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O desdobrar de Master of None não foi como eu esperava. Foi ainda melhor. “Parents”, segundo episódio da primeira temporada, cria um retrato muito breve de duas famílias: a de Dev e a de Brian, amigo asiático do personagem de Ansari.

Inicialmente, o episódio reflete a respeito da ideia de ser filho jovem no mundo de hoje. As rechaçadas de Dev e Paul aos convites feitos por seus pais demonstram que os valor dado ao tempo e a vontade de se investir nessa relação (de pai e filho) são bastante diferentes entre as duas gerações.

Mas “Parents” não para aí. Dev e Paul efetivamente reconhecem certo descaso de si próprios em relação aos pais, e resolvem reunir todos em um jantar, para conversar sobre a sensação de ser imigrante de primeira geração nos Estados Unidos.

A conversa aproxima pais e filhos e une, diante da congruência de certas experiências, as duas famílias asiáticas (indiana e taiwanesa). Naturalmente, ser um jovem taiwanês num país estrangeiro é muito diferente de ser um jovem indiano num país estrangeiro, dadas as especificidades de cada cultura. Porém, na mesa de jantar, ambas as famílias são capazes de realizarem certas aproximações que tornam possível a criação quase que imediata de um laço mais estreito.

O episódio trabalha com essas ideias através duma roupagem bem humorada, como foi no primeiro episódio, “Plan B”. Mas aqui, o humor existe junto de um puta tópico, que nem é exatamente o de “imigrantes na América”, como algumas pessoas comentaram, mas o de pais e filhos se relacionando num cenário urbano e cosmopolita, travando uma luta inconstante entre valores, ações e métodos.

Ao mostrar o pai de Dev agindo como Dev criança agia diante de um video game, o episódio sugere que o resultado dessa batalha é uma inevitável mescla dos dois modos de vida, o tradicional ou antigo, representado pelos pais, e o novo, representado pelos filhos. É um grande tema, articulado dum jeito bem decente e fiel ao que a série parece querer realizar.

Christina, ao falar para Dev a respeito da água à disposição em uma escrivaninha do seu escritório: “Não é para as pessoas simplesmente levarem com elas. Isso aqui não é Nova Orleans.”

8/10