Todo país, em sua cultura popular, possui certas lendas urbanas que vão sendo passadas de geração em geração e angariando status de verdadeira para algumas pessoas e por mais que outras não acreditem piamente nos fatos descritos nessas tais histórias, acabam por relata-las de todo jeito, as vezes para amedrontar crianças por exemplo ou até mesmo com motivos de deboche ou por diversão. Obviamente pelo fato de determinados contos serem muito antigos, alguns vão sendo alterados e perdendo sua premissa inicial, porem sem deixar de perder o charme, encanto ou o poder de assustar. Uma das lendas mais famosas do Brasil é a história da "Loira do Banheiro", bastante divulgada entre jovens estudantes, onde possui várias versões e traduções onde o enunciado inicial se baseia em um fantasma de uma jovem garota loira, de pele muito branca, onde pode ser vista em banheiros de escolas e sua condição atual foi pelo fato de ter se suicidado por um amor não correspondido ou em outros casos, ter sido assassinada por um estuprador... O "ET de Varginha" e "O Chupa-Cabras" são outras duas lendas muito famosas nas terras tupiniquins...
Evidentemente, os EUA possuem suas lendas urbanas e Gray Barker, em 1956, lançou um livro com várias teorias de conspiração norte americanas, das quais uma em especifica que mencionava Albert K. Bender, onde o mesmo afirmava ter descoberto o segredo por trás dos OVNI'S e extraterrestres, mas que não pode relatar os fatos para a mídia, pois tinha sido ameaçado por três homens trajando chapéus, óculos e ternos pretos a não contar nada para ninguém sob a alcunha de queria ser o melhor para ele. Nascia então o mito por trás dos "Homens de Preto", que se baseia ora em agentes governamentais ou não-governamentais que zelam pela segurança da população da Terra, protegendo segredos a cerca da história da humanidade ou certas atividades totalmente estranhas. As crônicas foram adquirindo status de 'cult' e sobreviveram aos anos, despertando a curiosidade e o interesse por parte da população mundial não só pela atenção dos misteriosos homens de terno preto em si, mas pelo fascínio que a vida fora do planeta sempre despertou nas pessoas...
O autor e escritor Lowee Cunningham enxergou acima da média, o potencial que essa história possuía e em 1990 lançou duas 'comic book's'; "Aline Nation" E "The Man in Black", ambas pelo selo da Malibu Comics e foi um sucesso imediato. As Hq's seguiam uma asserção similar aos quadrinhos das Tartarugas Ninja, onde havia muito sangue e violência o que logo conquistou fãs em todo os Estados Unidos, visto que aqui no Brasil elas não foram públicas. Cunningham utilizou a proposição inicial dos agentes de pretos, mas ao invés de colocarem eles como opressores da sociedade, eles realizavam um trabalho de politica e patrulhamento interplanetário, onde utilizam um rígido protocolo de controle e saída de alienígenas na Terra, além de lidar com a ameaça constante de aliens maléficos que desejam conquistar ou destruir o nosso planeta. A hq foi lançada initerruptamente até 1997, quando chamou a atenção de ninguém menos que Steven Spielberg, que dessa vez enxergou amplitude da estória, dessa vez para os cinemas e não deu outra, sucesso imediato!
É convocado então para escrever o roteiro, Ed Solomon e foi instaurada uma certa apreensão. Isso devido, pela instabilidade de seus textos. Solomon havia escrito o excelente "Bill & Ted" e o razoável "Mary e Darly", mas aí veio o abominável "Super Mario Bros." e sua credibilidade foi toda por agua abaixo. Foram sete anos no limbo até Solomon ser chamado para escrever o script de "Men in Black", e dessa vez a excepcionalidade foi executada e Solomon conseguiu atingir um espantoso equilíbrio entre ação, tensão e humor. Mas não é só isso que é exposto na tela, uma sutil, porem marcante crítica social é evidenciado na película; a imigração ilegal. O ambiente onde o filme se passa, é Nova York, cenário onde é considerado um caldeirão de etnias, onde recebe pessoas de todo o globo. Aqui, é marcado o clássico estereótipo do mexicano que migra para os EUA em busca de boa vida, contudo, sai o Mariachi bigodudo e entra os ET's. Tudo isso irrefutavelmente, é exteriorizado de forma bastante amena e comedidamente. E o que mais podemos consternar é que o tema permanece atual até os dias de hoje. Outro ponto bastante curioso do texto é em certa sequencia onde o Agente K explana que vários produtos utilizados na terra, como o CD por exemplo, foram de tecnologias alienígenas, fornecidos em troca de alianças, genial.
