Pelo menos uma vez, o amor em sua forma real...
O titulo do filme em português é perfeito para sua proposta do filme. Sem demagogias, o longa "Apenas Uma Vez" do estreante diretor e roteirista John Carney se distancia do amor-romantico inaugurado por Shakespere e copiado ao extremo pelos filmes de romance da atualidade. Mundos fantasiosos, pessoas unimensionais, hipocrisia é o que não faltou para muitas obras que tentaram retratar o romance e fazer o público se apaixonar com ele.
Criando um universo diferente, Apenas Uma Vez bebe de uma outra fonte, pois, trazendo influências de películas como "Antes do Amanhecer", o pequeno filme mostra uma relação de amor construída por pessoas reais do mundo contemporâneo. Vamos a elas: A moça é uma vendedora de flores, mãe de uma criança pequenina, casada, porém distante do marido, vivendo com a mãe num outro país para tentar melhorar de vida. O Rapaz é um músico desiludido com um amor do passado, conserta eletrodomésticos numa loja em que trabalha com o pai e que tenta conseguir alguns trocados tocando músicas de amor nas ruas da Irlanda.
A falta de nomes para os personagens caiu como uma luva em “Apenas Uma Vez”. O longa mostra uma relação construída com sentimentos e dilemas plausíveis, aplicáveis a pessoas do mundo real e quando eu falo mundo, falo de todo ele, não apenas do "mundo de Alice" que tentam nos empurrar em certos filmes que retratam o amor. A escolha não poderia ter sido melhor.
O trabalho difícil para sustentar-se e pagar as contas, as desilusões, a tentativa de se desvencilhar do sentimento amoroso que demanda tanta responsabilidade , a perseverança para seguir o sonho e a desenvoltura dos personagens entre si conecta o público ao casal principal. Para melhorar ainda mais, os atores são inexperientes e retratam com uma beleza ingênua seus personagens, sem afetações ou maneirismos.
A câmera digital não é dos melhores recursos em “Apenas Uma Vez”, mas a escolha é claramente compreensível, visto o compromisso da obra em dar senso de realidade ao que acompanhamos na tela.
Sentimentos sublimados, inseguranças, paixões empregadas num filme singelo, com canções belíssimas, a principal delas vencedora do Oscar. Sem excesso de diálogos, “Apenas Uma Vez” consegue prender o espectador de forma apaixonante. Espero que essa experiência magnífica do Cinema não tenha sido única. Merecemos filmes como esses MAIS de uma vez.
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