Sou um grande admirador de música erudita. Sempre quando ouço parece que a música penetra a minha alma e em suas camadas mais densas, causando uma arrebatadora emoção. E Mozart é um dos que mais me emociona com sua complexa e exuberante música.
Amadeus teria o mesmo efeito. Só que com intensidade diversas vezes maior.
O filme sempre contém um ar cômico apaixonante, que se entra-laça quase com perfeição em momentos de intensa carga emocional, trazendo a exata harmonia necessária para o filme ser visto e interpretado com prazer pelo espectador, fazendo-o ser apreciado até por pessoas que não curtem a música exercida por Wolfgang. O divertido Mozart de Tom Hulce é ora amado, ora odiado, devido a seu caráter e personalidade serem por vezes genial, por outras, infantil e ingênuo. E a frágil, doce e severa figura de Salieri montam um dos personagens mais densos do cinema, devido aos contrapontos que o formam, sendo um personagem de difícil interpretação, mas que deixa de parecer quando vemos a esplendorosa e fulminante interpretação de F. Murray Abraham, que faz um personagem com tamanha dificuldade parecer fácil de se fazer. E realmente, a dupla Tom Hulce e F. Murray Abraham é o elemento mais clamoroso do filme. É o que reforça o intenso lirismo da obra. Sem falar nas cenas em que Salieri aparece se confessando e contando a estória ao mesmo tempo. São brilhantes. Oscar mais que merecido. Outro fato que merece ser mencionado são as cenas em que Salieri aprecia a "divindade" da música de Mozart. Sumariamente belas.
Os fatores técnicos também são exuberantes. A excelente produção. Cenário, figurinos, som. Todos de grande qualidade. O roteiro de Peter Shaffer, na adaptação de sua própria peça teatral, é de eximia qualidade, com tiradas e cenas de altíssimo nível e que exploram ao máximo o talento de seus atores, principalmente a dupla Hulce/Abraham. E a genial direção de Milos Formam, consolidando-o como um dos maiores diretores do cinema mundial.No conjunto, o filme é insólito, com todas as partes cumprindo os seus papéis com qualidade.
E por último e melhor, a cena "final", quando Salieri ajuda Mozart a compor "Confutatis", é espetacular, magnífica, monstruosa, gigante e milhões de outros adjetivos exaltando a perfeição desta cena. É uma das mais belas do cinema mundial, e a que mais resume o filme. Simplesmente portentoso. Simplesmente Amadeus.
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