Um filme para entrar na história no cinema nacional, é assim que definirei Tropa de Elite 2. A volta do Capitão Nascimento – agora tenente-coronel – não decepciona em momento nenhum mostrando que continuações podem ser superiores a obra original.
Ambientado nos dias atuais, porém com um extenso flashback logo no início mostrando porque Nascimento está na posição de sub-secretario de segurança na cidade do Rio de Janeiro, o filme mostra uma realidade chocante, que apesar de fictícia pode ser muito bem a de amanhã. Aliás, o Rio de Janeiro é usado como pano de fundo para a trama, porém a situação mostrada no filme pode ser associada a qualquer capital brasileira.
Explicado como o tenente-coronel foi parar dentro de um gabinete político, começa a odisséia do policial, agora tentando acabar com a “politicagem” envolvida no sistema – que segundo nascimento é um dos maiores vilões.
Em algumas características o filme me lembrou o clássico de Martin Scorcese, Touro Indomável, quando o personagem de Wagner Moura diz que conforme sua vida pessoal ia de mal a pior, ele despejava suas frustrações no trabalho, acabando com o sossego de muitos meliantes. No filme estrelado por De Niro, Jake LaMotta o boxeador protagonista destrói seus adversários tirando força das mazelas de sua vida pessoal que nunca foi das melhores. Ambos personagens de gênio muito forte e explosivo, tinham na violência seja ela usada no ringue ou para combater o crime, a sua principal “válvula de escape”.
Depois de anos de trabalho da secretaria, Nascimento descobre que a corrupção não está instaurada apenas em alguns setores da polícia militar, mas sim debaixo do próprio nariz, seus superiores direto como o secretário de segurança e o governador são partes importantes do esquema que beneficia todos de alguma maneira, seja financeiramente falando ou rendendo votos aos cabeças da organização, homens que ficam atrás de suas mesas nos gabinetes, evitando ao máximo de sujar a mão com sangue, mas contribuindo e dando total aval para que a milícia domine toda zona oeste carioca.
Ao final dos 116 minutos, a ficção da história parece se misturar na realidade de uma maneira muito mais incisiva, e o personagem realiza uma breve narrativa conclusiva sobre a situação do sistema mostrando a quem assistiu o filme que tudo está longe de mudar e o futuro é incerto, pois infelizmente o povo que sustenta os políticos que muitas vezes chefiam esquemas como apresentado no filme não faz nada para mudar a situação atual.
Ao sair da seção de cinema, achei que o filme também responde aos preconceituosos em relação aos chamados filmes de favela, que dizem odiar essa faceta do nosso pais pois mostra o que de pior temos. Neste caso, apesar de ser mostrada a violência intrínseca as favelas, é passado que a mesma é oriunda da total alienação política de todas as camadas sociais, porque o voto que elege políticos corruptos, é algo que todo cidadão brasileiro - independente da classe social - tem direito.
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário