Sidney Lumet possui um talento explendoroso como diretor. Algo que chama atenção em algumas de suas obras é o fato de se abordar temas em que a ambientação é praticamente a mesma durante a maioria do tempo; ou seja, sua habilidade lhe propicia grandes obras com espaços e ambientes reduzidos.
Seu melhor trabalho nesse formato é o clássico "12 Homens e uma Sentença", de 1957. A história gira em torno de um julgamento em que 12 jurados tem que decidir o veredicto de um caso aparentemente óbvio. Aqui, Lumet gasta os pouco mais de 90 minutos da trama em uma sala fechada - que passa uma sensação inquietante e caustrofóbica. O mérito de Lumet, então, é conseguir mantêr o ritmo e instigar o espectador durante todo o tempo.
O mesmo modelo - com suas devidas diferenças - é adotado no posterior "Um Dia de Cão", de 1975. Na trama, baseada em fatos reais, três criminosos planejam um assalto a banco em um dia quente e sufocante na cidade de Nova York. No entanto, mal sabem eles o inferno que está para acontecer conforme as coisas começam a fugir do controle.
Com um roteiro ágil, "Um Dia de Cão" consegue segurar o espectador do início ao fim. Por mais que o ambiente seja o mesmo por quase todo o longa, em nenhum momento ele se torna desinteressante e muito menos chato - o que é um excelente mérito. Destaque também para as subtramas, que aqui são muito bem construídas e reveladoras - o filme vai muito além de um simples assalto a banco sem propósito nem fundamento.
Os personagens - pelo menos o principal - têm seus conflitos e personalidade muito bem trabalhados, o que ajuda no desenvolvimento da trama em si. Aqui, um ponto de apoio importante é o alto nível dos diálogos - que foram tratados com muito cuidado. Para incrementar, o que dá aquele toque especial é a atuação do elenco, sobretudo de Al Pacino e John Cazale. Pacino se destaca como um homem cheio de conflitos, por vezes confuso e deslumbrado com toda a situação, mas com pulso firme para tomar suas decisões e fazer suas exigências. John Cazale - conhecido pelos papéis no clássico "O Poderoso Chefão" -, por sua vez, nos brinda com um desempenho excelente - que muito me lembrou Anton Chigurh - personagem interpretado por Javier Barden em "Onde os Fracos Não Têm Vez".
Em suma, "Um Dia de Cão" é mais uma obra-prima do genial diretor Sidney Lumet. Ao meu ver, ainda inferior à "12 Homens e Uma Sentença", mas tão angustiante e bem climatizado quanto. Com o longa, Lumet conseguiria na época sua terceira indicação ao Oscar. Ao longo de sua carreira, o diretor foi indicado por quatro oportunidades ao prêmio da academia, mas bateu na trave em todas elas. Em 2007, Lumet deu provas de que ainda pode dirigir em alto nível ao apresentar a trama "Antes Que o Diabo Saiba Que Você Está Morto", que conta com um ótimo elenco, encabeçado por Philip Seymour Hoffman.
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