Premiado com o Oscar de Melhor Roteiro e Melhor Trilha Sonora, "O Expresso da Meia-Noite é baseado em uma história verídica ocorrida em 1970. O filme abre com a situação chave em que William Billy Hayes tenta pegar um voo partindo de Istambul, na Turquia, carregando uma grande quantidade de haxixe preso em seu corpo. Pego em flagrante no momento do embarque, Hayes foi coagido pela polícia a dar os nomes dos fornecedores de drogas, já que a polícia supostamente lhe ofereceria a possibilidade de voltar aos EUA. No momento em que é levado para o reconhecimento do fornecedor de drogas, Hayes tenta fugir, mas é pego e enviado para uma prisão de condições sub-humanas sob acusação de porte de drogas. Prisão esta que mais parece um esgoto...
O tema musical do filme se tornou um dos mais conhecidos do cinema, e é incrível como ele consegue transmitir por completo a experiência de se assistir ao filme. Uma jornada ao inferno, em que as oscilações na trajetória do personagem estão presentes durante toda a projeção. Uma nota sobre o fantástico protagonista do filme, o ator Brad Davis. Davis, homossexual assumido, nunca mais conseguiu um papel à altura de seu talento, principalmente por causa desta sua condição, que nos anos 80 era muito mais discriminada do que hoje. Na época merecia pelo menos uma indicação ao Oscar de Melhor Ator, mas acabou conseguindo apenas uma nomeação ao Golden Globe. O próprio filme tem cenas com tons de homossexualismo entre Davis e um outro prisioneiro, o que na época também causou muita polêmica. Porém, considero estas cenas como uma maneira de mostrar o quão frágeis são as escolhas do ser humano, quando colocado sob pressão ou condições que ele próprio não aceita ou compreende. Davis faleceu em 1991, aos 41 anos, vítima de complicações devido ao vírus da AIDS. História triste deste camarada...
Todos estão bem no papel, a exceção é Irene Miracle, péssima como Susan namorada de Hayes que pouco tem a fazer a não ser mostrar seus peitos na prisão e levar o dinheiro necessário para ele usar ao escapar de lá. Brad Davis está soberbo como já citei. Contudo, é John Hurt, como o drogado Max que rouba a cena. Retrato da degradação da prisão, o sistema carcerário e as drogas lhe roubaram até mesmo a esperança de um dia deixar aquele lugar, tornando-o decrépito, estático e derrotado.
A direção de Alan Parker (Mississípi em Chamas, Coração Satânico, Fama, Evita) indicada ao Oscar é crua sem ser apelativa: Parker filma a prisão como um limbo, o sanatório como um inferno em que os prisioneiros são almas penadas caminhando para lá e para cá completamente surtados e falando coisas sem nexo, onde os guardas são verdadeiros demônios munidos de estacas para darem pauladas nos detentos. O roteiro é de Oliver Stone, adaptado de um livro autobiográfico de Hayes, premiado com seu primeiro Oscar antes de ganhar como diretor de Platoon e Nascido em 4 de julho. A trilha sonora é datada, cheia de sintetizadores, mas funcional, e tanto a direção de arte quanto a fotografia são eficientes em criar o ambiente poluído, claustrofóbico e imundo da prisão.
O filme possui alguns deslizes pode até ser contradição minha, mas o roteiro peca por alguns clichês e até mesmo o surreal final entretanto não perde seu charme. A fita ainda foi indicada no festival de Cannes na categoria de melhor diretor para Parker, no BAFTA o "Oscar" britânico Brad Davis foi indicado a melhor e na categoria de Revelação e o filme ganhou nas categorias de Melhor Diretor – Alan Parker, Melhor Edição, Melhor Ator Coadjuvante – John Hurt. No Globo de Ouro foi indicado para Melhor Diretor – Alan Parker e Melhor Ator, Brad Davis e venceu em Melhor Filme de Drama, Melhor Ator Coadjuvante – John Hurt, Melhor Ator Estreante – Brad Davis, Melhor Atriz Estreante – Irene Miracle, Melhor Roteiro e Melhor Canção. Ou seja o filme marcou uma época e mesmo que não seja tão lembrado hoje em dia permanece como excelente drama...
Ow man, tava pra escrever uma crítica desse filme. Alan Parker em sua melhor forma.
Parker nos anos 80 tinha pra ninguém...
Véi, The Wall...THE WALL!!!
Rsrsrsrs... Pink Floyd + Parker = Fucking amazing!