Caminhos Perigosos representa a fase inicial de diversos ciclos na carreira de Martin Scorsese. Trata-se de um dos seus primeiros longas em Hollywood e também o ponto de partida para a lendária parceria com Robert De Niro.
O filme começa com uma narração de Charlie, protagonista vivido por Harvey Keitel, e já no primeiro ato somos familiarizados com seus anseios. A busca pela aceitação de seu tio, a insegurança pela inexperiência e a forte amizade com Johnny, um jovem revoltado e inconsequente vivido por De Niro.
A busca por aprovação do protagonista de Keitel (objetivo que na época talvez também interessasse ao diretor) está presente no filme em diversos momentos, interferindo constantemente em seus relacionamentos. Charlie nutre sentimentos por Teresa, sua vizinha e também prima de Johnny, mas é relutante pois foi aconselhado que a relação poderia comprometer os negócios. Em diversos momentos esse aspecto é elevado até mesmo ao religioso. De doutrina católica, Scorsese manifesta que a anuência maior é a divina.
O companheirismo entre Charlie e Johnny dita o rumo que o longa tomará, é o ponto fraco de nosso protagonista, o que tem poder de leva-lo até as últimas consequências. Amizade essa que apesar contexto sujo, violento e desonesto, tem traços de inocência. Cenas como a em que os personagens principais brincam de escudo com uma tampa de lixeira voltando pra casa transmitem purismo. Jamais duvidamos da genuinidade do afeto que os envolve.
Inexperiência, que muitas vezes é uma questão para o protagonista, também é vista na forma como Martin dirige. Chama atenção pra si em diversos momentos, utilizando das trilhas, planos sequências e até uma agradável aparição no terceiro ato.
Fica a certeza de que essa é uma das obras definitivas e obrigatórias de Scorsese, visto que nela está presente diversos pontos que seriam melhor explorados e aprimorados no futuro. Não é exagero dizer que em 1973 o cinema do admirável diretor Nova-iorquino era um diamante esperando para ser lapidado.
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