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As 10 séries de TV mais marcantes de 2017

O ano que passou trouxe grandes novidades para os amantes de séries. Entre conteúdos originais e aguardados comebacks, estes são os nossos 10 destaques entre as principais séries exibidas.  

Para ver a lista com os 10 melhores filmes do ano, clique aqui


The Handmaid’s Tale - 1ª Temporada 
Onde ver: Hulu

A adaptação produzida pelo canal Hulu atualizou para novos contextos o romance de Margaret Atwood, mas ainda continua fazendo pleno sentido. A época de intolerância e puritanismo à época que o romance foi publicado (1985) não parece ter mudado em nada em 2017, época em que foi produzida a adaptação para a série de TV sobre a teocracia de Gilead, onde mulheres férteis passam a ser propriedade de homens ricos com a missão de gerar novos filhos. A série aborda a ameaça dos líderes centralizadores que surgem em contextos conturbados e os perigos da interferência excessiva de interpretações fanáticas de livros sagrados. Mesmo criando certa barriga ao prolongar o conteúdo da mídia original, a violência e a opressão criadas em tela são alcançadas de maneira exemplar através do abuso de lentes objetivas para criar uma obra largamente baseada em ponto de vista, com atuação monstruosa de Elisabeth Moss. Uma das gratas surpresas do ano.


Stranger Things - 2ª Temporada
Onde ver: Netflix

Os irmãos Duffer ampliaram o universo de Hawkins, introduziram novos personagens e construíram novas relações entre os já conhecidos. Se a primeira temporada era Alien - O Oitavo Passageiro, sobre os esforços de sobreviver a um corpo estranho que invade o espaço planejado, a segunda temporada é Aliens - O Resgate, onde os personagem pouco a pouco aceitam que nada será como antes e ao invés do suspense lento nós temos tensão constante, com reviravoltas, embates e  mortes em frequência bem maior que antes. Há momentos questionáveis - o sétimo episódio é um ótimo aprofundamento da personagem Eleven, mas também trava o ritmo em geral. Outros personagens em potencial, como Max, demoram a justificar sua presença, mas no geral, temos momentos memoráveis, como a fuga do hospital, o embate final e o baile de formatura. A temática lovecraftiana ganha um amadurecimento natural aqui, e a ambiência oitentista em época de nostalgia pop jamais é gratuita, indo além da roupagem e também falando de questões e valores da época.


Desventuras em Série - 1ª Temporada
Onde ver: Netflix

A série de livros de Lemony Snicket já havia sido adaptada antes em um filme com Jim Carrey como o terrível Conde Olaf, mas não havia vingado na grande tela. Agora, Barry Sonnefeld, responsável por franquias cinematográficas como Família Addams e Homens de Preto, desenvolveu a bem-sucedida série da Netflix, onde o papel de Olaf é assumida com propriedade por Neil Patrick Harris, que encontrou o tom na medida certa entre o ameaçador e o patético para atormentar os irmãos Baudelaire. Apesar da certa artificialidade dos cenários gerados por computação causarem distanciamento na hora de criar um universo fantástico, o tom ao mesmo tempo lúdico e irônico da narrativa foi um acerto e tanto, onde até o autor Lemony Snicket vira um personagem interpretado por Patrick Walburton, quebrando a quarta parede para conversar com o espectador e confirmar o tom de bizarrice divertida. Mesmo com algumas artimanhas clichês de roteiro, cativou e divertiu o suficiente para garantir uma segunda temporada.


Better Call Saul - 3ª Temporada
Onde ver: Netflix

O spin-off de Breaking Bad nunca veio apenas para fazer fanservice: todos os personagens que foram introduzidos na série original tem dramas particulares aqui, seja o advogado Jimmy McGill, o velho criminoso Mike Ehrmauntraut e o “traficante corporativo” Gustavo Fring. Mas algumas das figuras mais marcantes da terceira temporada da série de Gilligan e Gould são os personagens originais Chuck, irmão mais velho de Jimmy e Kim, sua parceira de trabalho. A história do advogado maníaco que transforma seus fracassos contrasta com a história de mulher contemporânea de Kim, perdida entre a vida corporativa e paixões pessoais, uma das temáticas mais atuais da cultura pop hoje em dia. Perspectivas, iluminações e técnicas de montagem costuram de maneira esquisita porém funcional uma série que cruza referências de cinema clássico e novas tendências audiovisuais. No final das contas, poucos apontam novos caminhos para a televisão tão bem quanto Vince Gilligan.


