É dito como o primeiro shockumentary, documentários muitas vezes de mal-gosto, com exposição de cenas fortes com o intuito de chocar quem assiste, abordando temas como culturas exóticas
de outros continentes, maus-tratos a animais, entre outros . Assim como no primogênito do sub-gênero, não é possível saber o quanto do que foi mostrado é realmente real ou o quanto é forjado, apesar de que logo após a primeira sequência, há a típica exibição de documentários ao afirmar que "Todas as
cenas que você assistirá neste filme são fatos".
Em um tom irônico, Mundo Cão faz alusão há hábitos da cultura ocidental ao exibir os estranhos costumes de outras tribos, como por exemplo, quando mostra a "casa da morte", em Cingapura, onde doentes terminais esperam pelo fim, e em seguida exibindo a "casa da morte" de automóveis, uma sucata americana na Califórnia.
O mesmo vale para a cena de um velório de cachorros, nos Estados Unidos, onde as donas, senhoras de idade tristes pela perda de seu bom companheiro, é seguida por um anúncio de "Famous dish roast dogmet"(algo como "famoso prato de carne de cachorro assada) em um restaurante de Taipei, nas Ilhas Formosas. E é assim que Mundo Cão faz para ligar difentes temas retratados, partindo de algo comum ou ainda exótico em nossa própria cultura ocidental, até chegar em um tom irônico ou humorístico ao ponto em que convêm em um documentário.
Pode-se dizer que não é um filme para estômagos fracos. Tribos de Nova Guiné fazendo o abatimento de dezenas de porcos sendo seguida pelos mesmo comendo a carne praticamente crua dos animais.
Para quem não gosta de ver sangue, a sexta-feira santa da Calábria, região italiana, não agradará com suas cenas de auto-mutilação. Decepamento de animais também marca presença com a celebração de
uma tribo de Cingapura, onde as cobaias são touros. E a própria carne de cachorro pode fazer os fãs de Marley & Eu sentirei pena, junto das tartarugas que perdem seu senso de direção por causa da radiação.
Indicado a Palma de Ouro, mas perdendo para o nosso O Pagador de Promessas, não foi a única indicação a premiações recebida pelo filme. Também marcou presença no Oscar de 1963, apesar de não ter ganhado
em sua única indicação a Melhor Canção Original, por "More". O diretor Jacopetti, que havia viajado pela África, Europa, Ásia e América do Norte recolhendo material para o seu filme, mais tarde voltou ao sub-gênero criado, com Addio Africa (1966) e Addio Zio Tom (1971). Mondo Cane foi usado como base entre os consecutivos exemplares do sub-gênero e documentários falsos. Utiliza-se muito o "Mondo" no início dos títulos das produções de shockumentary, uma clara referência a Mundo Cão.
Mas a pergunta que fica perante aos shockumentaries: os esquetes teatralizados juntamente com os apelativos (morte de animais) afetam de alguma forma a qualidade do produto final? Teria Mundo Cão recebido tanto destaque se não fossem essas características que marcaram o surgimento de um novo sub-gênero?
Sou muito curioso por esse. Irei assistir no Cine-torrent.
Poxa, que texto...