No ritual de mudança de canais em uma tediosa sexta-feira dessas da vida, fiquei paralisado diante a cena de uma senhora colocando um disco de vinil em sua vitrola. Um instinto primitivo me dizia que algo bom poderia vir daquilo. Então, ao invés de The Carpenters, riffs cortantes de guitarra invadiram o ambiente, fazendo com que a mulher se desesperasse para desligar aquilo. Era KISS, a música do demônio!
Na década de 70, nos Estados Unidos, havia dois estilos musicais antagônicos: o rock n’ roll e a disco music. Um dos maiores representantes da música pesada era o Kiss, arrastando multidões de jovens para seus shows, vendendo milhares de discos e aterrorizando as instituições de pais e mestres. Nesse cenário, os adolescentes Hawk, Trip, Jam e Lex integram o Mystery, uma banda cover do Kiss. Todos estavam preparados para irem ao show de seus ídolos em Detroit, até que a mãe de Lex (a senhora do início do filme), encontra e queima os ingressos. Mas eles farão de tudo para não perder o evento de suas vidas. Roubar, trapacear, mentir, brigar e acima de tudo correr a toda velocidade para Detroit, a Cidade de Rock.
Em resumo, o filme é excelente. Claro que o fato de ser fã não apenas do Kiss mas do rock n’ roll como um todo, influenciou na minha avaliação. Mas, Detroit Rock City funciona muito bem como comédia. Uma grande aventura sobre quebrar regras, pegar a estrada sem medo de nenhuma consequência e arriscar tudo como apenas um adolescente cheio de álcool na cabeça e rock pesado nos ouvidos pode fazer. A música está sempre presente e não é apenas Kiss, mas um apanhado geral de tudo o que foi produzido de melhor naquela década: Ted Nugent, Van Halen, Sweet, The Runnaways, Black Sabbath, Blue Oyster Cult e muito mais. Com uma trilha sonora desse nível, curtir as desventuras do grupo enfrentando uma dupla de fãs de disco music na estrada, fugindo do bedel da escola, drogando o padre do internato e vivendo o primeiro “amor” para, finalmente, chegarem ao Cobo Hall a tempo de verem a banda mais quente do mundo, é um prazer digno de várias reprises. Se você é fã do Kiss, vai sentir uma vontade incontrolável de ouvir novamente seus álbuns. Se não é, mesmo assim pode ser difícil tirar da cabeça Love Gun, God of Thunder, Christine e Rock N’ Roll All Night. A não ser que tenha a mente blindada, protegida por Luan Santana, Michel Teló ou Restart.
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