“Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três; o maior destes, porém, é o amor.”1 Coríntios 13:13
Filme pouco lembrado atualmente, A Missão pode ser considerado um tratado de defesa aos indígenas. Demonstra as atrocidades cometidas pelos europeus quando da sua chegava e estabelecimento no Novo Mundo. Em determinado momento do filme, os portugueses - que desejam as terras do índios e a dissolução da Ordem dos Jesuítas, organização que se fortalecia cada vez mais e ameaçava o poder das coroas - o argumento utilizado é em relação a alma dos indígenas. Eles seriam “animais com voz humana”; seres, portanto, sem alma, e feitos para serem escravizados e vendidos como mercadoria. Tudo, sabe-se hoje, por interesses econômicos.
Os protagonistas, Jeremy Irons com Padre Gabriel, e Robert De Niro como Rodrigo Mendoza, relatam muito bem o contraste entre os caminhos a ser seguidos. Em um, o amor acima de tudo, enquanto o segundo acredita na ação. Uma das melhores partes do filme, porém, é a caminhada de redenção de Mendoza, propiciada pelo padre. As sequencias em que, mostrando-se o caminho até se chegar a redução indígena, ele carrega o seu pesado “fardo”, até o final dessa penitência, quando a corda é cortada por um índio (que ele ajudava a capturar e escravizar há tempos atrás) é sensacional.
As cenas finais, com a invasão da missão de São Miguel, a mais próspera e monumental da época, concomitantemente as crianças indígenas com cantos líricos religiosos, e depois, a reação dos europeus quando da chegada a missão do padre Gabriel, sabendo que teriam destruir tudo aquilo, também são épicas. A trilha sonora, orquestrada pelo mestre Ennio Morricone também ajuda e aumenta o teor dramático dessas cenas derradeiras do longa.
Há, porém, certas falhas na projeção, principalmente na sua parte inicial, que se torna arrastada demais, e algumas falhas de continuação também. O filme pode ser considerado bom, mas faz-se compreender o porque de seu esquecimento, com o passar do tempo. Tem bons atores, mas o desenvolvimento é um pouco travado, e comprometem a película.
Vale, então, a reflexão com relação a dizimação dos índios por parte dos europeus, e as conexões que podemos fazer com os conflitos atuais, que ainda hoje persistem em nosso país.
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