A Substância é uma obra-prima do terror feminista
A sensação pós-sessão de A Substância, que ganhou o prêmio de Melhor Roteiro em Cannes, foi de um soco no estômago em forma de filme. Saí do cinrma como se te fizesse presenciado um grito de raiva descontrolado após ser reprimido por muito tempo. Ainda assim, a obra é muito bem calculada. Isso porque produção tem muitas metáforas visuais, poucos personagens muito bem desenvolvidos e atuações primorosas e viscerais de Margaret Qualley e Demi Moore. Este filme pega todo o grotesco do horror corporal que sempre colaborou com a objetificação das mulheres e mostra que quanto o desprezo também existe nesse corpo, porque a mulher é aquilo tudo. A raiva, a briga interna fomentada pelos outros aparece do filme de uma maneira que é impossível ficar imune.
O fiilme mexeu com várias mulheres, daquelas que nunca se importaram com procedimentos estéticos, àquelas que já sabiam que a sociedade não cobra uma mulher bonita, mas sim perfeita. Até se isso custar o sangue dela. Afinal, para o diretor da emissora, papel de Dennis Quaid, não importa se a atriz ganhou Oscar. Mas sim, se ela é uma figura jovem e atraente. O curioso é que a diretora Coralie Farjeaut usa grandes angulares para provocar um desprezo e um nojo por esse personagem que causa muito mais espanto do que a beleza madura de Demi Moore. no entanto, o peso das cobranças estéticas ao feminino é crescente. A mulher não pira e quer ficar desse jeito de uma hora para a outra. Isso acontece porque até a competência profissional dela é colocada em cheque se ela não corresponder a esses padrões. Ademais, a mulher mais nova não é uma réplica da mais velha. Essas personalidades entram em conflito e, portanto, a noção de equilíbrio está no cerne da narrativa. Outro ponto que merece destaque é a direção de arte capaz de evidenciar toda a solidão da protagonista.
Tudo isso culmina em um final que parece pueril, do tipo: espera aí, já está bem expressivo, de bom tamanho e agora vocês vão brincar? Mas NÃO. Exatamente por ser Coralie. Nestes últimos 20 minutos, temos a sutileza do que o óbvio nos diz por meio de ums catarse carregada de simbologias.
Comentários (0)
Faça login para comentar.
Responder Comentário