Fim" (Two Lane Blacktop, 1971) e mais alguns em que presença do ator, mesmo como coadjuvante, foi parte importante para o sucesso dessas películas.
Porém, em "Tragam-me a Cabeça de Alfredo Garcia" (Bring Me The Head of Alfredo Garcia, 1974), filme do diretor Sam Peckinpah, Warren assume, pela primeira vez, o papel principal e não desaponta.
O tal Alfredo Garcia do título engravidou a filha de El Jefe (Emilio Fernández), magnata mexicano que coloca a sua cabeça a prêmio. Mais especificamente, 1 milhão de dólares para trazê-la ao seu palacete.
Uma rede de capangas se espalha por todo o México à procura de Alfredo. Dois deles, Sappensly (Robert Webber) e Quill (Gig Young), encontram, em um bar, o pianista americano Bennie, que contém informações sobre o paradeiro do procurado. São oferecidos 10 mil dólares a ele para encontrar a cabeça e entregá-la ao dois. Então, o pianista pega sua amante Elita (Isela Vega) e os dois partem numa jornada de sangue através do árido e miserável território mexicano.
Alfredo Garcia, ou melhor, a cabeça de Alfredo Garcia, tem diferentes significados para os diversos personagens envolvidos na sua busca, mas todos eles guardam a violência como fator comum.
Para El Jefe, a cabeça representa a honra perdida pela gravidez da filha; para Sappensly e Quill, representa 1 milhão de dólares; para a família, um ente querido; para Bennie, também representa dinheiro, porém também é o símbolo de uma jornada sangrenta e inútil que precisa ser concluída, simplesmente porque pessoas foram assassinadas por sua causa.
Das primeiras cenas até o desfecho final do filme, a violência, principal ferramenta de trabalho de Sam Peckinpah, se faz presente. Violência que não poupa mulheres, nem idosos e se apresenta de forma poética nas cenas em que ela ocorre em câmera lenta, marca registrada dos filmes do diretor.
Por fim, a atuação de Warren Oates como Bennie é notável: o sujo pianista de bar, que começa o filme como uma pessoa sem escrúpulos, capaz de cortar a cabeça de um cadáver por dinheiro, desenvolve sentimentos por Elita (Isela Vega), a cantora promíscua que o acompanha na jornada, e também o senso de que todo o sangue derramado por Alfredo não pode ter sido em vão.
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