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Notícias

Cobertura da Semana I

The Walking Dead – S01E15 – Try

À véspera de encerrar a quinta temporada, Walking Dead tem em “Try” seu ponto de ebulição, onde há a necessidade que Kirkman e por conseguinte os roteiristas de andar um degrau mais fundo na história de extremos, com Rick Grimes ficando cada vez mais longe do arquétipo de mantenedor e regulador da lei muito inspirada nos westerns e em figuras como Gary Cooper. E como sempre acontece nos seriados da AMC, simples figuras exibem um lado muito mais sombrio – como o caso de Walter White tornando-se o traficante Heiseberg em Breaking Bad ou quando descobrimos mais e mais sobre o publicitário Don Draper em Mad Men. Rick, ensandecido, não consegue “se civilizar” agora que novamente chegou em Alexandria. Assim como Sasha, sofre grande dificuldade de se adaptar a um ambiente protegido com uma sociedade renascendo – o que é curioso, ao mesmo tempo que notórios outsiders como Daryl mostram esperança de adaptação. Depois de duas temporadas “errôneas” após a destruição da prisão no início da quarta, Walking Dead assenta o pé em um terreno e em um microcosmo, após a verdadeira “maratona” de ação física e degradação psicológica, que arrancou seus personagens da sociedade e novamente os inseriu, claramente alterados para sempre.

- por Bernardo Brum

GIRLS S04E10 - Home Birth

Em razão de suas histórias acontecerem ao longo de muitos anos (no tempo real), as séries de tv sempre são obrigadas a pensarem numa relação que lhes é de extrema importância: a continuidade e a mudança. Girls não pode permanecer sempre a mesma série, incapaz de operar mudanças nas histórias de seus personagens principais, mas até quando amudança acontece a ponto de soar coesa? E mais: até que ponto o sucesso do programa influencia seus criadores (Lena Dunham, Jennifer Konner e Judd Apatow) a respeito de quais rumos tomar na história? Em termos profissionais, as garotas nunca deram um salto tão largo quanto neste episódio. Marnie, Shoshana e Jessa aparentemente encaminharam de uma forma ou de outra suas carreiras definitivamente; e Hannah já havia dado esse salto há alguns episódios, quando largou a escrita para dedicar-se à profissão de professora. Caso a série assuma essa salto na quinta temporada, tornando as ambições profissionais das garotas numa realidade bem resolvidas, conseguirá manter-se fiel às suas temáticas? Girls continuará conectando-se com uma audiência que, desde a primeira temporada, se reconhece dentro da história? No começo do ano que vem, saberemos em definitivo. Mas a impressão imediata é que os rumos orquestrados no final dessa quarta (e ótima) temporada podem ser questionáveis. Não por se tratarem de mudanças, mas pelo caráter deus ex-machina que fez essas mudanças ocorrerem. Girls corre o perigo de não mais ser uma série-espelho, onde espectador e personagens se confundem e se revelam. Lena Dunham e sua equipe de roteiristas conseguirão transformar, pela primeira vez, seus personagens em pessoas cativantes o suficiente para darem conta da história por conta própria?

- por Guilherme Bakunin

Better Call Saul – S01E08 – RICO

Após o final abrupto e angustiante do episódio anterior,  o prólogo desse mostra um flashback onde Jimmy consegue entrar em uma faculdade de advocacia – apenas para ter uma vaga recusada no escritório do irmão logo depois. A personalidade obstinada do protagonista enquanto ainda Jimmy McGill praticamente lhe rende um novo adversário por episódio. Mas nesta versão distorcida de Gilligan e Gould do esquema “monster of the week” o fio narrativo que prende, como os flashbacks e flashforwards dão a entender, é preparar terreno para a transformação de Jimmy, uma tragédia da pequenez, onde o protagonista se vê cada vez mais tendo que recorrer aos seus dias de trambiqueiro uma vez que o mundo da advocacia é comandado por grandes tubarões. A economia nos cortes, o uso da profundidade de campo e as grandezas de quadro, mais os inúmeros ganchos narrativos que permitem tingir todo o ambiente de sombras e poucos pontos de luz, focos seletivos e pontos de vista estranhos tornando o olhar que os dois showrunners fazem questão que a série tenha com uma inspiração expressionista singular na televisão, que mesmo já tendo deixado legado com influenciados e copiadores, mostra que a “fonte” ainda tem lenha para queimar.

- por Bernardo Brum

Comentários (4)

Raphael da Silveira Leite Miguel | segunda-feira, 30 de Março de 2015 - 23:44

Boa resenha sobre The Walking Dead, e já estou no aguardo sobre o último episódio da temporada, que deu o que falar (mesmo não suprindo todas minhas expectativas e ter ficado no quase, em tudo).

Gabriel Fagundes | terça-feira, 31 de Março de 2015 - 13:36

Raphael, discordo de você e acho que essa season-finale foi a melhor desde a da segunda temporada. Todos personagens são aprofundados e encerram seus respectivos arcos, a manutenção da história assim como do clima é enfim priorizado para assim compartilharmos do âmago de Rick e todas as figuras de linguagem e estratégias dos roteiristas e diretor do episódio para reproduzir o peso psicológico de estar vivo em um mundo morto-vivo são de extremo sucesso.

O final anti-climático é uma pérola, onde há uma devastadora inversão de valores nas duas cenas que se precedem.

Gabriel Fagundes | terça-feira, 31 de Março de 2015 - 13:39

Parabéns pelo trabalho Brum, estou extremamente contente com a novidade que é o canal de séries do site.

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