O tema de imigração já permeia a narrativa logo nos minutos iniciais, onde vemos um "coiote" atravessando a fronteira dos Estados Unidos carregando um bando de mexicanos num furgão, onde um deles sendo literalmente um alien. Posteriormente vemos uma deprimente condição do parceiro de K, que já está idoso e precisa se aposentar. E a aí acompanhamos um lado triste da empolgante, porem solitária vida de um agente da Men in Black, que não pode ter relacionamento com nenhuma outra pessoa fora da agencia. E é essa escolha que James Edwards precisa fazer e em um banco na Big Apple ele passa a se tornar apenas Agente J e talvez o único clichê que ocorra no filme, seja a aparição da dupla dinâmica, onde temos o agente veterano e durão e o agente novato rebelde, mas que possui extrema competência. K é sério, compenetrado e age sempre cumprindo as regras, já J não mede esforços para resolver a situação, eficiente, porem 'cabeça quente', mas essa combinação acaba funcionando intensamente bem.
A parte técnica do filme é um show a parte. Os efeitos visuais que para a época eram sensacionais, hoje podem ter envelhecido um pouco, mas continuam trazendo veracidade e realismo para as cenas, principalmente as de ação e podemos afirmar que a maquiagem nada mais é do que perfeita. Não a toa Rick Baker faturou a estatueta no Oscar de 1998. Basta ver por exemplo o vilão Edgar que é praticamente vestido por Vicent D'Onofrio, alias, todos os alienígenas recebem um trabalho irretocável. A trilha sonora do sempre notável Danny Elfman é outro ponto forte da película e a música tema gruda na cabeça como um hit popstar e o restante das composições funcionam formidavelmente de acordo com o que é proposto em tela, indicada ao Oscar. Conjuntamente a Direção de Arte indicada ao Oscar daquele ano, perdendo para o monstro "Titanic", aqui, trás autenticidade para todo o ambiente do longa. A edição frenética e ágil de Jim Miller, faz com que o filme fique com 98 minutos enxutos e muito bem distribuídos e o figurino de Mary E. Vogt é bastante criativo para a composição de vestuário dos alienígenas...
Mas a fantástica parte técnica não funcionaria sem a química magistral entre a improvável dupla principal e pensar que o papel de Agente J foi oferecido inicialmente para Chris O'Donnell, mas graças a Jeová, o papel ficou com Will Smith. Smith estava decolando sua carreira nos cinemas e via seu rosto sendo descoberto mundialmente por "Bad Boys" e "Independence Day", mas foi com "Men in Black" que alavancou de vez seu status de celebridade. Com um timming fantástico para comédia, graças a serie de sucesso "Um Maluco no Pedaço", Smith demonstra desenvoltura também nas cenas dramáticas, quando no pós clímax precisa "desneuralizar" seu parceiro. Tommy Lee Jones, ator conceituado na TV e teatro, só alcançou reconhecimento mundial nos cinemas por sua atuação em "O Fugitivo", acaba sendo a escolha perfeita para o papel de agente K. Sua carranca e expressão séria, arranca gargalhadas e mesmo com seu jeitão rabugento, torna-se um ótimo mentor e seus movimentos e pensamentos são friamente calculados.
Fechando o primoroso elenco coadjuvante, o sempre exótico Rip Torn está fantástico na pele do Chefe Zed e Tony Shalhoub faz uma eximia transposição de Jack Jeebs dos quadrinhos para as telas. A pequena participação de Siobhan Fallon como a esposa do fazendeiro é hilária e Vicent D'Onofrio personifica um vilão de causar arrepios. Na época do lançamento da fita, pensei que Linda Fiorentino seria mais feliz em sua carreira, mas infelizmente a atriz permaneceu no ostracismo. Linda faz jus a seu nome e transborda sensualidade no papel da Dra. Laurel Weaver e se vê obrigada a se envolver na história contra sua vontade. O sucesso do filme, reflete na sua bilheteria. Tendo custado algo em torno de US$ 90 Milhões, arrecadou mundialmente aproximadamente US$ 590 Milhões de mufunfa. Uma continuação era inevitável e mesmo que tenha ficado totalmente abaixo do esperado, o dinheiro arrecadado deu carta branca para um terceiro episódio que mesmo ficando aquém das expectativas deu um talvez final digno para a série. Barry Sonnenfeld entrega uma obra inteligente e divertida, que interage com o espectador sem ofender sua inteligência. Ao descer os créditos é dito que nenhum animal ou alienígena foi ferido... Ainda bem, Michael Jackson agradece e não é nenhum exagero afirmar que "MIB - Homens de Preto" entra para a história do cinema como clássico de sci-fi...
Uma das duplas mais bacanas do cinema. Pena que a continuação é terrível.
Esse é o caso de um filme que cresceu muito quando o revisitei. E não acho a continuação esse horror todo não Cristian...
É bem divertida, mas a parte técnica ficou bem ruim e K poderia ser melhor aproveitado, Conde. Mas esse aqui é sensacional!
O primeiro filme é ótimo, divertido e cativante, pelo tom caricato e meio espalhafatoso, porém, com o passar da trilogia, a história torna-se enfadonha.