Muitos críticos tem comparado a esse mais novo trabalho de Meirelles, com o filme Babel de Guillermo Arriaga, mas aqui não há questões políticas, muito menos uma historia que começa apartir de um tiro de espingarda, mas sim começa através de atos e conseqüências e da complicada vida de se conviver com elas. Adaptação da peça A Ronda, o roteiro de Peter Morgan (Frost/Nixon, A Rainha) bate na mesma tecla, que num mundo tão conectado em que vivemos, sempre haverá atos que irão gerar conseqüências em outras pessoas, como por exemplo, uma prostituta que pode (sem querer) destruir um casamento, que por sua vez ambos estão traindo um ao outro, que acaba afetando uma desiludida brasileira, em que ela a caminho do aeroporto, conhece um senhor em busca da filha desaparecida há anos, e que ao mesmo tempo, ela conhece também um ex presidiário com um passado nebuloso.Parece confuso? Isso é apenas um resumo de uma enorme teia de eventos, mas onde cada uma delas, pode ser vistas como pequenas historias, que embora conectadas, funcionam isoladamente!
Com tantos personagens pipocando na tela, nem todos acabam tendo o prestigio de ganhar um melhor aprofundamento em suas historias, como no caso do casal vivido por Jude Law e Rachel Weisz. Porém, a melhor sorte fica para o arco envolvendo Maria Flor, Anthony Hopkins e Ben Foster. Sendo que esse último possui o personagem melhor construído, graças ao seu ótimo desempenho, que é colaborado pela ótima fotografia de Adriano Goldman e do montador Daniel Rezende, que conseguem criar na telona todas as sensações e desconforto que o personagem passa na tela. A montagem de Rezende em questão é outro trunfo da produção, na qual torna as tramas ágeis, e cria um belo jogo de cenas, onde inúmeras imagens se sobre põem umas as outras e fazendo das historias bem mais compreensíveis. Não é a toa que desde Cidade de Deus, Rezende tem sido um dos montadores mais requisitados do mercado cinematográfico.
Embora não seja superior aos seus trabalhos anteriores (Ensaio sobre a cegueira é disparado o melhor de sua carreira), esse mais novo trabalho de Fernando Meirelles cumpre o que promete. Muito embora, a temática de inúmeros personagens conectados numa mesma teia de eventos, é algo que o diretor já usou e abusou o suficiente, ao ponto de começar a pensar a escolher novos horizontes, assim como alguns personagens vistos na trama.
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