Talvez ao lado de "Crash", "Dança com Lobos" seja o filme que venceu a categoria de Melhor Filme na premiação do Oscar, e que seja o mais execrado. Não que o filme seja ruim, mas ter vencido duas obras máximas da história do cinema "Os Bons Companheiros" e "O Poderoso Chefão - Parte III" foi demais para os amantes da 7ª Arte. Eu gostei de "Dança com Lobos", mas tempos depois comecei a renega-lo um pouco após ter assistido um outro filme, que serviu de base não só para o filme de Kevin Costner, mas também para outro sucesso estrondoso "Avatar". Esse filme é "Um Homem Chamado Cavalo" lá do já longínquo ano de 1970, uma fita que infelizmente se perdeu com o tempo e hoje se mostra desconhecida do grande público e crítica, fato é que eu nunca soube o porque os produtores do longa nunca processaram Costner. Talvez porque todos já tenham morrido ou algum outro fator desconhecido, mas no gênero Western, o longa se mostra acima da média e expoente para a história do cinema...
O filme conta a história de um aristocrata inglês chamado John Morgan que é capturado por tribo nativo americano, talvez a tribo mais agressiva da terra do tio Sam, os Sioux, que se expandia desde os Estados Unidos até o Canadá, e considerada como a quinta língua tribal mais conhecida desses dois países, ficando atrás somente dos Navajos, Cree, Inuit e Ojibwe. Depois de capturado, Morgan passa a ser tratado como um animal, entretanto, ele ao contrário dos outros homens brancos, passa a respeitar a cultura dos seus captores, assim como inicia um aprendizado sobre os seus costumes e aos poucos vai criando uma relação de respeito mutuo. Ele faz amizade com Batise, o bobo da tribo, que passa a auxiliá-lo a compreender a língua dos índio e prestes a receber o tão almejado status de "guerreiro" pela tribo o já então chamado "Cavalo" assassina dois membros de tribos rivais (os escalpelando) e passa pelo sangrento ritual 'Voto do Sol' para se tornar de vez um membro da família...
Alguma coisa aí soou familiar? É claro que sim! Tire um ou outro argumento e a premissa base é a mesma de "Dança com Lobos", até hoje não entendo como ninguém nunca notou isso antes. Costner se aproveitou de praticamente todas as ideias do filme, claro, romantizou bastante a história e deu ares mais dramáticos, mas a essência dos dois longas é a mesma. Esse exemplar aqui é mais direto, mais sangrento e obscuro, não possuiu tanta projeção ao longo do tempo, mas apresenta suas qualidades impares durante todo o decorrer da projeção. Elliot Silverstein possuí apenas quatro filmes em seu currículo. Responsável por apresentar Jane Fonda em seu primeiro filme no irregular "Dívida de Sangue", Silverstein sofreu do mal do plágio em outro filme, "O Carro - A Máquina do Diabo" que é emulado em muitas referencias também na história do mestre do terror Stephen King em "Christine - O Carro Assassino", mas isso já é outra história o fato é que 'A Man Called Horse' permanece injustiçado até hoje.
O sucesso de bilheteria em sua época de lançamento gerou mais outras duas continuações, essas sim totalmente descartáveis devido a má qualidade e o grande intervalo de lançamento que foram "O Retorno do Homem Chamado Cavalo" de 1976 dirigido agora por Irvin Kershner e "O Triunfo de Um Homem Chamado Cavalo" com treze anos de separação do original. O filme original possui roteiro de Jack DeWitte baseado em conto e argumento do livro de Dorothy M. Johnson. Logo de inicio, o diretor já joga várias cenas onde Morgan é torturado sem dó pelos índios, mas não era pra menos o tão julgado superior e dono da verdade homem branco estuprava, tomava terras e assassinava inescrupulosamente todas as tribos, obvio que eles iriam tratar Morgan da forma mais destrutiva e belicosa possível.
Entretanto, essa atitude dos nativos que poderia gerar revolta e repulsa por parte do protagonista, aos poucos ele enxerga que aquilo era uma espécie de mecanismo de defesa e progressivamente Morgan vai enxergando aquelas atitudes com outros olhos e afeição e o respeito mutuo gerado por ambas as partes é ponto máximo do filme, essa relação é o maior acerto por parte do roteiro de DeWitt. Desse afeto, Cavalo começa a criar grande simpatia pela índia Buffalo Cow e gradativamente o amor nasce entre os dois, tudo muito singelo e sem soar forçado. A fita é dirigida contidamente por Silverstein, sem nenhum quesito máximo, mas também sem grande deslize somente a trilha sonora possui um certo destaque com instrumentos peculiares dos índios que ficou muito agradável de se escutar. Sem nenhum rosto notório por parte do elenco que conta com Judtih Anderson, Dub Taylor e James Gammom o brilho fica mesmo a cargo do sempre competente "Albus Dumbledore", Richard Harris, que nos faz torcer por Cavalo Morgan a todo instante. Sua atuação é eficiente e convincente a todo momento.
Muito mais que um legitimo Faroeste, romance, drama ou aventura o filme é um registro histórico fielmente centrado na cultura da tribo indígena nativa dos EUA, os Sioux, tudo é mostrado de forma totalmente verossímil abordando todos os seus costumes, desde uma simples refeição na fogueira até o pungente ritual de inicialização na tribo. Outro quesito muito bem explorado na fita é o papel do melhor amigo de Morgan, Batisse, pois ele é o responsável pelo intercambio entre tribo e o homem branco capturado. Uma película simples, sem frescura, pra macho mesmo. Um protocolo que merece ser revisto, mesmo que essa atitude seja extremamente árdua. Faz jus ao termo Western e que consolida ao lado dos grandes do gênero, sem demagogia... Depois desse deu até vontade de andar a cavalo de novo...
Uma pena o comentário não ter sido recomendado, escrevi com tanto esmero 😢