Mindhunter - 1ª Temporada
Onde ver: Netflix

A série mais aterrorizante de 2017 é baseada largamente apenas em conversas. Inspirada em fatos reais, Mindhunter acompanha como os agentes do FBI Holden Ford e Bill Tench foram pioneiros em desenvolver a psicologia criminal. Com David Fincher (Zodíaco) dirigindo os dois primeiros e os dois últimos episódios, Mindhunter parece ter sido a fôrma pronta para Thomas Harris criar o psicólogo canibal Hannibal Lecter e heróis como Will Graham e Clarice Starling, com a narrativa se dando principalmente por conta dos diálogos. Pouco a pouco, conhecemos como funciona a mente de verdadeiros maníacos eternizados nos tablóides e acompanhamos como as teorias desenvolvidas pelos policiais e a psicóloga Wendy Carr ajudam na captura de novos criminosos.  Muitos desses momentos “de campo” são irregulares, com alguns dos casos estando entre alguns dos momentos mais marcantes da primeira temporada e outros bastante esquecíveis. Tanto no prólogo quanto no clímax, Fincher mostra dominar o fino do suspense. Padrinho de House of Cards, Fincher mostrou ter faro para projetos cultuados: Mindhunter já foi confirmada para a segunda temporada.  


Feud 
Onde ver: FX

Com suas séries antológicas, Ryan Murphy levou o melodrama refinado para a televisão: suas séries American Horror Story e American Crime Story podem até tratar primariamente de gêneros como terror, crime e tribunal, mas antes são grandes e intensos dramas de personagem tratados com composições elaboradas de câmera, personagens sintetizando arquétipos sociais e dramatização individual de grandes questões. É o caso de Feud, que traz Jessica Lange e Susan Sarandon como as rivais Joan Crawford e Bette Davis na filmagem do clássico O Que Terá Acontecido com Baby Jane? A cinematografia rica de significados de Feud torna cada plano um deleite, tornando-se por vezes pouco realista e até mais evocativa na hora de materializar os demônios e fantasmas de suas protagonistas. As inúmeras liberdades a favor da maior dramaticidade podem incomodar os mais apegados às recriações mais fidedignas, mas para o que não se incomodam, Feud é um deleite para os apaixonados por Hollywood, suas histórias e sua estética. Ou resumindo, para fãs da cultura do século vinte como Ryan Murphy.


Deuses Americanos - 1º Temporada
Onde ver: Amazon Prime

Bryan Fuller é um showrunner único na televisão. Mesmo com uma fama de azarão - vários projetos de destaque seus foram cancelados - sempre consegue chamar a atenção da crítica, tendo a mais bem-sucedida delas sendo Hannibal, adaptação dos livros de Thomas Harris. Sau última empreitada foi Deuses Americanos, adaptação do cultuado romance de Neil Gaiman. A história do ex-prisioneiro Shadow Moon e suas desventuras ao lado de antigas divindades e criaturas da mitologia antiga e o antagonismo por parte de figuras modernas como a Mídia, a Tecnologia e a Globalização deu origem a uma das séries mais evocativas de 2017 - fé, sexo, violência, belicismo, imigração e racismo estão entre os temas que a série aborda de maneira frontal e ousada, onde o pano de fundo fantástico dá origem a vários episódios-tese. A grande aposta do ano pode se estender além da conta em muitos momentos, mas seu realismo fantástico, cruzando o sobrenatural com nossas questões, mostra grande potencial reflexivo. Bryan Fuller abandonou o show durante a produção da segunda temporada, então resta esperar para ver a sina continua ou se uma potencial semente de um grande show irá florescer. 


