Ele já foi cowboy, policial, músico, piloto de aeronaves, soldado... No cinema, Clint Eastwood viveu as mais variadas facetas do imaginário masculino. Já conquistou os mais variadas prêmios e possui uma carreira com poucos deslizes mas com sucessos de sobra! Mas ainda faltava conquistar o espaço. Aos 70 anos qualquer um diria que o ator/diretor já havia passado da época de brincar de astronauta. Mal eles sabiam que ainda sobra gás para o Dirt Clint...
Um satélite de comunicações russo do tempo da guerra-fria, saiu da órbita e encaminha-se para a terra e as novas autoridades saídas do pós-comunismo soviético pedem ajuda a Nasa para resolver o problema. Mas como a tecnologia é tão antiga os técnicos não conseguem voltar a colocar em órbita o satélite e a única solução é chamar um dos criadores do Skylab, para resolver o problema e aqui iremos conhecer Frank Corvin (Clint Eastwood), um astronauta que não o chegou a ser, sendo substituído por um macaco como ele gosta de frisar, pelo responsável do programa norte-americano Bob Gerson (James Crommell), de quem Corvin não guarda grandes saudades. Após diversas discussões entre os dois homens, para resolver o problema, descobrem que a solução é enviar no Space Shuttle a antiga equipa de Corvin e assim este prepara-se para recrutar os seus antigos camaradas da Nasa de 1958: Hawk Hawkins (Tommy Lee Jones), Tank Sullivan (James Garner) e Jerry O’Neil (Donald Sutherland) e assim entramos em sequências repletas de humor e saber da película, ao descobrirmos o que fazem aqueles homens na vida, passados tantos anos...
Caubóis do Espaço é um filme sobre a obsolescência: tanto o sistema de computação, quanto o satélite, quanto o próprio Frank Corvin são considerados pela cultura oficial como figuras do desperdício ou do desuso. Se para os outros, os velhos são sempre a figura da inutilidade social e da falta de vida útil, para eles sua vida como não poderia deixar de ser, é bastante importante. Eles não se impedem de fazer nada por causa da idade: quando a Nasa descobre que só pode recorrer a Corvin e vai à casa dele, ele está prestes a fazer amor caloroso com sua esposa na garagem, haha!
As cenas na casa de Corvin são de uma mestria impressionante. A "palheta" Eastwood-Jack Green, sempre criativa aqui se permite inundar a escuridão da casa de Corvin com a luz natural. Única cena em que realmente a fotografia desempenha um papel psicológico preponderante no filme (o resto do filme, montado em estúdio, não repetirá efeitos tão marcantes). Dividindo a ação dramática em três fases bastante distintas, a dupla de roteiristas acerta em cheio da mistura sutil de drama e comédia, sem forçar a barra para nenhum dos dois lados. Cinéfilos mais exigentes podem reclamar de pequenos furos de roteiro (a ausência de uma investigação, por exemplo, para descobrir como o software americano foi utilizado pelos adversários políticos), e até mesmo dos desdobramentos mais trágicos que ocorrem perto do final, mas o desenvolvimento da história é firme e dá conta com tranqüilidade de todas as pequenas subtramas que surgem pelo caminho.
De modo geral, a computação gráfica aparece de maneira discreta, abrindo espaço generoso para que os atores possam fazer sua parte. O elenco, aliás, vale um elogio extra – é enorme e muito qualificado, contando com veteranos do naipe de Tommy Lee Jones, Donald Sutherland, James Garner, James Crowell e Marcia Gay Harden, todos muito eficientes. Não chega a ser um dos melhores longas de Eastwood, mas está à altura de épicos espaciais como o ótimo “Os Eleitos” e o bom “Apollo 13”.
Esses quatro homens, eles não são de forma alguma astronautas. O título é certeiro. Eles são caubóis, velhos caubóis. Eles não têm a metódica operacionalidade de 'bom aluno' dos jovens inteligentes e bem formados da Nasa. Mas não nos enganemos. Caubóis do Espaço é, no fundo uma preparação para a morte. Eles têm uma chance, quarenta anos depois, para realizar o sonho da vida e aprender a morrer. Talvez o filme seja um retrato bem pessoal de Eastwood. Pessoal até demais, mas não deixa de ser um filme bonito e bem realizado...
A briga de velhinhos entre Eastwood e Lee Jones é sensacional. Parabéns, Lucas.
KKKKKKKKKK
Verdade Cristian, obrigado mais uma vez...