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Morre William Peter Blatty, criador de O Exorcista


Faleceu na última quinta-feira (12)  o escritor e roteirista William Peter Blatty, 89 anos, autor do clássico moderno O Exorcista, publicado em 1971, um notável best seller de leitura absorvente, repleto de uma profusão de informações, acontecimentos e emoções, e que transposto para as telas, viraria um marco do cinema de horror. Blatty ganhou o Globo de Ouro e o Oscar pelo roteiro, adaptando o próprio livro.

Ele já possuía experiência de mais de uma década com a literatura e o cinema. O primeiro livro fora lançado em 1959, e a estreia como roteirista veio com a comédia de Frank Tashlin O Homem do Dinner’s Club (1963), co-adaptando uma história sua em torno de um empregado que, para não perder o trabalho, tem de recuperar um cartão de crédito que emitiu para um gângster. Seria com um outro mestre do gênero que estabeleceu parceria mais profícua. Para Blake Edwards, trabalhou nos roteiros de Um Tiro no Escuro (1964), Papai, Você Foi um Herói? (1966),  Peter Gunn em Ação (1967) e o ambicioso Lili, Minha Adorável Espiã (1970), cujo fracasso imerecido prejudicou a carreira de vários dos envolvidos na produção. Blatty também foi responsável pelo roteiro de comédias de outros diretores: J. Lee Thompson (O Harém das Encrencas, 1965), Arthur Hiller (A Deliciosa Viuvinha, 1965) e Hy Averback (O Grande Roubo do Banco, 1969)

O sucesso mundial de O Exorcista redefiniu completamente a sua carreira. Para ter uma ideia, conta-se que no Brasil as vendas enormes da tradução em português permitiram que a editora com os lucros angariados pudesse viabilizar o lançamento da primeira edição do Dicionário Aurélio.

Blatty não participaria da continuação dirigida por John Boorman em 1977 e passaria a se dedicar quase que exclusivamente a literatura. Ainda assim, tentou a adaptação de seu livro seguinte, The Ninth Configuration, com ele próprio dirigindo, produzindo e escrevendo o roteiro. Lançado em 1980, o filme proporcionou um novo Globo de Ouro pelo roteiro ao seu autor, mas a falta de experiência na direção deve ter contribuído para o seu fracasso. Há outras remontagens do filme, mas sempre vamos especular o que poderia ter sido nas mãos de um cineasta de maior calibre. 

Seu romance seguinte, O Espírito do Mal, de 1983, era mais uma vez ambientado no universo de O Exorcista, aproveitando alguns dos mesmos personagens. A inevitável adaptação cinematográfica surgiria sete anos depois, novamente com Blatty como diretor, dessa vez com o estúdio remontando o filme à sua revelia e impondo o título de O Exorcista III. O que fez com que sofresse na comparação com o clássico original, com o tempo ganhando um pequeno culto por parte de um círculo de admiradores. Em 2016 é lançada a versão director’s cut.

William Peter Blatty continuaria se dedicando a literatura. Deixou a autobiografia “I’ll tell them remember you” e o livro de memórias “William Peter Blatty's own story of the Exorcist”. Segundo sua esposa, Julie, em declaração à agência de notícias Associated Press, o escritor sofria de mieloma múltiplo, um tipo de câncer no sangue, e estava internado em um hospital em Bethesda, Maryland (EUA).

Comentários (5)

●•● Yves Lacoste ●•● | terça-feira, 17 de Janeiro de 2017 - 05:25

Eu li a versão de 93 do Thomas Allen, que segundo ele foi baseado fielmente no diário do exorcista do caso em questão!

Marco Roberto de Oliveira | quinta-feira, 19 de Janeiro de 2017 - 01:08

Sem dúvida "O exorcista" foi um dos grandes livros de terror já feitos, o filme também é bastante polêmico. Uma grande perda. Abraços!

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