Christopher Nolan é acima de tudo um cineasta autoral, que além de oferecer um grande espetáculo para os cinéfilos, consegue fazer o que ele mais gosta que seja a criação de um universo realista, em que envolve elementos, que por mais que sejam fantásticos, se tornam criveis para os nossos olhos. Quando ele se lançou na criação de Batman Begins em 2005, ele tinha em mãos um herói humano, sem poderes e com um passado trágico, no qual ele acabou se aproveitando desses ingredientes, para não somente fazer um filme de origem, como também um filme que faz uma critica as grandes metrópoles do mundo, em que o sistema se encontra quebrado e faz com que cada vez mais os cidadãos se afundem na miséria e corrupção. Batman: O Cavaleiro das Trevas vai além, pois não somente retrata justiça x criminalidade, como também o poder sem limites da maldade do ser humano, que não possui desejo por nenhum lucro, mas simplesmente ver o mundo pegar fogo e fazer com que as pessoas despertem seus lados mais sombrios e indesejados.
Com tudo isso, chegamos a Batman: O Cavaleiro das trevas ressurge que nada mais é do que a união de todos esses elementos vistos nos filmes anteriores, para a criação de uma metáfora de dimensões gritantes sobre o mundo “pós” 11 de setembro. Como nenhum outro, Nolan cria uma trama no primeiro ato sem pressa, gradual, pois cada personagem no decorrer do filme terá o seu papel essencial num conflito, em que testara os nervos e à conduta de seus personagens. Dos já conhecidos, novamente Gordon (Gary Oldman) retorna, para encarar uns fantasmas do passado, mas também a espaço para novos personagens, como o detetive John Blake (Joseph Gordon-Levitt), que terá papel crucial na trama, assim como a personagem Miranda Tate, que embora seja interpretada pela talentosa Marion Cotillard (Pina), seu desempenho soa às vezes forçado, principalmente em momentos cruciais em que se exigia mais da atriz.
Assim como no primeiro filme, a trama foca novamente não na figura de Batman, mas sim no homem por de traz da mascara, sendo que Christian Bale passa todas as dores físicas e emocionais de um homem preso em suas escolhas para um bem maior e sem poder desfrutar das felicidades que poderia adquirir. Apartir do momento em que conhece uma habilidosa ladra chamada Selina Kyle (Anne Hathaway, ótima), se cria então uma serie eventos que o fará vestir novamente o manto do morcego, mesmo no contra gosto de seu fiel mordomo Alfred, onde Michael Caine se sobressai em momentos dignos de indicação ao Oscar, onde ele consegue passar toda a dor e o desejo de ver o seu patrão livre e longe desse fardo de dor e sofrimento.
Após a apresentação de todos os piões, é feito o cheque mate no segundo ato, digno de filmes catástrofes, orquestrado pelo vilão Bane. Tom Hardy teve a missão ingrata de interpretar um personagem, que não era só mal visto pelos fãs das HQ, como também era justamente um vilão que substitui a memorável presença do Coringa de Ledger do filme anterior. Para a sua sorte, Nolan sabia do vespeiro que estava se enfiando, e graças a sua boa direção de atores, conseguiu extrair ao máximo, um desempenho positivo de Hardy, em que sua expressão dos olhos e seus trejeitos do corpo, fazem do personagem se sobressair, em momentos cruciais em que se exigiu muito do ator. Não é um vilão que deseja fazer uma reflexão, mas sim concluir o que a Liga das Sombras do passado começou, mas de uma forma dura, sem papas na língua e fazendo da cidade Gotham refém do medo. O embate do herói e do vilão é digno de aflição, em que vemos o herói ser massacrado, tanto fisicamente como psicologicamente e deixando a cidade a mercê dos horrores que vem a seguir. Nestes momentos, o compositor Hans Zimmer prova porque é um dos melhores artistas desse ramo atualmente, pois os momentos que exige emoção, ele cria uma trilha que se casa, tanto com a personalidade de cada um dos personagens, como também fazer da própria trilha parte da historia. A cena em que Bruce precisa sair a todo custo do buraco (não só literalmente como totalmente) é o momento que a trilha dispara em nossos ouvidos e nos faz agente desejar que ele se erga, num dos momentos que da vontade de gritar as mesmas palavras que os prisioneiros do buraco estão gritando (ressurja).
Embora o terceiro ato seja reservado para momentos alucinantes, é de se espantar como Nolan não se entrega facilmente a efeitos visuais mirabolantes, pois tudo que vemos ali até o fim é mais para um lado mecânico, comprovando sua obsessão pelo real dentro da ficção. Mas por mais que aja ação, são os personagens que fazem a trama se mover, principalmente em momentos cruciais onde todos serão testados perante uma situação avassaladora, que para o bem ou para o mal, estarão todos envolvidos e que cabem as ações de cada um, decidir o que for melhor para eles. É neste ponto que verdades e mentiras são postas em cheque, onde nem tudo que agente acreditava era de falto real, sendo que Nolan, desde os tempos de O Grande Truque, fazia muito bem, e dessa forma, nos brinda com situações que fazem agente pular da cadeira.
Embora os últimos minutos do ato final sejam um tanto que apressados, Nolan encerra de uma forma satisfatória, a sua visão pessoal de Batman para o cinema, principalmente no momento em que ele nos brinda (assim como no final de A Origem) com uma cena ambígua estrelada por Alfred. Ele esta tomando café em Paris, e por um momento, tem uma agradável visão, que embora muitos cinéfilos irão acreditar naquilo, por outro lado, não se pode ter certeza que o que ele viu seja real, ou apenas um desejo de um sonho que ele tinha e que pudesse se tornar realidade. Cabe cada um ter sua própria interpretação sobre o que aconteceu ali, e só por esse momento, é que Nolan faz a trilogia fechar com chave de ouro e encerrar uma era do Batman no cinema como nenhuma outra alcançou, que fará falta e que dificilmente uma nova versão futura irá superar essa facilmente.
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