Era estranho pra mim as vezes, ver que a maior empresa de desenhos do mundo não ter um Oscar de Melhor Animação em sua estante. Não que isso vá mudar alguma coisa nos bolsos dos produtores e manda-chuva da Disney, mas talvez isso mexesse com ego de todo mundo. E por incrível que pareça, a pessoa responsável pelo primeiro premio de Melhor Animação para os estúdios foi uma mulher! Não que eu tenha preconceito com isso, longe disso, mas Jennifer Lee deve ter se sentido a fodona ainda mais que ela escreveu o roteiro sozinha também. Eu tenho minhas dúvidas de todo o hyppie criado em cima de "Frozen", pra mim o filme é bom, mas não essa Coca-Cola toda que boa parte da crítica e público fala. A terceira animação da Disney Animation e a primeira parceria de animação com a Marvel após a aquisição da gigante dos quadrinhos, "Operação Big Hero" se mostra uma boa pedida para a família...
O filme tem início com uma apresentação do garoto Hiro Hamada, que logo de cara, já mostra o quanto é esperto e genial, mas um tanto quanto teimoso e estupido, coisa da idade. Aos poucos, somos apresentados aos outros personagens da história: Tadashi, irmão mais velho de Hiro, uma pessoa totalmente amável e bondosa e sabendo que seu irmão mais novo pode se meter em grandes encrencas acaba por convence-lo a se inscrever numa feira científica e apresentar uma criação sua: os micro robôs, pequenos mecanismos controlados por ondas mentais que podem se juntar e assumir qualquer forma. No entanto, um acidente na feira causa a morte de Tadashi e, pouco tempo depois, Hiro descobre que seus micro robôs estão sendo produzidos em larga escala por um misterioso mascarado chamado Yokai com objetivos criminosos. Assim, junta-se a seus novos amigos e cria uma equipe de super-heróis para derrotar o vilão.
O elo fraco da fita e que seria um fato positivo é seu ritmo acelerado e frenético. Pouco do desenvolvimento dos personagens é apresentado na tela, apenas breves citações e pronto! Todos somos amigos desde sempre e nos unimos pra salvar o dia! A relação familiar também é muito pouco explorada, sabemos apenas que os pais de Hiro e Tadashi morreram em um acidente nada mais e a tia que cria os garotos é bastante agitada sem necessidade. Esse trio familiar afetivo muita das vezes acaba caindo no piegas, claro a história nos ensina a superar perdas de pessoas queridas, mas essa questão seria melhor resolvida se não martelasse a cabeça do telespectador durante toda a trama. O vilão também não é um acerto, suas motivações não são muito claras e seus objetivos são pifeis ao ponto de a destruição que o mesmo provoque não faça muito sentido. E pra fechar, o Wasabi, herói das laminas tipo um Adamantium de plasma possui algumas tendências homossexuais e é totalmente irritante.
Agora o filme possui um personagem que o salva de toda a mediocridade possível e seu nome é Baymax. A criação de Tadashi, um robô que possui atendimento clinico para as pessoas para qualquer tipo de lesão da saúde é como diz ele em determinado momento 'irá salvar vidas'. Bem o desejo dele será realizado, não da forma como ele queria um pouco distorcida para dizer a verdade, ele é responsável pelos melhores momentos do longa. A amizade e a relação de Baymax com Hiro é bastante tocante e divertida, deixando o restante da equipe de heróis totalmente descartável. Um ponto muito criativo e que rende bons questionamentos é a natureza pacifica e apaziguante de Baymax contra o jeito inquieto e desvairado de Hiro. Aqui ao contrário de várias relações entre mestre e pupilo, um aprende com o outro até chegar em uma excelente harmonia e inclusive a transformação de Baymax em um super robô rende bons momentos cômicos.
A animação aqui é soberba, talvez a melhor em anos. Numa sequencia de perseguição, poças de agua no asfalto são tão bem definidas que sua realização é de arrepiar a espinha. Outra cena envolvendo o oceano deve ter dado um trabalho de Hércules, pois a água não podia ter sido mais bem feita. A cidade onde se realiza a película a tal da San Fransokyo, uma clara referencia as cidades de São Francisco e Tokyo mesclou muito bem as características ocidentais com a cultural oriental. As cenas de ação são também muito bem feitas e eficazes, determinando o ritmo ágil do filme e a criatividade da distribuição de diversos 'easter eggs' de várias outras produções da Disney e aqui contamos também com a já frequente cena pós credito das produções 'marvelescas'...
Nunca tinha tido contato e nem ouvido falar dos quadrinhos criados por Scott Lobdel e Gus Vasquez, que continha um grupo bem diferente do exibido na fita e contava com Solaris e Samurai de Prata, parece que ao longo dos anos a equipe mudou drasticamente e tendo traços da Disney ganhou visuais bem infantilizados, mas claro, sem deixar de respeitar o material original. O filme peca mesmo pela falta de profundidade do arco familiar e da equipe de heróis e o desenvolvimento do vilão é muito bobo, assim como o clímax final. De toda forma assim que for desenvolvimento um Baymax de verdade, eu quero um pra mim!!! Nem que eu tenha que vender um rim para isso!
Mas eu achei tão bem construída a relação com o irmão.. bem emocionante!