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Franco Zeffirelli falece aos 96 anos


Após longa doença, faleceu o cineasta Franco Zeffirelli, um dos últimos grandes nomes da Era de Ouro do cinema italiano. Nascido em 12 de fevereiro de 1923 em Florença, o diretor morreu dormindo na sua casa em Roma. Ele tinha noventa e seis anos.

Descendente de um dos irmãos de Leonardo da Vinci, Zeffirelli era um filho ilegítimo de dois amantes e, sem poder receber o nome nem do pai e nem da mãe, ela nomeou o filho "Zefiretti" em homenagem às "pequenas brisas" mencionadas na ópera Idomeneo de Mozart. Porém, um erro no cartório acabou transformando seu nome em Gian Franco Corsi Zeffirelli, ou apenas Franco Zeffirelli. Com a morte da mãe, foi criado por um grupo de inglesas expatriadas em Florença, as "Escorpiãs", que tinham o apelido pelo senso de humor ácido. Ele graduou na Academia de Belas Artes de Florença em 1941 e lutou na Segunda Guerra como um partisan, o grupo de resistência armada ao fascismo.

Zefirelli desviou das artes plásticas quando viu uma montagem de Henrique V no teatro. Começou no cinema trabalhando com Luchino Visconti em A Terra Treme como assistente de direção. Também trabalharia para Vittorio De Sica e Roberto Rossellini, fazendo seu próprio nome na década de 60 como diretor de teatro em Nova York e Londres. Em 1967, estreou no cinema com seu primeiro filme, A Megera Domada, com Elizabeth Taylor e Richard Burton, até hoje a versão cinematográfica mais famosa da peça de Shakespeare.

Porém, a consagração definitiva veio quando Zeffirelli dirigiu sua versão de Romeu e Julieta (1968), se tornando o maior sucesso de sua carreira, descobrindo os atores Leonard Whithing e Olivia Hussey, com 17 e 16 anos à época, respectivamente. O filme ganhou Oscar de Melhor Fotografia e Melhor Figurino, também tendo sido indicado a Melhor Direção e Melhor Filme, sendo a última adaptação de Shakespeare a receber tal indicação até a presente data.

Após tal triunfo, Zeffirelli recebeu reações mistas ao projeto Irmão Sol, Irmã Lua, sobre a vida de Francisco de Assis, mas novamente encontraria grande sucesso com Jesus de Nazaré, conhecidíssima versão da vida de Jesus Cristo com Robert Powell (Um Golpe à Italiana) como o Messias do Cristianismo. A minissérie é veiculada em países de maioria cristã até hoje em épocas religiosas comemorativas como a Páscoa e o Natal.

Após isso, sua carreira teria poucos destaques, entre eles O Campeão, drama de esportes com Jon Voight, uma versão de Hamlet estrelada por Mel Gibson e a semi-autobiografia Chá com Mussolini (1999). Seu último longa foi em 2002, a biografia Callas Forever, sobre a lenda da ópera Maria Callas.

Em 2004, foi honrado cavaleiro honorário pelo Reino Unido pelo seu trabalho. Sua vida pessoal foi cercada de polêmicas, como receber acusação de blasfêmia de grupos religiosos mas criticar o diretor Martin Scorsese e seu A Última Tentação de Cristo como um "ataque ao mundo cristão feito pela escória cultural judia de Los Angeles". Sendo um católico conservador, serviu por dois mandatos como senador pelo partido Forza Italia de Silvio Berlusconi. Apesar de ter admitido sua homossexualidade em 1996, apoiava as visões da Igreja Católica sobre homossexualidade e aborto, pelo qual pedia "pena capital" para quem o praticasse o segundo. O diretor Bruce Robinson e o ator Johnathon Schaech em ocasiões diferentes o acusaram de avanços sexuais inapropriados e assédio. O cineasta e a família negaram em declarações.

Zefirelli deixa os filhos Pippo e Luciano Zefirelli, adotados na idade adulta e ex-empregados do diretor.

Comentários (1)

Carlos Eduardo | domingo, 16 de Junho de 2019 - 20:14

Grande cineasta, filmou Shakespeare como poucos e O Campeão é um filmaço com uma das melhores interpretações de Voight e Faye Dunaway.

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