Netflix e produtora de Spielberg chegam a acordo
A Amblin Partners, produtora de Steven Spielberg, um dos mais influentes diretores e produtores da história do cinema, firmou recentemente um acordo com a Netflix para produzir anualmente vários filmes em exclusivo para a plataforma de streaming.
Não se sabe ao certo os contornos desse negócio, mas a verdade é que acaba por ser uma surpresa se tivermos em conta o episódio que ocorreu entre o cineasta e a Netflix em 2018. Nessa altura, Spielberg pediu à Academia de Hollywood para mudar os regulamentos de forma a impedir que os filmes exclusivos das plataformas de streaming entrassem na corrida para os Óscares, competindo apenas para os prémios de televisão, os Emmys.
Esse pedido veio na sequência da grande vitória do longa-metragem Roma na 90ª Cerimónia dos Óscares, que conquistou a estatueta de Melhor Filme Estrangeiro, Melhor Realizador e Melhor Fotografia. Roma, do mexicano Alfonso Cuarón, foi uma produção da Netflix e não entrou no circuito tradicional, o que quer dizer que o grande público não teve oportunidade de ver a obra numa sala de cinema.
É claro que o pedido de Spielberg acabou não sendo atendido, e as produções da Netflix continuam fazendo muito sucesso na Academia: em 2021, a plataforma arrecadou sete Óscares dentre trinta e sete nomeações.
A posição do diretor parece então ter mudado em definitivo. Mais recentemente, ele também acabou vendendo os direitos de Os Sete de Chicago à Netflix, depois da Paramount se ver privada de o lançar nos cinemas devido ao contexto pandémico vivido durante o ano de 2020, que obrigou as salas de cinema fecharem por largos meses por todo o mundo.
O filme acabou sendo um dos grandes sucessos do ano, o que pode ter contribuído para se iniciarem as negociações e aquela que pode ser uma bela história de amor entre a mais famosa plataforma de streaming do mundo e o responsável por nos trazer obras-primas como A Lista de Schindler, O Resgate do Soldado Ryan, E.T. – O Extraterrestre, The Post: A Guerra Secreta, Jogador Nº 1, Os Caçadores da Arca Perdida, Contatos Imediatos do Terceiro Grau, entre outros.
Fica ainda a nota que este acordo entre Netflix e a Amblin Partners não irá mudar em nada o negócio atual que a produtora tem com os estúdios da Universal para produzir títulos de elevado orçamento distribuídos nos cinemas. O que quer dizer que em um futuro próximo os espectadores podem esperar ver frequentemente o logo da Amblin Partners nos créditos dos filmes – principalmente se forem subscritores da Netflix.
Netflix quer fazer frente ao cinema tradicional
A plataforma de streaming continua apostando todas as fichas (o verdadeiro all-in) em fazer concorrência a sério à indústria cinematográfica. E esse negócio vem confirmar isso mesmo. Para além disso, essa aposta em produzir longas-metragens originais é uma maneira de acrescentar valor ao serviço disponibilizado, que vê a concorrência ficar apertada com a crescente popularidade de serviços como a Disney+, Amazon Prime Video, Apple TV+ e HBO Max.
Somente em 2020, a Netflix perdeu cerca de 30% da sua quota de mercado nos Estados Unidos da América, que se situa agora nos 20%. É claro que isso não é suficiente para abalar a empresa, principalmente considerando que a grande maioria da sua receita é gerada nos outros cerca de 190 países em que está presente.
O sucesso global dessa gigante do streaming em um tão curto espaço de tempo está presente na sua capacidade de produzir conteúdo específico para as diferentes regiões, estando atenta às preferências culturais dos seus assinantes e adaptando a comunicação para chegar da melhor maneira a todos os lados.
Essa estratégia de localização tem dado frutos e é talvez a sua grande arma em comparação com a concorrência. Mas com tantas empresas poderosas lutando no mesmo espaço, o futuro parece mesmo passar pelas produções originais de forma a tornarem os seus catálogos cada vez mais atraentes.
Pelo visto todos esses diretores que detonavam os serviços de streaming agora estão tendo que engolir o orgulho em busca de uma plataforma que os financie...
O velho Spielberg finalmente aderiu depois de criticar tanto os canais streaming, kkkkkkkkkkkkkk. É isso aí! Os velhos precisam se atualizar no mercado, hahahaha...