Hoje em dia temos filmes de super-herois para todos os gostos. Batman e Homem-Aranha aparecem na lista dos meus preferidos. Alguns, como Mulher-Gato, nem sequer mereciam ter saído do papel, tamanha a ruindade, e outros, como Homem de Ferro, trafegam num meio termo nem sempre cômodo entre o bom e o mais ou menos (no meu ponto de vista, claro).
É neste meio termo que se encontra Thor, um dos últimos super-herois a desembarcar nas telonas. O poderoso personagem, que já havia sido retratado fora dos quadrinhos em outras oportunidades (lembram-se do detestável e inexplicavelmente fraco Thor que aparece na saga dos Cavaleiros do Zodíaco?), ganhou sua vertente hollywoodiana através dos esforços de Kenneth Branagh.
A personagem Thor, em linhas gerais, segue à risca o que é dito sobre ela na mitologia nórdica – um homem forte, bondoso, honesto, mas ao mesmo tempo briguento e irresponsável. Também diz a mitologia que ele era faminto, o que também é retratado por Branagh, só que de forma descontraída e divertida. Neste ponto, o diretor acertou em cheio ao escolher Chris Hemsworth para o papel principal. Hemsworth, apesar de pouco conhecido do público, mostra talento e sabe dosar os tons cômico e sério muito bem.
Mas voltemos lá no começo, quando eu falava sobre o meio termo entre tramas de super-herois boas e ruins. Thor tem seus méritos, claro (falarei sobre eles adiante), mas derrapa em aspectos simples. Uma obra com tantos efeitos especiais merecia embates memoráveis, daqueles de tirar o fôlego. O que vemos, no entanto, é um conjunto de cenas pouco inspirado. Culpo aqui o diretor Kenneth Branagh, que poderia ter feito um melhor uso dos recursos disponíveis e dado mais vida à trama.
Além disso, o diretor abusa da câmera lenta para dramatizar certas passagens – recurso esse que deve ser utilizado com bastante cautela, pois em excesso pode deixar brega aquilo que deveria ser emocionante. Também achei o roteiro um pouco falho. Faltaram detalhes ao introduzir a trama – detalhes esses que podem confundir o espectador pouco familiarizado com a história do super-heroi.
Por fim, acredito que alguns personagens mereciam mais destaque. Loki, que é muito bem interpretado pelo jovem Tom Hiddleston, tem papel fundamental na história, mas a subtrama que o envolve é pouco aprofundada. O mesmo vale para os outros guerreiros de Asgard. Nenhum deles é devidamente apresentado e o filme termina sem que nada saibamos sobre eles. Do outro lado do mundo, quem se destaca é Natalie Portman, que esbanja charme e a competência de sempre na pele de Jane Foster – a jovem nerd e inocente que se encanta por Thor na Terra.
Apesar dos erros, Kenneth Branagh consegue nos entreter durante as quase duas horas – o que é um grande mérito. Seu principal trunfo é o visual caprichado. Asgard está simplesmente exuberante, cheia de vida, cores e detalhes. Os bons efeitos especiais aliados à maquiagem (os gigantes de gelo ficaram bastante realistas) contam pontos a favor do entretenimento. Os diálogos, ora cômicos, ora maduros, também merecem os devidos elogios – ponto para o diretor, que consegue juntar essas duas vertentes sem soar forçado.
É claro que também devemos levar em conta a força do personagem. Thor, ao meu ver, é um dos super-herois mais legais dos quadrinhos. Neste caso, sobretudo quando uma obra sai do papel e vira filme, acredito que a empatia personagem/espectador conta muito. Apesar de arrogante, Thor é o tipo de heroi que todos gostam – é forte, bonito, confiante, leal e divertido. Por isso um longa em sua homenagem, mesmo que tenha seus defeitos, acaba ficando acima de média.
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