Game of Thrones - 7ª Temporada
Onde ver: HBO

Após um sexto ano dinâmico, impactante e dramático, a sétima temporada de Game of Thrones foi sim um momento problemático da série: na posição de anteclímax, a preparação para o pico emocional dos oito anos de seriado de fato se apressou muito e se resvalou em muitas conveniências de roteiro, mas em um aspecto ainda soube se diferenciar da outra grande série em matéria de audiência de sua época, The Walking Dead: a série de Beinioff e Weiss nunca perdeu a imprevisibilidade ou o senso de urgência. Game of Thrones pode demorar para chegar e possuir muitas barrigas, além de furos na lógica, mas nunca perdeu a sensação de estar caminhando para alguma coisa, de estar contando uma história de desenvolvimento lento porém progressivo. Por isso, ainda que os dramas individuais dos personagens em grande parte tenham se simplificado bastante, batalhas como a de Jardim de Cima e a empreitada para além da Muralha estão entre algumas das sequências cinemáticas mais bem elaboradas do ano. Em 2017 Game of Thrones não carregou o mesmo brilhantismo nem de longe, mas nem por isso perdeu a majestade. 


Big Little Lies 
Onde ver: HBO


Terminamos o ano de 2017 com a notícia de que Big Little Lies, um dos mais interessantes lançamentos televisivos do ano passado, será um pouco maior do que deveria. Tendo sua segunda temporada anunciada, o projeto, originalmente uma minissérie adaptada do livro homônimo de Liane Moriarty, arrisca perder bastante do que o fez tão especial. Quando Jane Chapman (Shailene Woodley) se muda para uma nova cidade e se aproxima de outras duas mães da escola de seu filho (Reese Whiterspoon e Nicole Kidman), é a estranheza entre essas amigas, o quão pouco elas sabem uma sobre as outras e o quão dispostas elas estão a confiar uma nas outras apesar disso, que conduz o drama, o desenvolvimento dos personagens e o suspense da trama. David E. Kelley, o showrunner, e Jean Marc-Vallée, diretor, fazem um bom trabalho na criação desse universo suburbano, mas é o elenco, nunca menos que excepcional, que dá o tom de excelência para a série, com destaque para Whiterspoon e Kidman. Resta confiar que as atrizes, além da promessa de Andrea Arnold na direção, serão o bastante para justificar a continuação do que antes era uma minissérie perfeitamente amarrada. (por César Castanha)


Twin Peaks - O Retorno
Onde ver: Netflix

Twin Peaks é um fenômeno. A criação de David Lynch assumidamente influenciou boa parte da televisão atual e nem seu cancelamento impediu o legado da estética e narrativa inovadoras e abordagem madura. 25 anos depois, o diretor conclui a série mais radical do que nunca. Sem concessões, Lynch assusta, faz graça e até mesmo irrita em um caldeirão que leva as narrativas de gênero ao limite do experimental. Chocando diferentes narrativas, Lynch promove o “choque de mundos” tradicional de seus filmes: Kyle MacLachlan experimenta capacidades dramáticas inéditas tanto como Dougie Jones, cuja bondade em um mundo pervertido dá origem à gags bizarrísimas, quanto como o pólo negativo “Bad Cooper”, também estático e de poucas palavras, responsável por algumas das sequências mais viscerais. Cheio de participações especiais em papéis surpreendentes porém se recusando a praticamente qualquer “fanservice”, com momentos de tirar o fôlego - caso do delirante e libertador oitavo episódio, Twin Peaks - O Retorno não é apenas a série, mas o melhor produto audiovisual em qualquer mídia de 2017.

Para você, qual foi a melhor série do ano? Faltou alguma favorita na lista? Participe! 

Comentários (6)

Renato Abbt Keppe | sábado, 13 de Janeiro de 2018 - 13:26

Brum, gostei demais da iniciativa! Obrigado pelas dicas e pelas breves descrições.

Diego Marques Vieira | terça-feira, 16 de Janeiro de 2018 - 22:01

Boa a lista, só achei que faltou The Crown, melhor do ano na minha opinião.

Srta. Romanov | quarta-feira, 24 de Janeiro de 2018 - 23:50

The Handmaid’s Tale foi de longe A MELHOR de 2017. Mesmo não tendo visto Big Little Lies. (Estou criando coragem ainda.) Acrescentaria a 3ª temporada de Fargo. Mas no geral, é uma ótima lista.

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